Esta segunda-feira, Mário Centeno volta a pisar o Ministério das Finanças, desta vez para participar na cerimónia de apresentação pública do governador do Banco de Portugal.
Hoje é o dia D: Mário Centeno tomará posse enquanto novo governador do Banco de Portugal, com uma ideia clara dos desafios que tem pela frente. Na cerimónia desta segunda-feira, que se realiza pelas 11h30, “não haverá sessão de perguntas e respostas” sobre a polémica nomeação e o trabalho que o novo governador tem pela frente.
O ex-ministro das Finanças tem de escolher o novo conselho de administração, pelo menos os lugares que ainda estão vagos. De acordo com o Expresso, estão ao seu lado Máximo dos Santos, vice-governador, Ana Paula Serra, Luís Laginha de Sousa e Hélder Rosalino, administradores. Por estar fora de mandato, Hélder Rosalino tem de ser substituído (ou reconduzido).
Centeno tem disponíveis um cargo de vice-governador e três de administradores e ainda não se sabe se vai haver mexidas nas direções de departamentos. Ainda assim, com a saída de Carlos Costa, fica claro que tem de haver alterações nos pelouros distribuídos pelos membros da administração.
Para já, na lista de encargos, destacam-se os efeitos da pandemia de covid-19: a banca vai sofrer e “é preciso criar condições para a rentabilidade do setor financeiro em Portugal”. Com mandato até 2025, Centeno quer um Banco de Portugal mais poderoso, com um papel de cooperação perante o Governo.
A transferência de 850 milhões de euros para o Novo Banco, que enquanto ministro das Finanças determinou, vai ser um dos primeiros trabalhos de Centeno governador.
Até setembro, o BdP tem de publicar um relatório com as maiores dívidas perante a instituição, enquanto que a Assembleia da República receberá da autoridade a identificação dos grandes devedores do herdeiro BES.
No domínio da inovação tecnológica, destaca o ECO, Centeno quer que o BdP aposte “no desenvolvimento da sua dimensão digital e no acompanhamento da evolução do negócio bancário e financeiro, num mundo em que a transição digital assume enorme preponderância, que tem hoje como expoentes máximos as designadas fintech e as moedas virtuais“.
Já no que diz respeito à política monetária europeia, Centeno tem consciência de que o facto de ter sido presidente do Eurogrupo lhe permitiu ganhar “capital político e reputacional” importante para o Banco de Portugal ter mais peso nas reuniões e decisões do Banco Central Europeu (BCE).
Há cerca de duas semanas, no Parlamento, Mário Centeno explicou que o “papel do Banco de Portugal não se pode caracterizar pelo antagonismo nem pelo isolacionismo, mas antes pela complementaridade com o Governo, os restantes supervisores financeiros e com a comunidade científica, enfim, com a sociedade”.
Assim, elencou “quatro desafios-chave” daquilo que deverá ser a “intervenção estratégica” do Banco de Portugal no seu mandato: assegurar uma supervisão eficiente e exigente; participar na condução da política monetária europeia e na sua revisão estratégica; definir uma política macroprudencial consonante com os complexos mecanismos de transmissão de risco no sistema financeiro e credibilizar o mecanismo e processo de resolução.
Depois de muita turbulência, hoje é o primeiro dia de Centeno ao leme do Banco de Portugal.
“As maiores felicidades”
António Costa partilhou, no Twitter, uma mensagem desejando “as maiores felicidades” a Mário Centeno neste seu novo cargo.
“Desejo as maiores felicidades ao Professor Mário Centeno nas novas funções como governador do Banco de Portugal”, escreveu António Costa.
A reunião do Conselho Europeu prolongou-se para esta segunda-feira, pelo que o primeiro-ministro não poderá comparecer na cerimónia de tomada de posse de Centeno como governador do Banco de Portugal, que tem lugar esta manhã, pelas 11h30.