O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, telefonou ao primeiro-ministro grego para tentar amenizar as relações, depois de o Eurogrupo de sexta-feira ter sido dominado por um ambiente muito hostil para com o ministro Yanis Varoufakis, noticia o Financial Times.
Na reunião informal do Eurogrupo, que decorreu em Riga, capital da Letónia, vários ministros das Finanças teceram duras críticas ao ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, confirmando que os parceiros da zona euro estão cada vez mais exasperados com a falta de avanço das negociações com a Grécia e, em especial, com a atitude do responsável pela Finanças nesse processo.
Depois do isolamento a que Varoufakis foi submetido nessa reunião, o Financial Times conta que o telefonema de Jeroen Dijsselbloem a Alexis Tsipras, que aconteceu desde Riga (capital da Letónia), serviu para tentar fazer as pazes.
O apelo do presidente do Eurogrupo teve também como objetivo desatar o impasse nas negociações sobre as medidas que a Grécia deve adotar para aceder aos 7,2 mil milhões de euros de ajuda financeira, de modo a que haja um acordo em maio que permita um desembolso financeiro antes que termine a extensão do atual programa de resgate, no fim de junho.
O jornal cita ainda responsáveis da zona euro que dão conta de que o próprio Alexis Tsipras e o vice-primeiro ministro grego, Yannis Dragasakis, podem assumir mais protagoanismo nas negociações, tirando algum palco a Varoufakis.
Mais do que sobre questões de fundo, o principal problema está neste momento no processo, com Varoufakis a recusar negociar com os técnicos que estão na capital grega e a defender um acordo político a um nível superior.
Já a maioria da zona euro quer um entendimento com os técnicos sobre as medidas antes de o Eurogrupo dar luz verde ao desembolso de dinheiro.
Yanis Varoufakis escreveu este domingo uma mensagem na rede social Twitter em que se compara com o histórico presidente dos estados Unidos Franklin D. Roosevelt. “Eles são unânimes no seu ódio a mim. E eu dou as boas vindas a esse ódio”, escreveu, recordando uma frase de 1936 em que Roosevelt se diria aos críticos do plano de recuperação económica New Deal.
Ainda quanto à notícia do Financial Times, esta cita uma fonte junto do governo Grego que considera que Varoufakis já se tornou um peso para o executivo helénico.
No entanto, uma eventual substituição não estará para breve, mas poderá acontecer antes do início das negociações do provável terceiro programa de resgate à Grécia.
Desde fevereiro – há já dois meses – que a Grécia está a negociar com o chamado Grupo de Bruxelas – Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Mecanismo Europeu de Estabilidade – reformas estruturais e medidas de consolidação orçamental para que possa aceder à última ?tranche’ do programa de resgate, pelo que crescem os receios de que o país possa falhar pagamentos e, logo, entrar em incumprimento.
Os momentos críticos de que mais se fala são o início de maio, quando Atenas tem de pagar 200 milhões de euros ao FMI, e sobretudo 12 de maio, quando tem de devolver mais de 700 milhões de euros à instituição.
No entanto, até lá o país ainda tem de fazer vários pagamentos substanciais, nomeadamente pensões e salários. Os credores exigem a Atenas medidas mais ‘aceitáveis’, sobretudo em termos de finanças públicas, pensões, legislação laboral e privatizações.
Pelo seu lado, o Governo grego insiste em ‘linhas vermelhas’ que nega ultrapassar, como maior liberalização dos despedimentos no setor privado ou corte das pensões.
/Lusa