Na sequência do ataque terrorista de sexta-feira em Moscovo, várias figuras da política russa trouxeram ao debate a reintrodução da pena de morte na Rússia – suspensa desde a década de 1990.
Os quatro presumíveis atacantes a uma sala de concertos nos arredores de Moscovo que provocou pelo menos 182 mortos foram condenados a prisão preventiva por dois meses, deliberou um tribunal da capital russa.
De acordo com a Associated Press, três destes quatro homens admitiram a culpa em tribunal.
Os quatro homens são acusados de “terrorismo” e arriscam prisão perpétua, indicou em comunicado o tribunal Basmanny de Moscovo.
Com este episódio, o debate da pena de morte voltou ao espaço público.
Proibida naquele país desde 1996, a pena de morte volta a ser vista, por alguns, como uma solução no combate a este tipo de fenómenos
Apesar do Kremlin já ter garantido que não iria fazer parte dessa discussão, vários aliados do Presidente Vladimir Putin sugerem que a ideia seja novamente ponderada.
O ex-presidente e primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, defendeu a ideia de “combater morte com morte” – como cita a Antena 1.
Também Vladimir Vassiliev, líder do partido do governo na Câmara Baixa Parlamentar, considera que este é uma assunto que merece ser aprofundado.
O responsável russo por questões de segurança Yuri Afonin apoia, igualmente, esta posição, referindo “quando se trata de terrorismo e assassinato de pessoas, precisamos restabelecer a lei que autoriza a pena de morte”.
Ataque mais mortífero dos últimos anos
Segundo as autoridades russas, até ao momento, as forças de segurança detiveram 11 pessoas relacionadas com o ataque, das quais quatro participaram pessoalmente no atentado.
O ataque, reivindicado por um grupo filiado no movimento ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI), foi o mais mortífero em solo russo os últimos anos.
O número de mortos no ataque aumentou para 182, incluindo pelo menos três crianças, de acordo com o último balanço oficial, tendo sido referido que foram encontradas armas e munições no local.
O Departamento de saúde da região de Moscovo indicou ainda que 101 pessoas permanecem internadas, 61 recebem tratamento ambulatório e 20 tiveram alta, num total de 182 feridos.
A Rússia viveu hoje um dia de luto nacional pelas vítimas deste ataque nos arredores de Moscovo. Desde o início do dia que os cidadãos levam flores ao local do ataque, na cidade de Krasnogorsk, com as bandeiras russas em todas as instituições estatais a meia haste.
O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico (EI) e condenado pelo Presidente russo, Vladimir Putin, que o denominou de ato terrorista “bárbaro e sangrento” e apelou à vingança.
Embora não tenha especulado sobre os autores intelectuais do ataque, sugeriu que quatro dos detidos tentavam cruzar a fronteira para a Ucrânia, que, segundo o líder russo, tentou criar uma “janela” para ajudá-los a escapar.
As autoridades ucranianas negaram qualquer envolvimento no ataque e uma fonte da inteligência dos Estados Unidos da América disse à Associated Press que as agências norte-americanas confirmaram que o grupo era responsável pelo ataque.
Segundo comunicado do EI – entidade qualificada pela Casa Branca como um “inimigo terrorista comum” – o ataque de sexta-feira insere-se no contexto da “guerra violenta” entre o grupo e “os países que lutam contra o Islão”.
França anunciou, este domingo, o reforço do plano de segurança do país para o nível mais elevado na sequência do ataque em Moscovo.
ZAP // Lusa