A Google abriu guerra à desinformação e, só em janeiro, bloqueou a publicidade a 244 contas de utilizadores baseados em Portugal, por violarem as regras de informação falsa definidas pela tecnológica. O país está no top 10 da UE com mais contas bloqueadas.
Segundo avançou a Insider, esta terça-feira, embora nem todos os bloqueios digam respeito ao combate direto do fenómeno das ‘fake news’, como salientou a própria empresa, estes números “dão uma visão da dimensão que o fenómeno pode já ter”.
Estes números foram revelados no primeiro relatório sobre o tema que a Google entregou, em fevereiro, à Comissão Europeia, no qual a empresa – que tem sido bastante criticada nesta matéria – revelou os esforços que tem feito para travar o fenómeno da desinformação e das informações falsas nos países europeus.
Em janeiro, foram bloqueadas 48 mil contas na plataforma Google Ads, com o Reino Unido (16 mil), a Estónia (12 mi) e a Roménia (oito mil) a liderarem o número de bloqueios. No Reino Unido, as notícias falsas contribuíram para a votação no Brexit, informa o artigo. Os países de leste são tradicionalmente lugares de alojamento destas páginas.
Apesar do valor significativamente mais baixo registado em Portugal, o número é suficiente para colocar o país no top 10 dos países que tiveram um maior número de bloqueios só no primeiro mês do ano.
Já no ano passado, quando o DN publicou uma investigação jornalística sobre sites que difundiam ‘fake news’, a Google bloqueou a publicidade em pelo menos dez desses sites.
Na verdade, terá sido a grande atenção dos media tradicionais ao fenómeno que contribuiu para as ações da Google, como explica o relatório: “As nossas políticas levam-nos a tomar ação contra os conteúdos que são descritos como ‘fake news’ no debate público”.
Em Portugal foram ainda bloqueadas 38 contas por violarem as regras de conteúdo original, que engloba sites cujo principal propósito é mostrarem publicidade ou então cujos conteúdos foram copiados de outras plataformas.
Numa videoconferência recente com jornalistas europeus, na qual a Insider/Dinheiro Vivo participou, Mark Howe, líder da Google na Europa, Oriente Médio e África (EMEA) para a relação com a indústria dos anunciantes, não revelou quanto é que a empresa já pagou em publicidade digital aos sites que publicam as chamadas ‘fake news’.
“Não sei quanto é e não quero especular, porque a maioria das pessoas não iria perceber”, disse, acrescentando: “O que estamos a tentar alcançar é fazer com que seja zero. Aquilo que estamos a tentar fazer é proteger os anunciantes e proteger a saúde do ecossistema no geral ao tirá-los [sites de ‘fake news’] do sistema”.
O fenómeno das notícias falsas já tem uma dimensão considerável em Portugal e rende dinheiro aos gestores desses sites, lê-se no artigo da Insider. Quanto mais tráfego os sites de desinformação geram, mais dinheiro podem ganhar através de plataformas de publicidade digital ou de afiliação.
“Estamos a usar uma variedade de políticas e de tecnologias para garantir que os nossos anúncios suportam publicações legítimas e de alta qualidade”, frisou Mark Howe.
A Google prometeu igualmente redobrar os esforços relativamente aos anúncios políticos, antes das eleições europeias. Depois do ato eleitoral, vai ser criado um relatório de transparência específico sobre este tema, no qual serão apresentados os mecanismos de financiamento para os anúncios políticos que foram servidos”, garantiu o executivo.