A habitação e o turismo dominaram o debate transmitido pela TVI, esta quinta-feira, que juntou sete dos 11 candidatos à câmara do Porto. Todos os presentes defenderam que o Porto perdeu identidade durante os mandatos de Rui Moreira.
Num debate que juntou sete dos 11 candidatos à presidência da Câmara Municipal do Porto para as eleições autárquicas de 26 de setembro, a qualidade de vida e identidade da cidade foram dois dos temas em destaque que levaram o atual presidente da autarquia e candidato independente Rui Moreira a afirmar que a cidade “tem dores de crescimento”.
“A cidade tem naturalmente dores de crescimento. Todas as cidades como o Porto têm dores de crescimento. O Porto em termos económicos cresceu e isso cria naturalmente um conjunto de dificuldades”, afirmou o independente, que se recandidata a um terceiro mandato.
O independente recorda que além do famoso vinho do Porto e do Futebol Clube do Porto era necessário mostrar outras facetas da Invicta.
“A atração de investimento faz-se ao explicar que o Porto tem uma universidade, centros de pesquisa e capacidade de atrair congressos”, sublinhou, não ignorando que “há problemas”, mas acreditando que tem “conseguido dar qualidade de vida aos portuenses”.
Rui Moreira salientou que, quando iniciou o primeiro mandato, se empenhou em projetar internacionalmente a cidade, dando “continuidade ao que vinha a ser feito na área do turismo”, através da atração de investimento.
Já o candidato socialista Tiago Barbosa Ribeiro defendeu que os portuenses “não têm qualidade de vida” e que tal se reflete “na variação do poder de compra entre 2013 e 2017”.
“Vemos que a cidade do Porto ao longo dos últimos anos tem vindo a perder poder de compra, tem vindo a perder qualidade de vida“, afirmou, rejeitando atribuir responsabilidade aos vereadores socialistas com o pelouro da habitação e do urbanismo durante o primeiro mandato de Rui Moreira na Câmara do Porto.
Num debate em que a especulação imobiliária e o turismo foram atribuídos como os principais fatores para a “perda de identidade” do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro disse ter existido “um excesso e ausência de políticas públicas” nesta matéria, considerando que faltaram “dinâmicas de contenção do turismo” e apelando a Rui Moreira para ter um discurso “consentâneo com a realidade”.
Também o candidato social-democrata Vladimiro Feliz afirmou que a cidade está um “caos”, reiterando que “se o Porto estivesse melhor, eu não estaria aqui. Tenho a minha vida profissional bem resolvida”. O social-democrata lembrou ainda que “o Porto já era o melhor destino europeu” quando o PSD saiu da autarquia, em 2013.
Apelando ao independente Rui Moreira para ser “mais coerente” nas suas afirmações, Vladimiro Feliz disse ser necessário “regular” o setor, recusando a ideia de o “proibir”.
“O turismo não é excessivo no Porto, a pegada turística é que está muito presente no centro e na zona da ribeira”, afirmou.
“O Porto não são apenas números, são as pessoas”
Por sua vez, Ilda Figueiredo, candidata da CDU, afirmou existir “uma população a viver com imensas carências” na cidade, atribuindo responsabilidades tanto à administração central, “que não investiu o que era preciso”, como à maioria liderada por Rui Moreira, que não criou na cidade “uma política de contenção e regulamentação” dos alojamentos turísticos.
“O Porto não são apenas números, são as pessoas e a grande perda da cidade são as pessoas porque não quiseram pôr a tempo o mecanismo de contenção do alojamento local, não quiseram planear o turismo, nem criar programas alternativos que permitissem que as pessoas se distribuíssem pela cidade”, afirmou.
Ilda Figueiredo salientou ainda que a especulação imobiliária está a “voltar” e que tal tem “repercussões sérias” na medida em que está a ser “adquirido o património da cidade”, critica partilhada por Sérgio Aires, candidato pelo Bloco de Esquerda, que afirmou que “esse é o problema do modelo e paradigma económico seguido e aprofundado pelo executivo de Rui Moreira”.
“Este modelo económico, que se passa em muitos sítios e que é uma opção clara de monocultura do turismo e aqui no Porto tem uma agravante, esta opção quase exclusiva de uma indústria que vive de uma forma de estar que gere uma precariedade”, afirmou, dizendo-se ainda preocupado com a descaracterização do Porto.
Já a candidata do PAN, Bebiana Cunha acusou o executivo de não ter desenhado “um plano estratégico” para o setor e defendeu a necessidade de se construir uma “estratégia” para o turismo no Porto.
“O problema não é o turismo, o problema é o modelo que optamos”, referiu.
Pelo Chega, António Fonseca afirmou ser necessário “repovoar” e “rejuvenescer” a cidade, considerando que a mesma “está a ficar uma instância turística”. “Precisamos de pessoas a viver no centro histórico”, disse, lembrando que o turismo é “bem-vindo”, mas que os turistas “não chegam para ver turistas, mas sim a população”.
Questionado sobre a eventualidade do Porto correr o risco de perder o estatuto de Património da Humanidade, Rui Moreira disse ter “muita confiança” nos projetos aprovados pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).
“Se a condição para sermos Património Mundial era estarmos como estávamos em 2005, mais vale estarmos como estamos hoje”, afirmou, defendendo que “a cidade não está descaracterizada”.
ZAP // Lusa
Foi o turismo que nos últimos anos fez a cidade do porto renovar-se. Senão até hoje estariam muitos edifícios ao abandono. E mesmo assim ainda estão muitos terrenos e edifícios ao abandono e em ruínas pelo porto, há tantos e tantos anos que se torna difícil entender porque estão assim.
Recomende aos nossos políticos que devem ser bons viajantes de quando visitarem cidades estrangeiras observem o que por lá se passa e depois como se faz! Não pretendo com isto dizer que haja bons exemplos por todo o lado, mas que os há disso estou certo!