O procurador-geral dos EUA disse, esta sexta-feira, que a morte de Jeffrey Epstein, que se suicidou atrás das grades, foi o resultado de “uma tempestade perfeita de asneiras”.
Em entrevista à Associated Press, William Barr confessou que teve dúvidas iniciais sobre as reais condições da morte do empresário financeiro, que foi acusado de contratar mulheres e meninas menores para prestar serviços sexuais num círculo social de elite e que apareceu morto na sua cela, a 10 de agosto deste ano.
O procurador-geral explicou que as dúvidas se prenderam com as inúmeras irregularidades que detetou na prisão de Manhattan, um dos estabelecimentos prisionais mais seguros dos Estados Unidos, onde Epstein esteve detido entre 6 de julho e 10 de agosto, depois de ter sido condenado por dois crimes de abuso sexual.
William Barr disse agora que se sente esclarecido, depois de uma investigação do FBI e do inspetor-geral do Departamento de Justiça, que revelou a existência de um conjunto de erros cometidos pelos serviços prisionais, que permitiram a Epstein suicidar-se na cela.
“Eu entendo as pessoas que, de imediato, pensaram no pior cenário, porque se tratou de uma tempestade perfeita de asneiras“, disse Barr, durante um voo entre Washington e o Estado de Montana.
O comentário de Barr acontece dias depois de dois agentes penitenciários, responsáveis pela guarda do empresário quando morreu, terem sido acusados de falsificar os registos da prisão.
Tova Noel e Michael Thomas são acusados de terem adormecido e de estarem distraídos a navegar na Internet, quando estavam de serviço de guarda à cela de Epstein.
O empresário suicidou-se enquanto aguardava julgamento por dois crimes de abuso sexual de meninas de 14 anos e de mulheres, de Nova Iorque e da Florida, no início dos anos 2000.
As investigações entretanto conduzidas concluíram que o suicídio do empresário poderia ter sido evitado, se não fosse o descuido dos guardas prisionais.
Epstein já tinha sido colocado em vigilância apertada, depois de ter sido encontrado no chão da cela, em 23 de julho, com hematomas no pescoço, sinal de tentativa de suicídio, e os investigadores do caso concluíram que essa observação intensificada falhou no dia da sua morte.
Os advogados dos agentes do estabelecimento prisional já responderam dizendo que os seus clientes estão a ser usados como “bodes expiatórios” das falhas nos sistemas de segurança da prisão de Manhattan.
“Penso que era importante que Epstein tivesse tido um colega de quarto e estamos ainda a investigar por que isso não foi feito”, afirmou ainda William Barr, garantindo que as investigações sobre o suicídio do empresário vão continuar.
“Estamos a progredir e espero que haja conclusões finais muito em breve”, disse o procurador-geral dos EUA.
Há uns tempos, um médico legista contratado pela família do magnata afirmou que a sua morte terá sido sim um homicídio. “As três fraturas são extremamente incomuns em enforcamentos suicidas e podem ocorrer muito mais frequentemente em estrangulamentos homicidas”, disse Michael Baden.
ZAP // Lusa