A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, garante que não haverá nenhuma crise política e insiste na total disponibilidade para negociar com o PS.
Em entrevista ao Expresso, a líder do Bloco de Esquerda disse que, apesar de a geringonça ser já um capítulo fechado, “há alguma capacidade de entendimento” com o Partido Socialista (PS).
“O primeiro-ministro considerou um dos maiores erros não ter reforçado os direitos laborais antes da pandemia e reconheceu a precariedade como um dos maiores problemas. Então, porque não fazer um acordo sobre trabalho? O mundo do trabalho vai ter de mudar e é precisa uma resposta da esquerda”, disse Catarina Martins.
A líder bloquista mantém a porta aberta e “disponibilidade para continuar” conversas como o reforço dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), formas de reforçar a Segurança Social, de combater a precariedade do trabalho e de alterar o sistema financeiro.
“Há outra matéria importante em que o PS não demonstrou disponibilidade nenhuma: a legislação do trabalho. A experiência dos últimos meses tornou clara que essa porta não pode ser fechada, porque a realidade não o permite. Está à vista essa ferida imensa. Não há razão nenhuma para não podermos retomar a conversa, mas desta vez com consequências”, acrescentou.
Ainda assim, na mesma entrevista, a bloquista admitiu que “o PS não tem muita vontade de negociar com o Bloco, o que não quer dizer que não tenha de ser à esquerda que se encontram as soluções para os problemas do país”.
Questionada sobre se teme uma crise política, Catarina Martins não hesitou em responder que não e em garantir que “não haverá nenhuma crise política“.
“Uma esquerda firme em matérias como o trabalho, o SNS ou o sistema financeiro pode conseguir orçamentos com contributos importantes para o país”, disse.
Já em relação à direita, a líder partidária salientou que, “do ponto de vista da disputa da governação, a direita não conta para nada“.
“Não tem um projeto para o país, nem capacidade eleitoral, mas há um problema: esta direita incapaz decidiu apoiar projetos de política de ódio e dar-lhes visibilidade. E isso é muito grave porque legitima discursos de ódio“, evidenciou.
Na quinta-feira, Catarina Martins defendeu que a convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL) foi o “espelho da absoluta incapacidade e da situação de desagregação em que a direita se encontra”, sem “nenhuma proposta para o país”.
“Eu não percebi muito bem. Foi anunciado um grande encontro das direitas sobre o futuro do país. Não foi nem encontro nem teve nenhuma proposta para o país”, reagiu, em declarações aos jornalistas.
Liliana Malainho, ZAP // Lusa