Planeado por Biden ou sangue falso. Atentado a Trump acende conspirações de todos os lados

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David Maxwell / EPA

Donald Trump depois de ter sido atingido a tiro em comício

Quando o som de tiros interrompeu o comício de Donald Trump em Butler, na Pensilvânia, a 13 de julho, o antigo presidente dos EUA agarrou-se à orelha direita antes de se agachar no chão.

Os membros dos serviços secretos rapidamente cercaram Trump e foi durante este momento que foi tirada uma fotografia instantaneamente icónica de Trump de pé, com o punho erguido, em frente à bandeira dos EUA – com sangue a correr da orelha para a bochecha.

Quase imediatamente, os teóricos da conspiração de todas as partes do espetro político começaram a especular sobre a tentativa de assassinato.

Os teóricos da conspiração perguntam: quem é o responsável?

Poucas horas após o incidente, o FBI divulgou a identidade do atirador: Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, de Bethel Park, na Pensilvânia. Crooks disparou vários tiros de um telhado próximo do local do comício, matando um participante e ferindo gravemente outros dois. Ele próprio também foi morto durante o evento. O motivo ainda não foi determinado.

Apesar de a identidade do atirador ter sido divulgada, uma das principais conspirações adoptadas tanto pela esquerda como pela direita política é a de que a tentativa de assassinato foi encenada e/ou planeada. Mas quem é suposto ter encenado o atentado? Esta questão pode ser debatida consoante os círculos online que se frequentam.

As teorias da conspiração da esquerda parecem apontar o dedo ao Partido Republicano. A sua suposta “prova” é que não havia sangue no rosto de Trump até ele levar a mão à bochecha (embora isto seja difícil de confirmar com base nos vídeos publicados online). No entanto, afirmam que Trump usou um squib para libertar sangue falso.

Outra “prova” é o facto de os Serviços Secretos terem permitido que Trump ficasse de pé e fizesse pose enquanto era escoltado para fora do palco. De acordo com estas teorias, se houvesse um atirador ativo, Trump teria sido levado com muito mais urgência.

Os apoiantes de direita da teoria da “encenação” apontam o Presidente Joe Biden, o Departamento de Justiça dos EUA ou outros atores poderosos como sendo explícita ou implicitamente responsáveis.

As suas “provas” também envolvem os Serviços Secretos. Muitos afirmam que o atirador deveria ter sido claramente visível e interrompido pelos Serviços Secretos antes do ataque. Alguns teóricos da conspiração vão ao ponto de dizer que o atirador sabia de que telhado podia efetuar os disparos sem ser interrompido.

Ou apontam os Serviços Secretos como negligentes no planeamento da segurança do comício, ou como cúmplices activos do tiroteio.

Uma oportunidade política

Em 2022, um estudo efetuado nos Estados Unidos concluiu que a crença em teorias da conspiração pode estar fortemente associada a determinadas características psicológicas e visões do mundo não políticas.

Especificamente, os investigadores descobriram que o pensamento conspiratório não está consistentemente associado a um determinado partido político, mas sim ao grau de extremismo das crenças de uma pessoa. Isto verifica-se tanto nas crenças políticas de extrema-esquerda como nas de extrema-direita.

Também se reflete no que está a surgir online após a tentativa de assassinato de Trump, em que os utilizadores das redes sociais de várias tendências políticas estão a ajudar a espalhar a conspiração de que o incidente foi encenado.

As razões para as crenças conspiratórias podem ser psicológicas, sociais ou políticas. Podem ir desde a procura de um sentido de identidade e de comunidade até à desconfiança no governo e noutras instituições.

Para figuras políticas e outros actores influentes, as teorias da conspiração são utilizadas como armas para ganhos pessoais.

Com a escolha do Senador J.D. Vance para companheiro de chapa de Trump, é de esperar que as teorias da conspiração se tornem ainda mais acesas. Vance é um dos políticos mais proeminentes que afirma que a administração Biden é responsável (direta ou indiretamente) pela tentativa de assassinato.

