A estranha moda dos transplantes de barba

princeandprincessofwales / Instagram

Desde 2008 que o príncipe William de Inglaterra não aparecia em público de barba

Os transplantes de barba eram “quase desconhecidos até ao início dos anos 2000”, mas isso está a mudar rapidamente — em particular no Reino Unido, onde o fenómeno parece estar associado ao “efeito Príncipe William” e à necessidade de ser “levado mais a sério e parecer másculo”.

De acordo com dados da Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar citados pela The Week, o número de transplantes de barba efetuados em todo o mundo “aumentou radicalmente”, quadruplicando nos últimos 20 anos.

Os potenciais pacientes deste procedimento, quase desconhecido até ao início deste século,  procuram aparentemente um “aspeto mais masculino” — e cortar as pestanas parece não ser suficiente.

Todos os anos, cerca de 200.000 britânicos realizam um transplante capilar, refere o The i Paper, e a nível mundial a indústria da queda de cabelo está avaliada em “mais de 20 mil milhões de dólares“.

A queda de cabelo é uma preocupação significativa para muitas pessoas em todo o mundo, afetando o bem-estar emocional e a qualidade de vida.

Mas o que explica que essa preocupação se esteja agora a estender para a cara — e qual a origem do estranho fenómeno da moda dos transplantes de barba? O que é que os homens com pêlos faciais têm de tão excitante?

Efeito William

Nos anos 1990, a maior parte dos atores famosos, desportistas e celebridades masculinas tendiam a aparecer em público com a barba feita.

No início da década de 2000, porém, celebridades como o ator George Clooney e o futebolista David Beckham ajudaram a trazer o look barbudo para a ribatla, diz o The i Paper.

Segundo Manish Mittal, cirurgião de transplante capilar em Londres, os pedidos de transplantes de barba aumentaram significativamente a partir de 2019, Os seus clientes — principalmente homens na casa dos 30 anos — “querem ser levados mais a sério e parecer másculos“, diz o cirurgião.

Um estudo publicado em 2016 na Journal of Evolutionary Biology concluiu que os homens com pêlos faciais eram considerados mais atraentes do que os seus pares com barba por fazer.

“Talvez porque a barba dá ao rosto mais definição na linha da mandíbula e melhora as perceções de idade e masculinidade“, disse ao HuffPost o ecologista comportamental humano Barnaby Dixson, autor do estudo.

No ano passado, o Príncipe William apareceu em público com barba. Segundo a Marie Claire, o arrojado visual “tornou-se tão popular entre os fãs da realeza que, na verdade, lamentaram que ele tivesse voltado a barbear-se”.

No entanto, o efémero look barbudo do herdeiro da coroa britânica inspirou outros homens a copiar o seu visual.

Uma clínica em Istambul afirmou ter efetuado 200% mais transplantes de barba, o que o seu cofundador apelidou de “efeito Príncipe William”. “Acham que tem um aspeto robusto e masculino”, disse

Murat Alsac, fundador de uma clínica turca de transplante capilar em Istambul, contou ao Daily Express que o número de pedidos de transplantes de barba triplicou desde que William decidiu experimentar como ficaria de barba.

Mais do que o Príncipe William, no entanto, parece ter sido um famigerado coronavírus a dar impulso à moda das caras barbudas. Segundo The Guardian, o “surto mais alargado de pogonofilia (amor pela barba)” na última década foi estimulado pela pandemia de covid-19.

De acordo com o jornal britânico, os confinamentos criaram uma combinação fatal de tempo livre e dinheiro na carteira, agravada por horas intermináveis de videochamadas que despoletaram a onda dos ajustes estéticos com barbas maiores e mais cheias.

Mas esta procura crescente criou um campo minado, diz o jornal britânico. Sites e contas nas redes sociais escondem “práticas duvidosas”, e no Reino Unido não existe formação formalmente reconhecida nem lei que impeça que o procedimento seja realizado por técnicos não qualificados.

Com efeito, os transplantes de barba são mais complexos do que os transplantes de cabelo: os cirurgiões usam uma agulha para puxar cabelo — normalmente de na parte de trás da cabeça, onde o cabelo é mais grosso — para o inserir no rosto através de pequenos cortes na pele, explica o The Guardian.

O rosto está cheio de nervos, e os pêlos da cabeça são mais finos do que os do rosto, exigindo uma mistura cuidadosa para se conseguir um aspeto uniforme. Ocasionalmente, o procedimento corre mal. É possível reverter a situação, mas a reversão do transplante pode deixar provocar cicatrizes no rosto.

No rosto, os riscos são maiores. Claro que, para tapar os estragos, basta voltar a deixar crescer a barba… ou fazer um novo transplante.

ZAP //

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