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PSP não autoriza churrasco da extrema-direita com porco no espeto no Martim Moniz

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Andrzej Otrębski / Wikimedia

Rua do Benformoso na zona do Martim Moniz, em Lisboa.

A PSP emitiu parecer negativo para a concentração com “porco no espeto” que estava a ser organizada por movimentos de extrema-direita para o Martim Moniz, em Lisboa, neste 25 de Abril, data em que se celebram os 51 anos da liberdade.

Em comunicado, a PSP justifica a decisão, já comunicada à Câmara Municipal de Lisboa, com a realização de “manifestações/concentrações antagónicas para a mesma hora e área geográfica”, com “desígnios e posicionamentos ideológicos distintos e antagónicos” e a necessidade de “garantir a ordem e tranquilidade públicas“.

Movimentos de extrema-direita marcaram uma concentração com “porco no espeto” no Martim Moniz, em Lisboa, para esta sexta-feira, 25 de Abril. É uma zona onde moram muitos muçulmanos e a acção foi vista como uma provocação a esta comunidade.

O evento estava a ser organizado pelo partido de extrema-direita Ergue-te e pelo movimento Habeas Corpus, que tem estado envolvido em várias acções polémicas, contando ainda com o apoio do Grupo 1143, ligado a Mário Machado.

Há cerca de um ano, uma marcha anti-Islão no Martim Moniz foi também proibida pelas autoridades.

Inicialmente, a PSP autorizou o churrasco, considerando que não havia “indícios” de possível desordem pública.

Contudo, a marcação de contra-manifestações ao evento do Ergue-te para a mesma hora e local, levou a PSP a ponderar a avaliação inicial e a mudar de ideias.

“Porco no espeto” no Martim Moniz é liberdade para uns, provocação para outros…

As redes sociais do Ergue-te, do Habeas Corpus e do Grupo 1143 têm estado a promover a concentração destacando como momentos altos um churrasco com “porco no espeto”.

Os muçulmanos consideram o porco um animal impuro e o consumo da sua carne é proibido pelo Alcorão, o livro sagrado do Islão.

Deste modo, considera-se que a concentração seria uma provocação clara aos muitos imigrantes muçulmanos que moram na zona do Martim Moniz.

Até porque estes movimentos de extrema-direita costumam disseminar pelas redes sociais publicações de teor xenófobo e anti-Islão, defendendo conceitos racistas como a “substituição populacional”.

Por outro lado, há quem reporte para o “conceito de liberdade”. “Liberdade, desde que não seja aqui ou ali, não é liberdade”, escreve um utilizador da rede social X, o antigo Twitter.

“Porque não em Cascais e salsichas grelhadas e cerveja?”, questiona outro utilizador que se opõe à confraternização, enquanto um terceiro pugna pela “liberdade em Lisboa”, para poder “comer bifanas e couratos” à vontade.

“O 25 de Abril também é liberdade para quem quer defender Portugal“, atira ainda outro utilizador do X.

Ergue-te quer “celebrar Portugal”

O Ergue-te tem divulgado o evento convocando “todos os que defendem Portugal e os portugueses“, e salientando que será uma “grande festa” para “celebrar Portugal”.

Já o Grupo 1143 tem estado a organizar deslocações em autocarros gratuitos e alerta que os seus elementos devem ir “a título pessoal”, sem conotações com partidos e “não podem levar nada alusivo ao grupo“.

“Tal como fizemos no ano passado com o Chega, decidimos este ano dar uma força ao Ergue-te, por tudo o que tem feito, por tudo o que o Doutor Rui Fonseca e Castro tem feito”, aponta um dos dirigentes do Grupo 1143 numa publicação que está a ser partilhada no X.

ZAP // Lusa

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