Proposta prevê libertação de apenas parte dos reféns israelitas. Blinken sublinha que sem plano para que os civis não sofram danos, “não podemos apoiar uma ofensiva contra Rafah.”
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, considerou esta segunda-feira “extraordinariamente generosa” a mais recente proposta de cessar-fogo apresentada por Israel este sábado ao grupo islamita Hamas em troca da libertação dos reféns.
“O Hamas tem diante de si uma proposta extraordinariamente generosa. Deve agora decidir e decidir rapidamente”, defendeu Blinken a partir da Arábia Saudita, onde participa no Fórum Económico Mundial, aproveitando para agradecer ao Egito e ao Qatar pelos esforços de mediação.
A mais recente proposta israelita inclui, de acordo com a agência Reuters, a discussão do “restabelecimento de uma calma sustentável” em Gaza e a libertação de 130 prisioneiros israelitas, ainda detidos em Gaza.
O Hamas desloca-se esta segunda-feira ao Egito para a última ronda de negociações, com vista a um cessar-fogo. Os dois lados têm falado o mês de abril inteiro, mas sem grandes progressos, avança a Al Jazeera.
No entanto, um acordo de três fases que implicaria uma troca de prisioneiros conducente a um cessar-fogo a longo prazo esteve em cima da mesa.
Mas o Hamas mantém as suas exigências fundamentais: um cessar-fogo permanente; a retirada das forças israelitas de Gaza; o regresso — sem restrições — dos palestinianos deslocados às suas casas; a autorização de entrada de mais ajuda no enclave e o início de um processo de reconstrução.
Só com um cessar-fogo permanente é que o grupo está disposto a libertar todos os reféns, confirmou o chefe de delegação do Hamas.
Devido à “teimosia” do grupo islamita, as duas partes estarão também a discutir a libertação de um número mais reduzido de prisioneiros: 33 mulheres, crianças e prisioneiros mais velhos, na primeira fase de qualquer nova trégua.
No mês passado, o secretário de Estado norte-americano já tinha revelado que estava em cima da mesa uma forte proposta de acordo para um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Invasão de Rafah? “Sem plano para proteger civis, não apoiamos”
O chefe da diplomacia dos EUA reiterou ainda o “firme apoio” do seu país a Israel, ao mesmo tempo que lembrou que Washington tudo fará para evitar uma escalada do conflito.
Blinken lamentou que a população de Gaza tenha ficado envolvida numa “terrível troca de tiros provocada pelo Hamas” e reiterou a sua rejeição à possibilidade de o Exército israelita lançar uma ofensiva contra a cidade de Rafah, na fronteira com o Egipto, sem um plano para garantir a proteção dos civis.
“Dissemos claramente que, na ausência de um plano para que os civis não sofram danos, não podemos apoiar uma ofensiva contra Rafah“, insistiu Blinken, acrescentando que os Estados Unidos ainda não conhecem esse plano das autoridades israelitas.
Recorde-se que este mês, os EUA terão aceitado o plano de Israel para invadir Rafah, no sul de Gaza, que de momento é refúgio para cerca de 1,5 milhões de palestinianos. A “luz verde” chegou da Casa Branca, no entanto, com uma condição: não atacar o Irão.
“Plano do dia seguinte” para Gaza
Blinken também sublinhou “a necessidade de se estar preparado para um plano do dia seguinte em Gaza“, incluindo aspetos relacionados com segurança, governação, ajuda humanitária e reconstrução.
O secretário de Estado norte-americano defendeu ainda que um dos caminhos que a região do Médio Oriente enfrenta passa pela plena integração de Israel na região, mas permitindo que “os palestinianos vejam as suas legítimas aspirações de um Estado satisfeitas”.
“O caminho alternativo é um ciclo interminável de insegurança”, assegurou Blinken, que reconheceu que “todos os envolvidos devem tomar decisões difíceis para o futuro”.
Blinken reconheceu que os Estados Unidos e a Arábia Saudita têm realizado “um intenso trabalho nos últimos meses” com vista a uma possível normalização das relações entre Riade e o Governo israelita.
A viagem de Blinken à Arábia Saudita faz parte de uma nova digressão diplomática na região que o levará também a Israel e à Jordânia.
ZAP // Lusa
Guerra no Médio Oriente
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