Este sentimento tem sido partilhado por vários outros, incluindo a congressista Marjorie Taylor Greene e o congressista Mike Collins.

Entretanto, Elon Musk, chefe do X (antigo Twitter), publicou várias mensagens de um ativista político de extrema-direita que perguntava como é que o atirador conseguiu rastejar até ao telhado mais próximo de um candidato presidencial, sugerindo que os Serviços Secretos foram intencionalmente negligentes. Até à data, uma destas mensagens já teve cerca de 91 milhões de visualizações.

Embora o X tenha servido de viveiro de teorias da conspiração na sequência do acontecimento, as secções de comentários de outras plataformas e artigos noticiosos também se tornaram locais de debate. Em qualquer lugar onde os utilizadores possam deliberar e partilhar as suas opiniões, o pensamento conspiratório pode propagar-se.

Os políticos que amplificam as teorias da conspiração estão a contribuir para aumentar a tensão no período que antecede uma eleição altamente controversa. Isto inclui Vance, que pode muito bem acabar na linha de sucessão presidencial dos EUA se Trump ganhar as eleições em novembro.

Quais são as consequências?

Para além de realçar a natureza profundamente partidária da política dos EUA, o que poderão estas teorias da conspiração significar a longo prazo?

Estudos anteriores indicam que a apresentação de teorias da conspiração explícitas às pessoas resulta numa diminuição da confiança nas eleições. À medida que os eleitores de ambos os lados do espetro político são expostos ao pensamento conspiratório (e a discussões cada vez mais contraditórias) em torno da tentativa de assassinato, pode tornar-se difícil para as pessoas confiarem nos procedimentos democráticos que acompanham as eleições de 2024.

Uma sondagem realizada no início deste ano revelou que 25% dos americanos acreditam na possibilidade de o ataque ao Capitólio de 6 de janeiro ter sido organizado pelo FBI. Isto apesar de uma extensa investigação do Congresso dos EUA e de centenas de processos judiciais envolvendo participantes no motim.

A investigação também sugere que a desconfiança no governo e nas instituições pode levar as pessoas a mudar a forma como interagem com o sistema político. Alguns podem ser levados a votar a favor de uma mudança governamental ou de candidatos independentes num sistema bipartidário, enquanto outros podem deixar de se envolver na democracia.

Poder-se-ia esperar que a recente escalada da violência política conduzisse a uma abordagem mais moderada da política nos próximos meses. Mas se o estado atual das coisas servir de guia, as perspetivas para a democracia são preocupantes.

17 Comments

  1. Não é “Serviços Secretos”, mas sim “Serviço Secreto”.
    «The United States Secret Service (USSS or Secret Service) is a federal law enforcement agency under the Department of Homeland Security with the purpose of conducting criminal investigations and protecting U.S. political leaders, their families, and visiting heads of state or government.»

  2. Se ele tivesse ficado mal não havia duvidas, o grande problema para mim é ele nem mostra um pouco de dor, ou ele estava sobre efeitos de drogas para não sentir dores ou foi tudo montado. Tudo muito conveniente

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  3. A política internacional está um caos.
    1) A Leste, a ditadura de Putin, invade um país soberano, com intuito de anexação total à Rússia, e põe o mundo à beira da 3ª Guerra Mundial, além de exaurir economicamente a União Europeia e provocar uma crise económica no Ocidente.
    2) A Ocidente, a loucura leviana do Politicamente Correcto, do anti-nacionalismo e da política das Portas Abertas, atira a Europa e a América do Norte para uma invasão migratória nunca vista desde o tempo do Império Romano. Os povos de raça branca, tanto nórdicos como meridionais, correm sério risco de extinção, a breve ou médio prazo. Ao contrário do que aconteceu há séculos, desta vez os “bárbaros” são povos afro-asiáticos, com mentalidades, culturas e genética completamente alheias à genética e cultura europeias. A Europa, sobretudo, está à beira de um período negro, e que poderá dar cabo de uma civilização que demorou séculos a ser criada. Todos os avanços sociais, económicos, culturais, científicos, podem ser subitamente obliterados por uma avalanche de obscurantismo, de ignorância, de fanatismo e de primitivismo. Tudo isto vai acontecer com o beneplácito de quem manda na União Europeia, e que continuamos sem saber quem é, gente que não foi eleita pelos povos, e que impõe a sua vontade destruidora.
    3) Aquele que é considerado o país mais poderoso do mundo atravessa uma crise sem precedentes. Os EUA não têm uma liderança credível e sólida. De um lado, um presidente senil que persiste em ser reconduzido para um lugar para o qual não está notoriamente capacitado. A outra alternativa reapresenta-se sob a forma de uma personalidade amoral, anti-democrática, errática, e muito provavelmente controlada pelo ditador Putin.
    4) O mundo nunca esteve tão mal, em todos os sentidos. Ao pé disto a Guerra Fria era uma brincadeira de crianças.

