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Pedrógão Grande. Associação de Vítimas diz que relatório confirma que nada mudou na floresta

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Miguel A. Lopes / Lusa

O relatório da comissão eventual de inquérito parlamentar sobre Pedrógão Grande confirma as preocupações da Associação de Vítimas relativamente à falta de ação na floresta da região.

“[O relatório] confirma a evidência que já tínhamos de que a questão florestal está completamente na mesma, sem qualquer alteração desde 17 de junho [de 2017], eventualmente pior, pela quantidade de combustível no território“, disse à agência Lusa a presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG), Dina Duarte.

O risco de incêndio na zona do Pinhal Interior “mantém-se muito elevado”, concluiu a comissão eventual de inquérito parlamentar sobre o incêndio de Pedrógão Grande, em 2017, no relatório publicado na terça-feira, em que recomenda “uma avaliação global externa” ao Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios.

Segundo Dina Duarte, apesar de algum trabalho feito de limpezas “junto das aldeias e das vias de comunicação”, o território continua marcado pela regeneração natural do eucalipto, espécie que é “a rainha” na região.

“Faz falta um ordenamento florestal e lamentavelmente o que a associação confirma é que alguns proprietários continuam a investir no eucalipto”, notou.

Para a presidente da AVIPG, é necessário ações de sensibilização junto dos pequenos proprietários, mas também um investimento mais robusto e forte para uma reflorestação do território, com vista à mudança da sua paisagem e à aposta em espécies autóctones, normalmente mais resilientes a incêndios.

Dina Duarte também realçou que a associação concorda com a recomendação da comissão de inquérito para que haja um novo levantamento sobre as segundas habitações e que a sua reconstrução seja suportada pelo Estado.

“É importante que tenhamos o nosso parque habitacional completo e pleno e que faça regressar os vizinhos que vinham aqui passar temporadas. O interior precisa disso”, defendeu.

O projeto de relatório, que teve como relator o deputado Jorge Paulo Oliveira (PSD), foi hoje apresentado na respetiva comissão, avançando com um conjunto de 83 conclusões e 36 recomendações sobre agricultura, atividades económicas, floresta e habitação.

// Lusa

2 Comments

  1. Em 4 anos, nada foi feito para melhorar as condições da floresta típica desta região, com a agravante de se ter deixado acumular maior quantidade de matéria inerte, altamente combustível. Está a permitir-se que o eucalipto regenere naturalmente e a autorizar alguns proprietários a continuarem a investir irresponsavelmente no seu plantio sem qualquer preocupação com o ordenamento da floresta. Estes relatórios têm um destino certo: é serem fechados na gaveta de qualquer ministro, ou secretário de estado, que têm outros assuntos mais importantes a tratar. Entretanto pensa-se, a sério, em gastar uns milhões com um memorial para lembrar as vítimas. Quanto a mim, seria preferível aplicá-los no sentido de se evitar novas vítimas e de resolver os problemas destas populações tão castigadas, de uma vez por todas!

    • Ouvi dizer que iam fazer uma piscina de enormes dimensões à entrada de Pedrógão para assinalar esta tragédia!
      O idiota que teve esta ideia deve ter sido o mesmo que resolveu trazer a final da Liga dos Campeões para Portugal como prémio para todos os profissionais do SNS.
      Acho que o povo português merecia melhores governantes. É só artistas e ladrões.

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