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PCP expulsa militante crítico da geringonça

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António Cotrim / Lusa

Guilherme Antunes, que durante dez anos fez parte da direção política da concelhia do PCP de Cascais, recebeu esta semana a nota de expulsão do partido, emitida pela Comissão Central de Controlo, o órgão máximo da disciplina comunista.

A notícia é avançada pelo Expresso que escreve que a lista de acusações é vasta. Entre elas, incluem-se as “várias publicações nas redes sociais” em que o militante criticou a direção e a decisão de manter a geringonça com o PS, apesar de se terem acentuado as divergências entre os dois partidos.

Questionado pelo Expresso, o gabinete de imprensa comunista “confirma a expulsão de Guilherme Antunes”. “A decisão conclui um processo que, no respeito dos Estatutos do PCP, envolveu a audição do próprio e o seu direito de recurso”, esclarece a nota. “A decisão baseia-se na prática de atos incompatíveis e indignos da qualidade de membro do PCP, designadamente a prática confirmada de utilização indevida de meios financeiros do partido”, conclui a direção.

“Calúnias” e um comportamento “indigno de quem se afirma comunista” foram alguns dos motivos apontados pela Comissão Central de Controlo para invocados expulsar Guilherme Antunes.

No entanto, o caso não ficará por aqui. Segundo o semanário, o militante de 69 anos é também acusado de ter desviado dinheiro da concelhia e de ter ficado com quotizações de militantes. Porém, Guilherme Antunes nunca terá sido ouvido neste processo para poder fazer a sua defesa.

Ao Expresso, Guilherme Antunes nega ter feito qualquer aproveitamento financeiro e considera haver “campanha negra, uma vilania inominável e uma indecência” contra si, que visa pôr em causa a sua honra. “É um processo kafkiano” e de “verdadeira perseguição política”, resume. Os pormenores do processo de expulsão foram registados durante o último mês na sua página de Facebook.

ZAP //

3 Comments

  1. A promoção do pensamento único é um dos aspectos mais negativos do PCP. Compreende-se pelo primado do coletivo sobre o individual (admite-se a divergência de pensamento até uma tomada de decisão coletiva, depois tudo se cala, e se alguém divergir será castigado: mais ou menos o análogo da excomunhão, no pensamento religioso), mas não deixa de ser um arcaísmo antidemocrático, que se tenta disfarçar sempre com outro tipo de acusações, regra geral, falsas, o que revela também por parte do PCP má consciência face a estas suas práticas, muito censuradas ao longo do último século. É claro que pode dar-se o caso de nesta circunstância assistir razão ao PCP, mas o histórico de episódios semelhantes não ajuda nada.

  2. Meus caros, a disciplina é a mãe da organização…
    Sem organização nada chega a bons objectivos…
    É o lema ao qual devemos aderir…
    Não concorda, sai , paciência , ninguém vai obrigar ninguém a nada….
    Criticar é muito fácil e bom , quando se está em terreno contrário e de sensibilidades diferentes…
    Há quem se chegue a um partido com vontade de mandar em algo , o verdadeiro espírito para um bem comum , é a humildade de reconhecer que não sabemos do caso, não falamos nem criticamos.

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