As rendas podem ser atualizadas anualmente com base na inflação, mas as associações de proprietários afirmam que há “bom senso”.
A inflação vivida no país poderá ditar aumentos de até 5% em 2023, mas as associações frisaram que grande parte dos proprietários não vai aumentar as rendas com base no coeficiente de atualização.
“A esmagadora maioria dos senhorios, em relação às rendas acima dos 500/600 euros, não lhes passa pela cabeça aumentar”, disse ao ECO António Frias Marques, presidente da Associação Nacional de Proprietários (ANP).
Segundo cálculos do jornal, a maior parte dos portugueses terá de enfrentar aumentos mensais de dez a 32,5 euros nas rendas em janeiro do próximo ano. António Frias Marques, sublinhando que “não há tiranos”, disse que “há associados que há dez anos que não mexem nas rendas” e que este ano não será diferente.
Já a diretora da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), Diana Ralha, indicou que “nenhum proprietário, no seu perfeito juízo, vai querer um aumento que o inquilino não vá poder pagar”. Os senhorios não vão querer perder quatro ou cinco meses em que o imóvel vai estar no mercado à procura de novos arrendatários, reforçou.
“O mercado tem sempre muito bom senso e os proprietários também. Não vai haver um descalabro no aumento das rendas”, acrescentou, indicando: “normalmente fazemos aumentos pré-definidos de renda, aconselhamos os proprietários a nunca utilizarem o coeficiente, porque a fórmula de cálculo é surreal”.
O Bloco de Esquerda (BE) vai propor um congelamento da atualização, utilizando para o cálculo do coeficiente a inflação de 2021 e não a de 2022. Em 2021, a inflação fixou-se em 1,3%, o que ditou um aumento máximo de 0,43% nas rendas em 2022.
Para a ANP, esta medida “não faz sentido nenhum”. “Querer obrigar os senhorios com arrendamentos antigos a praticar aumentos de 1% é um castigo”, declarou. Diana Ralha, por sua vez, afirmou que a proposta dos bloquistas “não merece qualquer comentário”.