A corrida à sucessão de Rui Rio já está a fazer o aparelho tremer. Luís Montenegro está a amealhar apoios para ir a jogo, com o rioísmo ao lado; Miguel Pinto Luz está tentado a ser a alternativa.
O Observador avança, esta sexta-feira, que Luís Montenegro deverá mesmo avançar para uma candidatura ao trono laranja.
Os apoiantes apontam dois cenários para que o impasse seja resolvido o mais depressa possível: eleições a 2 e 9 de abril (primeira e segunda volta) com congresso a 30 de abril; ou eleições no final de abril, com congresso em maio.
O objetivo é que a situação esteja resolvida até ao fim da primeira quinzena de maio. De fora da equação está, portanto, a realização de um congresso de reflexão.
O facto de Montenegro estar cada vez mais próximo do rioísmo facilita-lhe as hipóteses de vitória. Aliás, Luís Montenegro e Rui Rio estiveram mesmo reunidos num hotel do Porto, onde discutiram o resultado das legislativas, o calendário interno e o futuro do partido.
Ainda que o núcleo do ainda líder do PSD insista em retirar qualquer significado político do encontro, garantindo que Rio vai falar com todos os potenciais candidatos, entende-se que Montenegro o procurou.
Desta feita, só um candidato igualmente forte será capaz de lhe fazer frente. O Observador escreve que Paulo Rangel e Miguel Pinto Luz prefeririam um calendário “mais distendido no tempo” e um congresso extraordinário para discutir o partido antes da discussão em torno do sucessor.
Contudo, sem um entendimento entre os dois, será mais difícil derrotar Montenegro.
Paulo Rangel nunca descartou publicamente a hipótese de ir a votos, mas não terá tropas suficientes para derrotar Montenegro. Já Pinto Luz conta com as tropas para fazer mossa, mas ainda não tem notoriedade suficiente.
Ainda assim, dada a aproximação de Montenegro a uma parte do aparelho do rioísmo, Pinto Luz começa a acreditar que pode apresentar-se a votos como alternativa.
Jorge Moreira da Silva assiste à distância, sem revelar o que o futuro lhe reserva. Se Rangel e Pinto Luz não avançarem, poderá dar ele o passo.
Aconteça o que acontecer, a questão da liderança não fica resolvida em 2022, uma vez que os sociais-democratas podem enfrentar três eleições diretas até 2026 e só aí escolher o líder que vai disputar as próximas legislativas.
Tendo em conta que o mandato de presidente do PSD dura dois anos, o próximo líder escolhido em maio de 2022, por exemplo, terá de ir novamente a votos em 2024, depois das europeias.
Ora, o cenário não é animador: as europeias tenderão a favorecer os partidos de esquerda (prejudicados pelas legislativas) e a facilitar a vida à Iniciativa Liberal e ao Chega, uma vez que este voto costuma ser mais livre e criativo.
O Observador explica: quem votou IL e Chega nas legislativas, dificilmente vai votar no PSD nas europeias.
O partido laranja arrisca, assim, mais uma derrota. E se vier mesmo a acontecer, o sucessor de Rio está condenado ao fracasso.
É esta convicção – de que o próximo presidente do PSD vai ser um líder de transição, destinado a durar dois anos – que está a condicionar a corrida eleitoral.
Até o BigMac (Marco António Costa), o mafioso que chegou a vice do PSD no tempo do Passos, já aparece na TV como “comentador”!…