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Há um “desemprego oculto” na Rússia

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Vyacheslav Prokofyev / Sptunik / Kremlin / EPA

Vladimir Putin, presidente da Rússia

Taxa de desemprego em mínimo histórico mas empresas reduzem horários de trabalho e cortam discretamente o número de funcionários.

Olhando para a taxa de desemprego na Rússia, que está em mínimos históricos, parece uma boa notícia para a economia russa. Mas isso é apenas uma parte da história.

A Rússia está a enfrentar dois problemas no mercado de trabalho, que parecem contraditórios: um aumento do “desemprego oculto” e uma escassez de mão de obra a longo prazo.

O presidente Vladimir Putin reconheceu esta semana a tendência, salientando que há cada vez mais trabalhadores em “tempo de inatividade”, a trabalhar a tempo parcial ou em risco de despedimento, à medida que as empresas reduzem operações.

Dados oficiais mostram que o número de pessoas nestas condições duplicou desde o início de 2025, passando de 98 mil em janeiro para quase 200 mil no início de agosto.

Grandes empregadores como a Avtovaz — fabricante da marca automóvel mais vendida na Rússia — ponderam semanas de trabalho mais curtas após uma queda nas vendas. Reduções semelhantes têm sido registadas nos setores dos transportes, da indústria pesada e do comércio a retalho, onde o encerramento de concessionários automóveis provocou perdas de empregos.

Este é o “desemprego oculto”: as empresas reduzem os horários de trabalho e cortam discretamente o número de funcionários, resume o Business Insider.

As autoridades regionais, incluindo as da região de Sverdlovsk, admitiram “alterações na economia” que obrigam à redução de horários ou de efetivos.

Um relatório do banco central, publicado em julho, revelou um aumento da proporção de empresas a planear cortes de pessoal, de 6,9% em janeiro para 11,5% em junho.

Em paralelo, o declínio demográfico está a enfraquecer a força laboral a longo prazo.

As taxas de natalidade em 2024 caíram para o nível mais baixo desde 1999, enquanto a guerra na Ucrânia agravou as perdas através de baixas no campo de batalha e da saída de profissionais qualificados.

O Centro de Análise Macroeconómica e Previsão de Curto Prazo alertou para uma deslocação do investimento para longe do setor privado civil, com o crescimento concentrado em indústrias apoiadas pelo Estado.

Apesar de a taxa oficial de desemprego se manter baixa, nos 2,2%, o número de desempregados registados aumentou de 274 mil em janeiro para 300 mil em agosto. Putin apelou a uma ação rápida do governo para evitar um “arrefecimento excessivo” da economia.

O contexto económico mostra sinais de enfraquecimento.

O crescimento do PIB abrandou para 1,1% no segundo trimestre, face a 1,4% no primeiro, e muito abaixo dos 4% registados no mesmo período do ano passado.

As receitas de petróleo e gás — uma fonte crucial de financiamento da guerra — caíram devido à baixa nos preços do crude.

Entretanto, há interrupções frequentes na internet, relacionadas com as medidas de segurança contra ataques de drones ucranianos – que afetam afetar a economia digital, dificultando pagamentos e serviços online.

ZAP //

1 Comment

  1. Ouvi num canal russo que estavam a começar a obrigar crianças a trabalhar nas fábricas. Enfim vendo pelo mesmo preço… Não sei se é verdade, mas não fico chocado em ouvir.

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