“Somos dos piores pagadores da Europa. Se continuarmos, teremos dos piores colaboradores da Europa”

Presidente da IBM Portugal vê uma maioria absoluta do PS instável mas uma economia com alguma estabilidade.

As eleições legislativas de Janeiro de 2022 trouxeram uma maioria absoluta do Partido Socialista “um bocado instável” em termos políticos mas originaram “alguma estabilidade” na economia portuguesa.

A análise é de Ricardo Martinho, presidente da IBM Portugal, que não vê consequências na sua empresa, fruto da instabilidade política.

Mas, avisa, se a instabilidade se prolongar e aumentar (queda do Governo), as consequências serão outras: “Vai ter muito impacto e vai ser muito mau para todos“.

Em entrevista à CNN, e questionado sobre a tendência de despedimentos colectivos nas grandes empresas tecnológicas, o responsável assegurou: “Não temos nenhuma política de despedimento. Não estamos a pensar entrar nessa vaga. Estamos, ao contrário, a pensar em criar mais postos de trabalho”.

Ricardo tem noção de que há um “problema de recursos, de escassez de recursos e de capacidade de retenção desses mesmos recursos”, num mercado cheio.

“Todos nós sabemos: a questão fiscal conta. Temos alguns benefícios para primeiros empregos, mas não temos benefícios para quadros especializados, por exemplo. Reter pessoas com grande talento é, muitas vezes, complicado quando, andando algumas centenas de quilómetros, arranjam se calhar um trabalho em Espanha e têm um benefício fiscal muito considerável. Portanto, nós temos de jogar com isso tudo”, analisou.

O presidente da IBM Portugal destacou um aspecto: as políticas salariais têm de ser e têm de continuar a ser revistas.

Não podemos continuar constantemente a ser dos piores pagadores da Europa, porque aí vamos ter dos piores colaboradores da Europa. As pessoas também trabalham para ter a sua independência financeira e serem remuneradas”, avisou.

Ricardo considera que o tem sido feito em Portugal para baixar o IRS sobre o trabalho não é suficiente: “Nós temos que ajudar as empresas a poderem ser mais competitivas. E ajudar as empresas a serem mais competitivas não é só obrigar a que produzam mais e tenham cada vez mais resultados”.

“Isso é a nossa obrigação. Nós temos de apresentar crescimento, temos de apresentar novas áreas, novas matérias, novos centros, novos postos de trabalho… mas também têm de nos dar todas as condições para que nós sejamos cada vez mais competitivos e possamos lutar neste mercado”, apelou.

ZAP //

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