Trump muda de prazo. Europa quer que o Irão ceda, mas “não pode ajudar”

Israel Ministry of Foreign Affairs

Donald Trump com Benjamin Netanyahu

“O Irão não quer falar com a Europa. Querem falar connosco. A Europa não poderá ajudar nesta questão”. Europeus pediram que Irão ceda no pré-requisito que envolve o fim dos ataques israelitas.

Afinal, Donald Trump poderá decidir antes do prazo de duas semanas se os Estados Unidos intervirão diretamente na guerra Irão e Israel.

Um dia depois de dizer que “tomarei a minha decisão sobre ir ou não para lá nas próximas duas semanas”, o presidente dos EUA esclareceu que este prazo era um “máximo”, e que poderá tomar a sua decisão antes.

O Irão esclareceu ontem que o fim dos ataques israelitas é pré-requisito para qualquer negociação, algo que Trump considera “muito difícil”.

“Quando alguém está a ganhar, é um pouco mais difícil do que quando alguém está a perder”, acrescentou.

O Governo iraniano disse ser “a favor da continuidade das discussões com o E3 [Alemanha, França e Reino Unido] e a União Europeia” e mostrou disponibilidade para retomar as negociações em volta do seu programa nuclear, mas só se Israel cessar todos os ataques, que já mataram mais de 800 pessoas no país, na primeira semana de ataques israelitas.

No entanto, Trump já pôs a Europa de lado nas eventuais negociações. Para Trump, os europeus seriam inúteis na resolução da guerra entre o Irão e Israel.

“O Irão não quer falar com a Europa. Querem falar connosco. A Europa não poderá ajudar nesta questão”, declarou o Presidente norte-americano.

Europeus reforçam que “Irão não pode ter arma nuclear”

Em Genebra, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, afirmou que o Irão foi instado a reatar negociações sem esperar pelo fim dos bombardeamentos israelitas.

Barrot defendeu que “não há solução” para o conflito entre o Irão e Israel “por meios militares”, e apelou a Teerão para “estar aberto ao diálogo” com os Estados Unidos, ao mesmo tempo que advertiu ser “ilusório e perigoso” impor uma mudança do regime iraniano a partir do exterior, algo que a própria Rússia já disse ser “inaceitável”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Johann Wadephul, considerou que o pré-requisito para que as negociações deem frutos é que o Irão renuncie a “qualquer enriquecimento de material que possa ser utilizado para fabricar armas nucleares”, sublinhou o ministro alemão.

Outra condição para o lado europeu, destacada por Wadephul, é que os Estados Unidos possam participar nas negociações e na solução para esta crise.

O chefe da diplomacia de Londres, David Lammy, sublinhou igualmente que os governantes europeus deixaram claro que “o Irão não pode ter uma arma nuclear”, numa fase que classificou como perigosa e que não deve dar lugar a um agravamento do conflito.

Do mesmo modo, a alta-representante da União Europeia para a Política Externa e Política de Segurança, Kaja Kallas, reiterou pelo seu lado que a escalada regional da violência não beneficia ninguém.

A Casa Branca indicou na quinta-feira que o Irão tem capacidade para criar uma bomba nuclear em 15 dias se o líder supremo, Ali Khamenei, der a ordem, mas o Presidente norte-americano ainda não tomou nenhuma decisão sobre a participação de Washington no conflito, ao lado de Israel.

Entretanto, o “USS Gerald Ford” vai zarpar para a Europa na próxima semana, anunciou hoje um oficial da Marinha norte-americana citado pela agência France Presse (AFP), e será o terceiro porta-aviões dos Estados Unidos destacado para o Médio Oriente.

ZAP // Lusa

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