O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque mortal desta sexta-feira a “um grande número de cristãos” em Moscovo.
O ataque da noite desta sexta-feira foi reivindicado pela organização terrorista islâmica pouco tempo depois de os serviços secretos ucranianos terem acusado Kremlin e os seus serviços secretos de o terem orquestrado para culpar a Ucrânia e justificar uma “escalada” da guerra.
Em comunicado publicado no seu perfil na rede social Telegram, o auto-proclamado Estado Islâmico diz que os seus combatentes “atacaram um grande número de cristãos, fizeram centenas de mortos e feridos e causaram destruição massiva” em Moscovo, antes de se “retirarem em segurança para a sua base”.
Há 115 mortos confirmados, segundo informou já no sábado o Comité de Investigação (CI) russo. Entre as vítimas mortais há pelo menos três crianças, segundo os dados oficiais.
As causas da morte são, de acordo com os investigadores russos, ferimentos de bala e intoxicação pelo fumo do incêndio provocado pelos terroristas.
Mas o número de vítimas mortais vai aumentar muito, admitiu o governador da região de Moscovo, Andrei Vorobyov.
Muitas vítimas foram baleadas mas outras ficaram sufocadas pelo incêndio – o edifício ficou em chamas, levando ao desabamento do telhado, quando ainda estariam 200 pessoas lá dentro.
A agência estatal russa RIA Novosti informou que pelo menos três homens com camuflados irromperam pela sala de concertos e dispararam armas automáticas. Houve tiroteio e o local ficou em chamas.
Não ficou imediatamente claro se o ataque, que ocorreu durante um concerto da banda de rock russa Piknik, ainda estava em curso ou se ainda havia alguém no interior do edifício na altura em que a notícia foi divulgada pelas agências russas.
O ataque ocorreu ao início da noite no Crocus City Hall, uma sala de espetáculos situada em Krasnogorsk, um subúrbio situado mesmo junto à saída noroeste da capital russa.
“As pessoas que se encontravam no local deitaram-se no chão para se protegerem das balas, durante entre 15 e 20 minutos, após o que começaram a sair de rompante. Muitas conseguiram escapar”, relatou a Ria Novosti.
Detenções
Foram detidas 11 pessoas, anunciou o Comité de Política Internacional da Duma, câmara baixa do parlamento, Alexander Khinstein.
De acordo com a mesma fonte, a polícia intercetou um veículo em fuga perto da localidade de Jatsun, região de Briansk, a cerca de 340 quilómetros a sudoeste de Moscovo e no interior encontrou uma pistola, um carregador para uma arma de assalto e passaportes para o Tajiquistão, noticiou a agência russa TASS.
O veículo intercetado coincide com a descrição inicial fornecida pelas autoridades sobre o carro em que os responsáveis pelo ataque à sala de espetáculos Crocus City Hall se puseram em fuga.
Imediatamente após o anúncio, o Ministério dos Negócios Estrangeiros tajique indicou que não tinha recebido “confirmação das autoridades russas” sobre a nacionalidade dos agressores e pediu à opinião pública que espere pela verificação oficial da identidade, segundo um comunicado divulgado na rede social Telegram.
“Há que ter em conta que a difusão de informação não confirmada e pouco fiável pode prejudicar os cidadãos do Tajiquistão que se encontram atualmente fora do país”, sublinhou o Governo tajique.
O presidente da câmara de Moscovo, Sergei Sobyanin, anunciou o cancelamento de todos os eventos públicos.
Os canais noticiosos Baza e Mash da plataforma digital Telegram, considerados próximos das forças de segurança, divulgaram vídeos que mostram pelo menos dois homens armados a avançar para a sala e outros em que podem ver-se cadáveres e grupos de pessoas precipitando-se para a saída.
Noutras imagens, veem-se espetadores a esconder-se atrás dos assentos ou a sair da sala de concertos.
https://twitter.com/Eventmund/status/1771241897857589538?t=fYbDeKzeqNcjWyYsTMArzQ&s=19
Estados Unidos tinham avisado
A embaixada dos Estados Unidos na Rússia tinha alertado há duas semanas os seus cidadãos, afirmando: “Os extremistas têm planos iminentes para atacar grandes concentrações em Moscovo, incluindo concertos”.
A notificação preventiva, publicada no site da embaixada, mencionou especificamente o potencial de eventos como concertos e encontros multitudinários serem alvos nas próximas 48 horas.