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  4. O que é facto é que Biden referiu uns dias antes que Trump deveria começar a ser objeto de alvo. E o rapaz correspondeu e alvejou Trump. Portanto, politicamente, Biden poderá ficar bastante manchado se não mesmo ligado a este atentado.

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  5. Parabéns Joca pelo seu comentário que, descreve com grande nitidez a realidade nua e crua que o mundo atual nos oferece. É pena e preocupante que ande tanta gente distraida e a dar corpo a tantos ilusionismos. A ONU, um saco de gatos, uma verdadeira fantochada existencial e Comunidade Europeia para lá caminha. O calculismo do ditador da Rússia terá assente a sua estratégia nestas realidades, nestes declínios. Disso se estão também a aproveitar os fanatismos do Médio Oriente. Em suma, vivem-se tempos que podem constituir indício de épocas de grande turbulência mundial, num futuro próximo.

  6. Joca, controlado pelo Putin? Isso é propaganda dos Democratas. O Trump foi investigado por coligação com os Russos, e adivinha quem é que foi condenado por coligação com os Russos? A pessoa que o andava a investigar.

  7. Muito antes do sucedido, o atacante foi visto a passear pelo recinto de arma na mão. Montou as escadas, subiu para o telhado e disparou sem qualquer oposição. Pessoas alertaram a segurança sobre o atacante e não foi feito nada. A segurança viu o atacante e ficou à espera do ok para disparar (nestas situações, só têm que disparar assim que vêm uma ameaça). Todos os edifícios tinham agentes do USSS, menos aquele. A diretora do USSS desculpou-se que aquele edifício era responsabilidade das autoridades locais e que o telhado tinha um declive que podia colocar em causa a segurança dos agentes (grande lol). O FBI não consegue desbloquear o telemóvel do atacante (lol). O FBI disse que o atacante agiu sozinho, sem ter quaisquer provas disso. O atacante tinha o carro cheio de explosivos. Momentos antes, os jornalistas junto do pódio, são indicados para se posicionarem num determinado ângulo.

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  8. Miguel, morreram duas pessoas e tu vens com a história que foi tudo encenado. Quem é que no seu perfeito juízo diz “Ya, eu sacrifico-me para que o presidente A ou B ganhe as eleições”. Porque alguém que tenta assassinar um candidato político, sobretudo nos EUA, tem um bilhete garantido para a quinta das tabuletas. O atacante nunca iria sair dali vivo. Vai ler notícias, mas as que passam nos EUA, não é o que dá aqui na CMTV.

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  9. Um pouco tarde para emendar o irremediavelmente perdido.
    Será que ainda val a pena tentar? Em nome das “liberdades” estamos acorrentados e sem remédio à vista!

    Tão triste! Tantos inocentes que vão sofrer por causa das “Liberdades”! Estas estão mesmo condenadas a perderem-se em troca de tantas vidas a perderem-se !

    Que mais nos irá acontecer?!!!!!
    Acordem se ainda valer a pena!

  10. Alguém viu os corpos dos “mortos” ? O rapaz está deitado no chão, apenas, e o tal bombeiro, alguém o viu ? Imaginação dos “media”. História parecida com as Torres de NY, o 9/11. Estes Amaricanos são uns grandes actores.

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