Dois catedráticos da Universidade das Ilhas Baleares (UIB) e três dos seus colaboradores foram detidos e acusados de fraude por venderem como remédio contra o cancro um medicamento por homologar, tendo obtido 600 mil euros dessa forma.
O grupo vendia o medicamento e angariava o dinheiro através de uma fundação sem fins lucrativos que tinha constituído.
A Polícia Nacional espanhola informou esta terça-feira que os dois professores de Biologia Celular, sócios na empresa Lipopharma, foram detidos na semana passada, interrogados e postos em liberdade (com medidas de coação) à espera de declarar perante um juiz de instrução de Palma de Maiorca.
Os detidos foram acusados de fornecer a doentes um medicamento que patentearam com a designação “Minerval” e que se encontra em fase de estudo clínico. Ou seja, a sua comercialização constitui fraude porque ainda não tem autorização para ser prescrito, como exige a Agência Espanhola do Medicamento.
A polícia espanhola recolheu testemunhos de familiares de doentes oncológicos que teriam chegado a pagar até 25.600 euros por um fármaco cujos efeitos anti-cancerígenos não estão comprovados.
Para receberem os pagamentos, os detidos serviam-se de uma fundação para a investigação à qual os doentes faziam “donativos”.
Os investigadores afirmam que o medicamento não só era fabricado nos laboratórios da UIB, como alguns doentes recolhiam as doses do Minerval no próprio “campus” universitário, a partir de onde também se enviava para outros lugares de Espanha.
Segundo a polícia, o produto que a Lipopharma vendia tem como princípio ativo a molécula ácido 2-hidroxioleico, criada pelo Grupo de Investigação de Biomedicina Molecular e Celular da UIB.
A empresa que patenteou esta molécula realça na sua página na Internet que esta demonstrou eficácia no tratamento de alguns tipos de tumores cerebrais e que obteve bons resultados num ensaio clínico com 54 doentes.
Fontes da tutela da saúde do governo regional das Ilhas Baleares indicaram à agência EFE que a fase de verificação dos efeitos do medicamento em humanos ainda não está concluída.
// Lusa