O alerta da embaixada dava na altura uma série de recomendações para que os americanos deixem a Rússia imediatamente, embora detalhes específicos sobre a natureza da ameaça não tenham sido divulgados.
“Se os Estados Unidos têm, ou tiveram, informações fiáveis sobre este assunto, devem transmiti-las imediatamente à Rússia”, afirmou hoje a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.
Este aviso surgiu pouco depois de o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) ter anunciado que tinha impedido um ataque planeado a uma sinagoga em Moscovo por um grupo ligado à fação afegã do Estado Islâmico.
No passado, a Rússia foi alvo de numerosos ataques por parte de grupos islamitas, mas também de tiroteios sem motivos políticos ou atribuídos a pessoas desequilibradas.
Em 2002, combatentes chechenos fizeram reféns 912 pessoas no teatro Dubrovka, em Moscovo, para exigir a retirada das tropas russas da Chechénia.
O sequestro terminou com uma operação das forças especiais russas que se saldou na morte de 130 pessoas, quase todas asfixiadas pelo gás utilizado pelas forças de segurança.
Ataque em Moscovo é “operação” do Kremlin
A Ucrânia “não tem absolutamente nada que ver” com o tiroteio em Moscovo, declarou Mikhailo Podoliak, conselheiro da Presidência da República ucraniana, que classifica o ataque como um “ato terrorista”.
“Sejamos claros, a Ucrânia não tem absolutamente nada que ver com esses acontecimentos”, garantiu na plataforma digital Telegram Podoliak, cujo país combate há mais de dois anos uma invasão russa.
“A Ucrânia nunca utilizou métodos de guerra terroristas”, acrescentou. Para Kiev, “é importante realizar operações de combate eficazes, ações ofensivas para destruir o exército regular russo” e pôr fim à invasão, sublinhou ainda o responsável.
Por sua vez, a legião Liberdade da Rússia, um grupo de combatentes russos anti-Kremlin sediado na Ucrânia, negou também qualquer envolvimento no mortífero ataque armado hoje ocorrido numa sala de concertos moscovita.
“Sublinhamos que a Legião não combate os civis russos”, declarou o grupo, que responsabilizou “o regime terrorista do Presidente russo, Vladimir Putin”.
Os serviços secretos ucranianos, por seu turno, acusaram Kremlin e os seus serviços secretos de orquestrarem o ataque mortal desta sexta-feira à noite, para culpar a Ucrânia e justificar uma “escalada” da guerra, noticiou a AFP.
“O ataque terrorista em Moscovo foi uma provocação planeada e deliberada pelos serviços secretos russos sob as ordens de Putin. O seu objetivo é justificar ataques ainda mais duros contra a Ucrânia e a mobilização total na Rússia”, asseguraram os serviços de informação militar ucranianos (GUR), acrescentando que o ataque “deve ser entendido como uma ameaça de Putin para escalar e prolongar a guerra“.
(artigo actualizado)
ZAP // Lusa
Muçulmanos, cristãos… O raio que parta as barbáries das religiões, que têm sido ao longo dos séculos o cancro das sociedades, que tudo justifica;
de todas as partes, as que atacam e as que sofrem, alternadanente ou em simultâneo.
Até que enfim que a Rússia está em guerra e acabou a operação militar especial…. Cambada de palhaços estas russos.
e
“Se os Estados Unidos têm, ou tiveram, informações fiáveis sobre este assunto, devem transmiti-las imediatamente à Rússia”, afirmou hoje a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.” como é possível??..
É o que os russos fazem quando matam indiscriminadamente civis Ucranianos?? Avisam quem? Estão a pedir uma lição estas nazis vermelhos..
Para já, estão a começar a provar do próprio veneno.
Não concebo como pode alguém regilozijar-se com a morte de inocentes, que em nada são responsáveis pela insanidade dos que, à sua custa, alimentam a sede de sangue, própria de bandidos loucos e cruéis.
Não tarda a que estes heróis de sofá chorem baba e ranho, quando os seus filhos e irmãos começarem a ser chamados a participar, naquilo com que hoje lidam de forma leviana, como se de um jogo de futebol se tratasse.
O terrorismo só tem uma face, venha ele de grupos ou estados e a Rússia é terrorista quando mata civis e provoca miséria indiscriminadamente. Foi o que os Russos sempre souberam fazer e bem, basta ir a História.