A peça de roupa mais antiga do mundo é uma simples peça com decote em V que foi durante décadas ignorada como trapos. Foi feita para um funeral do Antigo Egito.
O Traje de Tarkhan é uma peça de vestuário tecida em linho foi feita para um funeral egípcio há 5.000 anos.
É o exemplo mais antigo conhecido de uma peça cortada, ajustada e feita por alfaiate.
Segundo os arqueólogos, a origem do vestido é a necrópole de Tarkhan, governador de Gizé, no Egito, e terá sido feito entre 3500 e 3100 a.C.. É por isso que se diz que é a peça de roupa tecida complexa mais antiga do mundo.
Como escreve a Live Science, o Traje de Tarkhan tem mais história do que parece.
Há mais de cinco milénios, um tecelão egípcio criou um vestido simples, feito à medida, em linho — provavelmente sem imaginar quanto tempo perduraria.
O vestido foi encontrado por Flinders Petrie em 1913, durante a escavação de uma mastaba — um túmulo egípcio grande, retangular e de topo plano — perto da cidade de Tarkhan, cerca de 60 quilómetros a sul do Cairo.
Petrie descobriu mais de 2.000 túmulos na necrópole de Tarkhan, muitos dos quais datam do final do período Protodinástico e do início do período Dinástico (c. 3100 a.C.), quando os faraós começaram a governar um Egito unificado.
Dentro da mastaba, Petrie encontrou aquilo a que chamou uma “grande pilha de tecido de linho”. Embora Petrie tenha levado o tecido para o Reino Unido, o Vestido de Tarkhan permaneceu numa pilha até 1977, quando conservadores do Victoria and Albert Museum, em Londres, perceberam o que era.
Com um modesto decote em V, o vestido foi feito a partir de três peças de linho tecidas à mão a partir de linho comum (Linum usitatissimum), segundo o Petrie Museum of Egyptian Archaeology da University College London (UCL), onde o Vestido de Tarkhan se encontra atualmente exposto.
As mangas e o corpete apresentam uma decoração com pregas tipo faca, feitas através de vincos estreitos e definidos no tecido.
A parte inferior da peça está em falta, pelo que não se sabe se era uma camisa, uma túnica ou um vestido.
“A sobrevivência de têxteis altamente perecíveis no registo arqueológico é algo excecional,” escreveu Alice Stevenson, actualmente professora de arqueologia museológica na UCL, num estudo de 2016, e “a sobrevivência de peças de vestuário completas, ou quase completas, ainda mais.”
Num estudo publicado em 2016, Alice Stevenson, professora de arqueologia museológica na UCL e Michael Dee, químico de isótopos na Universidade de Groningen, nos Países Baixos, confirmaram a antiguidade do Traje de Tarkhan, revelando que foi feito “no limiar da Primeira Dinastia”.