“Muita fraternidade”. Portugal enviou vacinas para Cabo Verde

Mário Cruz / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta segunda-feira que os indicadores da pandemia de covid-19 em Portugal permanecem “muito estáveis” e que a última grande abertura no plano de desconfinamento não teve impactos nos hospitais.

“Os indicadores continuam muito estáveis, em número de mortos, em número de casos e até na pressão no Serviço Nacional de Saúde”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, questionado pela Lusa durante a visita oficial a Cabo Verde.

De acordo com o chefe de Estado, a pressão sobre os hospitais “tem vindo primeiro a descer”, estando agora estabilizada.

“A estabilizar em valores que parecem confirmar, passados 15 dias sobre a última grande abertura, que a abertura, pelo menos até agora, não teve efeitos que tenham perturbado a situação das estruturas de saúde e o número de casos, e mais ainda o número de mortos, de óbitos”, disse o Presidente português, que visita em Cabo Verde um país com quase 2.900 casos ativos de covid-19 – cerca de metade na cidade da Praia – para cerca de 550 mil habitantes.

O índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus SARS-Cov-2 em Portugal subiu esta segunda-feira para 1, enquanto a incidência de casos de infeção por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias aumentou duas décimas para 50,5.

Os números anteriores destes indicadores, divulgados na sexta-feira, indicavam um Rt de 0,95 e uma incidência de 50,3 casos por 100.000 habitantes.

Bastou SMS para vacinas seguirem para Cabo Verde

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou também que a cedência de 24 mil vacinas contra a covid-19 a Cabo Verde foi acertada pelos governos dos dois países numa semana e que bastou uma SMS do homólogo cabo-verdiano.

Em declarações no Palácio Presidencial, na cidade da Praia, após ter sido recebido pelo chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, o Presidente português explicou que a antecipação da entrega das vacinas por Portugal, concretizada na sexta-feira, resultou do primeiro contacto entre ambos, há uma semana.

“E chegaram as vacinas e chegou esta nova equipa dupla portuguesa [médica] e nisto houve uma convergência que demonstra o grau excelente das relações entre os dois países, mas também o empenho excecional do Presidente Jorge Fonseca (…) Primeiro mandou-me uma mensagem escrita (SMS), depois falámos telefonicamente e foi possível numa semana pôr de pé o que é um contributo mais”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Além das 24 mil doses de vacinas da AstraZeneca cedidas por Portugal, devido à situação pandémica em Cabo Verde, que tem enfrentado máximos de novos infetados e mortos por covid-19 desde abril, duas equipas médicas chegaram no domingo ao arquipélago para reforçar o apoio nos hospitais.

Marcelo explicou neste processo contou com a “reação imediata” do Governo e que “mais apoios haverá no futuro” por parte de Portugal.

Igualmente em declarações aos jornalistas, o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, reconheceu que a cedência das vacinas representou um gesto “de muita amizade e muita fraternidade” por parte de Portugal, que começou com um contacto direto para o homólogo português.

“Realmente demos uma contribuição, um empurrãozinho, através de mensagem escrita e depois uma conversa, dada a situação, circunstancial, esperamos, de aumento do número de casos de infeções de covid-19 em Cabo Verde. E muito rapidamente, em poucos dias, nós recebemos as vacinas e o apoio do reforço das equipas médicas portuguesas”, disse ainda.

“Isto só é possível acontecer deste modo num relacionamento entre dois países que são verdadeiramente países que lidam um com o outro com base na fraternidade, na amizade e na cumplicidade”, destacou Jorge Carlos Fonseca.

Portugal anunciou em abril o compromisso de disponibilizar aos países africanos de língua portuguesa (PALOP) e Timor-Leste 5% de vacinas contra a covid-19 que adquirisse, tendo antecipado a entrega a Cabo Verde.

Cabo Verde já vacinou cerca de 15.900 pessoas com pelo menos a primeira dose das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca, das quais 94% são profissionais de saúde, e esperava receber ainda este mês vacinas de Portugal, anunciou em 03 de maio o diretor nacional de Saúde, Jorge Noel Barreto.

O Governo assumiu a meta de imunizar 70% da população até final do ano.

Cabo Verde recebeu 24.000 doses da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca em 12 de março e 5.850 da Pfizer dois dias depois, no âmbito da iniciativa Covax, do plano de vacinação nacional iniciado em 19 de março, e espera ainda a entrega de mais 80.000 doses.

Cabo Verde regista um total de 28.168 casos e 249 mortos por covid-19.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.381.042 mortos no mundo, resultantes de mais de 162,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 17.009 pessoas dos 842.381 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

ZAP // Lusa

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