Patos insufláveis amarelos e de grandes dimensões tornaram-se num símbolo de resistência nos protestos pró-democracia na Tailândia, onde os manifestantes exigem reformas a nível parlamentar e monárquico.
Há meses que os manifestantes tailandeses exigem alterações parlamentares e monárquicas no país, pedindo mesmo a renúncia do primeiro-ministro, Prayuth Chan-ocha.
Na terça-feira, estes patos insufláveis amarelos entraram na luta, quando o Parlamento debateu uma série de propostas de emendas à Constituição, que acabaram por ser rejeitadas, gerando mais protestos e frustração entre os manifestantes.
Os manifestantes na linha da frente dos protestos usaram-nos como escudo contra os canhões de água utilizados pelas forças policiais para dispersar a multidão, escreve a Vice.
As autoridades tailandesas recorreram também a gás lacrimogéneo na manifestação desta terça-feira, que culminou com dezenas de feridos, seis dos quais com ferimentos de bala depois de se envolverem em confrontos com apoiantes da monarquia.
Na quarta-feira, milhares de pessoas voltaram a reunir-se, mas desta vez na sede na polícia no centro da cidade de Banguecoque. Pintaram as estradas com mensagens anti-governamentais e anti-monarquia, deixaram cartazes e atiraram baldes de tinta.
Os agentes não saíram da sede e não foram registados quaisquer confrontos neste dia.
Mas os patos voltaram a ser protagonistas na manifestação: foram colocados na linha da frente pelos manifestantes, representando um símbolo de resistência.
“Os patos de borracha tornaram-se heróis, sacrificando as suas ‘vidas’ para servirem como proteção contra os canhões de água durante a dispersão violenta”, disse à revista norte-americana um ativista local que pediu para não ser identificado.
O que está em causa?
O movimento pró-democracia da Tailândia tem criado pressão para uma reforma da monarquia, organizando manifestações quase diárias. As manifestações, dirigidas pelo movimento estudantil, colocaram pressão suficiente sobre o Governo liderado por Prayuth Chan-ocha que pediu ao Parlamento para tratar de algumas das reivindicações.
Os manifestantes querem a renúncia de Prayuth, mudanças na Constituição tailandesa para a tornar mais democrática e reformas na monarquia que a tornem mais escrutinável.
O movimento acredita que o primeiro-ministro não tem legitimidade por ter chegado ao poder depois de uma eleição em 2019, cujas regras foram definidas a partir do poder militar. Prayuth, enquanto líder do Exército em 2014, liderou o golpe que removeu um Governo eleito e formou uma junta militar que liderava o país até às eleições de 2019.
A reforma da monarquia é o ponto mais polémico devido à devoção que parte dos tailandeses têm pela instituição e pela lei da lesa majestade, que pune com até 15 anos de prisão quem critica a casa real.