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PCP tece duras críticas em matéria laboral. Ministra responde com citação do Papa

António Cotrim / Lusa

Esta quarta-feira, na Assembleia da República, o PCP teceu duras críticas ao Governo em matéria laboral.

“O PS resiste, limita, não cumpre face aos problemas dos trabalhadores, ao mesmo tempo que é mãos largas com os grupos económicos e financeiros, em convergência com o quarteto direitista do PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal”, acusou o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, esta quarta-feira, no Parlamento.

De acordo com o Expresso, o comunista lamentou que o Governo use o “vírus como pretexto” para agravar a exploração e por em causa os direitos dos trabalhadores.

Jerónimo de Sousa não tem dúvidas de que se impõe um aumento dos salários como “emergência nacional“, apontando para a necessidade de o salário mínimo nacional subir para os 850 euros, assim como para a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais.

O deputado António Filipe é da mesma opinião e lamentou que, depois de os trabalhadores terem sido “fustigados por décadas de políticas da direita”, pela “brutalidade” das medidas do Governo PSD/CDS a pretexto da troika, tenha ainda que se deparar com a “obstinada” recusa do Governo PS em “corrigir aspetos mais negativos” da legislação laboral.

“Apesar da grande eloquência do discurso da transição digital, a verdade é que continuamos a ser um país de baixos salários. O que se exige é uma resposta concreta do Governo e do PS quanto a estas questões”, disse, citado pelo semanário.

Contrapondo uma frase do ex-deputado Luís Montenegro, do PSD, durante os anos da troika, de que “os portugueses estavam pior, mas o país estava melhor”, Filipe adaptou a frase.

“Em 2021, perante uma situação de crise que é preciso superar, o país só estará melhor se os trabalhadores não estiverem pior. Não haverá saída da crise se ela não se traduzir na melhoria das condições de vida de quem, com a sua força de trabalho, cria a riqueza de que outros beneficiam”, disse, prometendo “a luta do PCP pela valorização do trabalho e dos trabalhadores“, que é “uma luta de sempre e vai continuar”.

Logo depois, subiu à tribuna a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, que reafirmou que “os direitos dos trabalhadores são da maior relevância e tem que estar no centro do debate” e insistiu na ideia de que, ao contrário da anterior crise, o Governo tudo fez para “preservar rendimentos e proteger salários”.

Tal como o deputado comunista, fez uma promessa: “a promoção de uma agenda de trabalho digno”, para “reforçar o combate à precariedade”, citando depois a frase do Papa Francisco, de 2017: “[A precariedade] mata: mata a dignidade, mata a saúde, mata a família, mata a sociedade.”

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

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