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Lion Air. Pilotos do Boeing tinham apenas 40 segundos para se salvarem

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Numa simulação do voo da Lion Air, que se despenhou no mar de Java em outubro do ano passado, os pilotos de testes descobriram que tinham menos de 40 segundos para ultrapassar o sistema automático dos Boeing 737 Max 8 e evitar o acidente.

Durante as simulações que recriaram os problemas do voo da Lion Air, que se despenhou em outubro do ano passado no mar de Java, na Indonésia, os pilotos descobriram que tinham menos de 40 segundos para contornar um sistema automatizado nos novos aviões da Boeing de modo a evitar o acidente.

Segundo o The Independent, estiveram envolvidos nas simulações diferentes pilotos de companhias aéreas distintas. Estes profissionais tinham como objetivo perceber como é que o 737 Max responderia com o software originalmente previsto e com a versão atualizada do mesmo.

Os pilotos testaram uma situação semelhante à que os investigadores suspeitam ter acontecido aquando da queda do Lior Air, na Indonésia. Algumas das simulações foram realizadas em Renton, onde o 737 Max é construído, no último sábado, e foram realizadas por pilotos da American Airlines, da United Airlines, da Southwest Airlines, da Copa Airlines e da FlyDubai.

Nos testes registou-se a falha de um único sensor que ativou o software desenvolvido para ajudar a prevenir o estol – termo técnico usado para descrever situação de queda ou perda de sustentação da aeronave.

O sistema automatizado, conhecido como MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System), está na mira das autoridades que estão a investigar o que aconteceu no desastre de outubro. No entanto, as autoridades que investigam o acidente da Ethiopian Airlines estão também atentas, uma vez que ambas as aeronaves tinham o mesmo modelo do Boeing.

O MCAS é um sistema que é ativado de forma automática sem a ordem do piloto e que aplica um estabilizador horizontal quando o avião entra em situação de estol. Essa ativação depende da informação que é enviada por sensores e outros sistemas tecnológicos da aeronave.

No caso particular do acidente da Lion Air com um Boeing 737 Max 8, os sensores terão enviado a informação errada.

Nas simulações, os pilotos tiveram apenas breves momentos para desativar o sistema e evitar o acidente. Duas fontes envolvidas nos testes e ouvidas pelo The New York Times, os pilotos que realizaram as simulações nunca se tinham apercebido do quão poderoso é o sistema em causa.

Ainda assim, existem procedimentos que têm como objetivo neutralizar o sistema MCAS. Se o sistema começar a puxar o nariz do avião para baixo, por exemplo, os pilotos são capazes de reverter o movimento acionando um interruptor com o polegar, que prolonga a janela de 40 segundos, dando-lhes mais tempo para reagir.

Além deste, há outros procedimentos para neutralizar o MCAS, coisa que os pilotos que realizaram as simulações conseguiram fazer. No entanto, é preciso ter em conta que estes profissionais têm mais conhecimento de como funciona o sistema do que os pilotos que faleceram na sequência dos dois acidentes.

Segundo o site FlightlGlobal, os pilotos que voavam com o anterior modelo 737 da Boeing, e que começaram então a voar com o novo 737 Max 8, tiveram de fazer apenas um “breve curso de diferenças” para se adaptarem às diferenças do novo aparelho.

Até ao momento, ainda não foi possível determinar o que aconteceu nos desastres da Lion Air, em outubro de 2018, e no da Ethiopian Airlines, na Etiópia. No entanto, segundo o que já foi apurado, não restam dúvidas de que os pilotos da Lion Air receberam pouco treino sobre este sistema – tendo em conta que, durante os minutos finais do voo, o capitão procurou num manual técnico explicações para o que estava a acontecer.

LM, ZAP //

7 Comments

  1. “…durante os minutos finais do voo, o capitão procurou num manual técnico…”
    Agora eu a criticar, não tem jeito nenhum estar eu a escrever isto!
    Ora bem, se isto é possível, porque será que somos impedidos de conduzir a carta Z porque a X é a que temos, mesmo que até seja quase a mesma coisa, ou até mais fácil de conduzir?
    Ou…
    “Amigo chega aí o manual do carro que nem sei onde é o travão, RAPIDO que tenho que travar!!!”
    ………sem mais comentários………

    • Esse tipo de comentário só podia vir dum tremendo burro.. Se soubesses minimamente os procedimentos em aeronáutica nem sequer dizias merdas

  2. “prevenir o estol – termo técnico usado para descrever situação de queda ou perda de sustentação da aeronave.”
    – O termo técinco é “Stall” ou, em português, perda de sustentação.

    • es·tol
      substantivo masculino
      [Aeronáutica] Fenómeno aerodinâmico em que há diminuição da força de sustentação, com perda de velocidade e de altitude por a diferença entre a pressão do ar de baixo para cima nas asas e a pressão de cima para baixo não ser suficiente para manter a aeronave no ar. = PERDA
      Estol“, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

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