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Procuradora dos “Cinco de Central Park” deixa de lecionar Direito após série da Netflix

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Netflix

Elizabeth Lederer, a procuradora principal do caso dos “Cinco de Central Park”, que resultou na condenação injusta de jovens negros e latinos por violação, disse que vai deixar de lecionar Direito na Universidade de Columbia, nos EUA.

A decisão de Lederer surge na sequência da nova mini-série da Netlix, When They See Us, que recorda o caso no qual cinco jovens – Antron McCray, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana Jr. e Korey Wise – foram acusados de espancar brutalmente e violar Trisha Meili, uma mulher branca que corria no parque nova-iorquino em abril de 1989.

Apesar de não haver qualquer prova de ADN, impressões digitais, sangue ou sémen no corpo da vítima ou no local do crime que ligasse os jovens norte-americanos ao ataque, os cinco acabaram por ser condenados, tendo passando entre seis a 13 anos na prisão.

Treze anos depois, em 2002, Matias Reyes, que estava já associado a outros crimes com um modus operandi semelhante ao que ocorreu no Central Park, confessou ser o verdadeiro e único responsável pelo crime de Meili. A justiça de Nova Iorque acabou por absolver os cinco, atribuindo-lhes uma indemnização total de 41 milhões de euros.

“Dada a natureza da recente notoriedade gerada pelo retrato da Netflix sobre o caso de Central Park é melhor para mim não renovar a minha candidatura a professora”, indica Elizabeth Lederer, num comunicado da universidade, citado pelo The New York Times.

A diretora da Universidade de Direito da Columbia, Gillian Lester, considerou que a mini-série “reacendeu uma dolorosa – e vital – conversa nacional sobre raça, identidade e justiça criminal”, num e-mail enviado aos alunos no qual confirmava a saída de Lederer.

A associação Black College Students de Columbia divulgou também uma carta através das redes sociais, na qual critica a “inação do estabelecimento de ensino face a pedidos anteriores para afastar Lederer e exigiu um treinamento anti-racismo para professores.

“O poderoso filme de Ava Duvernay esclareceu os detalhes de uma história que alguns de nós conhecem muito bem (…) Pedimos que a Universidade de Direto de Columbia entre em ação e, ao fazê-lo, demonstre o seu compromisso com o treinamento e a formação de advogados que irão impactar a vida das pessoas e afetar as suas comunidades”.

A decisão de Lederer surge depois do afastamento da editora e escritora norte-americana Linda Faristein, que na altura liderava a unidade de crimes sexuais na procuradoria distrital de Manhattan e participou no caso dos “Cinco de Central Park”. Fairstein demitiu-se também dos vários cargos em ONGs, segundo escreve o El País.

A mini-série, que estreou no fim de abril, retrata um dos crimes mais chocante e impactantes da década de 90 nos Estados Unidos. Na época, o atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comprou anúncios em jornais nos quais pedia o regresso da condenação de pena de morte no estado de Nova Iorque para o grupo.

ZAP //

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