Mais de 600 juristas chilenos querem vingar os “crimes desumanos, degradantes, cruéis e abomináveis” na Faixa de Gaza, na semana em que é anunciado um novo primeiro-ministro palestiniano.
O Ramadão não trouxe boas notícias para os palestinianos. As forças armadas israelitas “continuam a operar em Khan Yunis, conduzindo ataques dirigidos a alvos terroristas e eliminando terroristas” e reivindicaram esta quarta-feira a morte de uma centena de combatentes do Hamas na região.
Israel terá atingido combatentes que tentaram lançar um rocket contra Israel e destruído lançadores de rockets na zona de Hamad, de acordo com o The Guardian.
Em comunicado, as Forças de Defesa de Israel (IDF) referem que eliminaram Muhammad Abu Hasna no ataque a um edifício em Rafah, “envolvido no controlo da ajuda humanitária e na sua distribuição aos terroristas do Hamas” e ainda Abu Hasna, alegado subchefe das operações policiais em Rafah.
Novo primeiro-ministro palestiniano
Mohammad Mustafa deverá ser nomeado pelo Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, como novo primeiro-ministro ainda esta semana, de acordo com a Al Jazeera.
Aos 70 anos, Mustafa é o atual presidente do Fundo de Investimento da Palestina. Já serviu como vice-primeiro-ministro para os assuntos económicos em 2013, e foi ainda primeiro-ministro e ministro da Economia de 2013 a 2015.
Substitui Mohammad Shtayyeh, que anunciou a demissão do Governo a 26 de fevereiro.
Proposta de acordo “forte” para cessar-fogo
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, revelou esta quarta-feira que está em cima da mesa uma proposta de acordo forte para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde continua a guerra entre Israel e o Hamas.
“A questão é: o Hamas irá aceitá-lo? O Hamas quer acabar com o sofrimento que causa?”, questionou o chefe da diplomacia norte-americana, durante uma conferência de imprensa.
Blinken acrescentou que Washington está a trabalhar intensamente todos os dias com o Qatar e o Egito para fechar um acordo que possa libertar os reféns, bem como para uma ajuda sustentável a longo prazo para o enclave.
O governante norte-americano também instou Israel a abrir “tantos pontos de acesso quanto possível” para fornecer ajuda à população. “O corredor marítimo não substitui as rotas terrestres, que continuam a ser as mais críticas”, lembrou.
O Comando Central dos EUA no Médio Oriente (Centcom) anunciou esta quarta-feira um novo lançamento aéreo de assistência humanitária no norte de Gaza, “para fornecer ajuda aos civis afetados pelo conflito em curso”.
“A operação conjunta incluiu duas aeronaves C-130 e um C-17 Globemaster III da Força Aérea dos EUA e soldados do Exército especializados na entrega aérea de suprimentos de assistência humanitária”, explicou, num comunicado na rede social X.
Especificamente, os aviões dos EUA lançaram mais de 35.700 pacotes de alimentos e cerca de 28.800 garrafas de água.
“Esta foi a primeira vez que um C-17 foi usado para entregar ajuda desde que o lançamento aéreo começou em 2 de março”, sublinhou ainda.
Blinken indicou ainda que conversou na terça-feira com familiares de Itay Chen, depois de o Exército israelita ter relatado a morte do jovem de 19 anos, contabilizado como um dos reféns levados para a Faixa de Gaza em 7 de outubro, e que foi morto nesse dia e o seu corpo continua retido pelo Hamas.
Mais de 600 juristas chilenos contra Netanyahu
Mais de 600 juristas chilenos apresentaram uma queixa no Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, por alegados crime de lesa-humanidade, genocídio e crimes de guerra na Faixa de Gaza e Cisjordânia.
A informação foi transmitida à agência Efe pelo representante dos queixosos, Nelson Hadad, ex-embaixador chileno na Jordânia, Iraque, Egito e Equador.
A denúncia, apresentada segunda-feira perante este tribunal internacional, sedeado em Haia (Países Baixos), pede sanções e um mandado de captura contra Netanyahu, o seu ministro da Defesa, Yoav Galant, e os principais dirigentes das forças armadas israelitas que, na opinião dos advogados, “têm de prestar contas, comparecer perante o TPI, ser sancionados de acordo com as penas estabelecidas no Estatuto de Roma e indemnizar as vítimas e os seus familiares”.
Durante uma chamada telefónica a partir do aeroporto de Amesterdão, antes de regressar ao Chile, Hadad lembrou que na Faixa de Gaza se estão a cometer “crimes desumanos, degradantes, cruéis e abomináveis”, face aos quais “não pode haver impunidade”.
O texto acusatório, com 66 páginas, “demonstra de forma plausível a prática e a existência destes crimes, com os testemunhos de muitos funcionários que trabalham no terreno na Faixa de Gaza e declaram que estamos face a uma situação devastadora e uma tragédia humanitária, acrescentou Hadad.
Mais disse que, na sua opinião, o objetivo “fundamental e sistemático” de Israel é “a eliminação de um povo” e “destruir a sua identidade nacional como povo com direito a exercer a autodeterminação”.
A denúncia apresentada soma-se à iniciativa conjunta dos governos chileno e mexicano, que em janeiro apresentaram ao TPI um texto com o objetivo de reforçar a investigação aos alegados crimes de guerra e de lesa-humanidade praticado na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jerusalém-Leste e Israel.
Com cerca de 500 mil pessoas, o Chile é um dos principais destinos da comunidade palestiniana fora do mundo árabe, migração que começou no final do século XIX, quando centenas de palestinianos fugiram, primeiro, do domínio otomano e, depois no século XX, da ocupação israelita.
O Chile reconheceu a Palestina como um Estado “livre, independente e soberano” em 2011, durante o governo do presidente conservador Sebastián Piñera.
De acordo com a última contagem do ministério de Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, pelo menos 31.341 palestinianos morreram desde o início do conflito iniciado a 7 de outubro.
ZAP // Lusa
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