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Portugal pode perder milhares de milhões com venda do Novo Banco

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Tiago Petinga / Lusa

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A factura do Novo Banco ainda pode sair mais cara aos contribuintes portugueses. O alerta é feito pelo economista José António Girão que critica a venda do banco ao fundo norte-americano Lone Star, considerando que o país “pode ainda ter que pagar” mais.

“Neste momento, há riscos de a factura ser da ordem das dezenas de milhares de milhões de euros“, alerta o professor catedrático na Universidade Nova em entrevista à Rádio Renascença. “Já pagou em parte, mas pode ainda ter que pagar”, acrescenta aquele que é um dos fundadores do movimento “A reconfiguração da banca em Portugal”.

José António Girão considera que o Governo não avaliou devidamente os custos inerentes a este processo de venda. “Dá a ideia de que se está a caminhar para um processo em que ninguém controla nada, ninguém está preocupado e está toda a gente interessada em ver-se livre do Novo Banco“, afiança.

Por outro lado, o economista elogia as soluções encontradas para os casos da Caixa Geral de Depósitos e do BCP, considerando que permitem “alguma credibilidade, confiança e, portanto, uma evolução positiva”.

Entre os casos problemáticos coloca o BES como “o mais flagrante”, notando que a sua “factura corre o risco de aumentar imenso”.

Sobre o Montepio constata que “uma grande parte dos problemas” deve-se ao facto de “haver a parte associativa e cooperativa dependente do Ministério do Trabalho e a parte bancária dependente do Banco de Portugal, [o que] tem levado a determinadas situações em que há passagens de um lado para o outro para ir concertando os factos“.

Mas “concertar é uma coisa, ganhar tempo para os resolver outra”, e “outra diferente é essa concertação não se fazer e jogar com diferentes áreas de tal forma que se camufla o problema“, o dado que é mesmo “mau”, conclui José António Girão na Renascença.

O economista fala ainda da entrada de capitais estrangeiros na banca portuguesa, nomeadamente no BPI, no BCP e no Novo Banco e avisa que “estamos em vias de perder o controlo numa área decisiva para podermos crescer, desenvolver e obter financiamento”.

“Quem decide não tem em conta um conjunto de regras, princípios, que estão subjacentes a uma actuação em termos de políticas públicas credíveis”, considera o professor catedrático, concluindo que “são soluções que escondem interesses privados“.

ZAP //

1 Comment

  1. “Portugal pode perder milhares de milhões com venda do Novo Banco”
    mas porque continuam a chamar venda se nós estamos a dar o banco?
    pelo que percebi, eles compram barato, nao nos dao dinheiro (dizem que é para investir) e portugal ainda tem que pagar
    na minha opiniao, ja que nao vamos reaver o dinheiro que os contribuinte investiram a tentar salvar o banco, e ainda temos que pagar para nos comprarem o banco, mais valia acabar com ele e pagar indeminizaçoes aos trabalhadores (acho que saia mais barato).

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