Para já, ainda não foram tiradas conclusões dos quatro eventos-piloto de abril e maio, organizados pelo Governo em articulação com a DGS. Um problema informático pode estar na origem do atraso.
Há uns meses foi avançado pelo Governo que se iriam realizar vários eventos-teste com o objetivo de perceber qual seria a melhor forma para definir novas orientações técnicas, no setor da Cultura. Porém, nem tudo correu como esperado e, chegado o verão, não há conclusões a apresentar.
Um problema informático, avança o Público, levou a que a Direção-Geral da Saúde tivesse de pedir aos promotores de espetáculos o reenvio dos dados dos participantes nos eventos-piloto que aconteceram em abril e maio para testar uma “solução para salvar o verão”.
A Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos (APEFE), explicou ao Expresso que houve uma dificuldade no tratamento da informação.
Álvaro Covões, membro APEFE, explica que “o que nos foi inicialmente pedido pelas autoridades de saúde foi para enviarmos um ficheiro com o nome e o número do cartão de cidadão de cada participante nos eventos-piloto. Fizemos isso. Depois a Direção-geral da Saúde disse-nos que houve um problema com o informático e que afinal era necessário o número de utente dos espetadores”.
Assim, os promotores pediram à Cruz Vermelha, que era a entidade que realizava a testagem nos eventos, para recolher os novos dados e enviar para a DGS. “Foi tudo novamente enviado esta segunda-feira”.
Contudo, o responsável frisa que os resultados destes eventos-piloto “de pouco servem”. Isto por que “quando foram planeados era para encontrar soluções para salvar o verão. Mas a partir do momento em que foi anunciado que até 31 de agosto não há festas nem romarias e que os espetáculos são equiparados a casamentos, os eventos-piloto não têm interesse nenhum”, defende.
O promotor salienta ainda que a “ou na véspera ou mesmo no dia do Conselho de Ministros” as associações tinham estado reunidas com a ministra da Cultura e que nada lhes foi dito, tendo sido “surpreendidos” com a decisão de que os espetadores deveriam ser testados sempre em cada espetáculo.
“Sermos comparados a um casamento é ofensivo. Claro que as pessoas não se importam de se testarem antes de irem a um casamento porque é um acontecimento único. Um espetáculo não é único, é algo que se faz com regularidade. Esta decisão não tem qualquer rigor científico. Somos o único sector que tem um retrocesso no seu desconfinamento”, afirma Álvaro Covões, considerando que a obrigação de testagem dos espetadores é um claro retrocesso para o sector”.
Por outro lado, há ainda a questão do preço. “Por exemplo, temos bilhetes à venda para o Carlão a €10 e depois as pessoas teriam de ir à farmácia pagar mais €25 para fazerem o teste?”, aponta. “Tudo isto é surreal“, critica o promotor.
Para já, a única conclusão que é tirada é que “a forma como tudo isto foi anunciado já criou problemas ao sector da cultura” e a compra de bilhetes para espetáculos “caiu a pique nos últimos dias”.
À Lusa, também Rafaela Ribas, da direção da promotora Everything is New, afirmou que a decisão que saiu do Conselho de Ministros provocou “uma paragem quase total na venda de bilhetes”.
ZAP // Lusa