Proteínas de tardígrado em células humanas. Super-homem à vista?

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Um novo estudo, conduzido pela Universidade de Wyoming, nos EUA, fornece evidências de que as proteínas de tardígrados poderiam ser usadas para criar tratamentos que salvam vidas em casos em que a refrigeração não é possível — e dar aos humanos algumas das capacidades destes extremófilos.

Descobertos pela primeira vez em 1773, os tardígrados são um grupo diversificado de invertebrados microscópicos que são mais conhecidos pela sua capacidade de sobreviver a condições extremas.

Também conhecidos como ursos-d’água, estas criaturas podem viver até aos 60 anos e crescer até um tamanho máximo de 0,5 mm, sendo mais facilmente observados ao microscópio.

São virtualmente indestrutíveis, capazes de sobreviver até 30 anos sem água ou comida, alguns minutos a temperaturas tão baixas como 272ºC negativos ou tão altas como 150ºC, e, durante décadas, a temperaturas de 20ºC negativos.

Conseguem também resistir a níveis de radiação de até 5.000-6.200 Gy e a pressões de praticamente 0 atmosferas, no espaço, ou até 1.200 atmosferas, no fundo da Fossa das Marianas.

Estes extremófilos, assim chamados pelas extremas condições em que conseguem viver, serão provavelmente a única espécie terrestre a ver o sol morrer.

Em 2019, os cientistas descobriram o segredo da invencibilidade dos tardígrados: conseguem entrar num estado de animação suspensa chamado biostase, usando uma proteína chamada Dsup, que forma géis no interior das suas células e que desacelera os processos vitais.

Um novo estudo, conduzido agora pela Universidade de Wyoming, nos EUA, e publicado este mês na revista Protein Science, fornece evidências de que esta proteína poderia ser usada em células de outros organismos.

“Incrivelmente, quando introduzimos estas proteínas em outras células, elas gelificam e desaceleram o metabolismo, tal como nos tardígrados” explica a biofísica basca Silvia Sanchez-Martinez, investigadora da U.Wyoming e primeira autora do estudo, citada pelo Study Finds.

“Além disso, tal como nos tardígrados, quando colocamos células humanas com estas proteínas em biostase, elas tornam-se mais resistentes a pressões ambientais, conferindo às células humanas algumas das capacidades dos tardígrados”, acrescenta a investigadora.

Thomas Boothby, corresponding author do estudo, salienta por seu turno um aspeto importante: “o nosso estudo mostra que todo este processo é reversível. Quando os fatores de stress são aliviados, os géis de tardígrado dissolvem-se, e as células humanas retornam ao seu metabolismo normal”.

“As nossas descobertas fornecem assim uma via para a busca de tecnologias centradas na indução de biostase em células ou mesmo organismos inteiros para desacelerar o envelhecimento e melhorar a armazenagem e estabilidade de culturas celulares”, conclui o investigador.

Como é que a Marvel ou DC Comics ainda não se lembraram de nos apresentar o seu Tardiman, ou Homem Invencível, o poderoso super-herói que foi picado por um tardígrado algures num laboratório científico?

Armando Batista, ZAP //

2 Comments

  1. Talvez não fosse má ideia fazer uma revisão aos textos antes de serem publicados, para evitar os erros de português como o “melhor conhecidos” e “melhor observados”.

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