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Pela primeira vez, o Central Park tem uma estátua de “mulheres reais”

Justin Lane / EPA

O famoso parque nova-iorquino Central Park, com 167 anos de história, tem a partir desta quarta-feira a sua primeira estátua homenageando “mulheres reais”, duas brancas e uma negra, três pioneiras da luta pelos direitos das mulheres.

O monumento de bronze constitui uma pequena brecha na paisagem de cerca de 30 estátuas espalhadas pelo parque em homenagem a homens brancos ou personagens femininas de ficção, como Alice no País das Maravilhas ou Julieta de Shakespeare, com o seu Romeu.

A estátua foi inaugurada numa cerimónia no local, com a presença da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, e noutra virtual.

A estátua representa Sojourner Truth (1797-1883), Susan Anthony (1820-1906) e Elizabeth Stanton (1815-1902), três militantes pelos direitos das mulheres e contra a escravatura, reunidas à volta de uma mesa, duas sentadas e uma em pé, aparentemente em plena discussão.

Há pouco mais de uma semana, no dia 18, assinalou-se o 100.º aniversário da ratificação da 19.ª emenda da Constituição norte-americana que concede o direito de voto às mulheres.

Realizada por Meredith Bergmann, a estátua ladeia um dos caminhos mais frequentados do parque, o Caminho dos Escritores (Literary Walk), não muito longe dos monumentos de Shakespeare, do poeta Robert Burns ou de Sir Walter Scott.

É o culminar de sete anos de esforços, sublinhou Pam Elam, presidente do Conselho de Administração da associação Monumental Women, que luta pelo reconhecimento do papel das mulheres na história. “O que pedimos é uma história completa e justa […] refletindo a contribuição das mulheres e das pessoas de cor, e não vamos parar enquanto não o conseguirmos”, declarou.

O projeto conheceu algumas reviravoltas, ilustrando o animado debate nos Estados Unidos sobre a sua história, que ressurgiu com as enormes manifestações contra a desigualdade racial após a morte do afro-americano George Floyd pela polícia no final de maio. Os protestos incluíram o derrube de estátuas de figuras tidas como símbolo da opressão das minorias, como Cristóvão Colombo.

Um primeiro desenho da estátua representava apenas Susan Anthony e Elizabeth Stanton, duas mulheres brancas, e foi criticado por ignorar o ativismo das mulheres negras, tendo-se juntado então Sojourner Truth.

Além de Central Park, o município de Nova Iorque comprometeu-se no final de 2018 a dedicar mais monumentos às mulheres.

Shirley Chisholm (1924-2005), a primeira mulher negra eleita para o congresso em 1968, deve ser a próxima beneficiária desta vontade de reconhecimento: a sua estátua, com conclusão prevista até ao final do ano, deve ser colocada à entrada do Prospect Park, em Brooklyn.

ZAP // Lusa

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