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Passos afinal já não vai apresentar o livro proibido de Saraiva

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José Sena Goulão / Lusa

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, pediu a José António Saraiva para “o desobrigar” de estar presente no lançamento do seu livro “Eu e os políticos”, o que levou ao cancelamento da apresentação.

Em comunicado enviado esta terça-feira à noite à agência Lusa, a editora Gradiva afirma que o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho “pediu ao autor, por motivos pessoais, para o desobrigar de estar presente na sessão de lançamento do livro”, prevista para dia 26, em Lisboa.

No fim de semana, Passos Coelho tinha insistido que não recuaria na decisão. “Não sou de voltar com a palavra atrás nem de dar o dito por não dito. Estarei a fazer a apresentação dessa obra”, afirmou no sábado, em Proença-a-Nova.

Ao jornal i, José António Saraiva afirma que “esta decisão foi absolutamente inesperada, mas acho compreensível. Metendo-me na pele de Pedro Passos Coelho, é de facto a atitude mais sensata.

A Gradiva afirma que “o livro tem sido objeto de uma polémica, por vezes excessivamente inflamada, nos media e nas redes sociais” e nesse sentido, José António Saraiva e “a editora consideram que o momento exige reflexão e que tudo farão para evitar o que possa contribuir para alimentar novas polémicas”.

“Por decisão conjunta do autor e da editora, a cerimónia foi cancelada“, lê-se no mesmo comunicado.

No livro, Saraiva descreve, segundo a editora Gradiva, “um conjunto de episódios polémicos, vividos na primeira pessoa, com diversos políticos e personalidades” portugueses, como Paulo Portas, Mário Soares, Marcelo Rebelo de Sousa, José Sócrates e Pedro Santana Lopes, assim como o atual primeiro-ministro, António Costa, incluindo pormenores mais íntimos e privados.

Leia o comunicado de José António Saraiva e da Gradiva:

1 – O Dr. Pedro Passos Coelho pediu ao autor, por motivos pessoais, para o desobrigar de estar presente na sessão de lançamento do livro “Eu e os Políticos – O que não pude (ou não quis) escrever até hoje”, de José António Saraiva, agendada para dia 26 de Setembro de 2016, às 18h30m, no El Corte Inglés de Lisboa.

2 – O livro tem sido objeto de uma polémica, por vezes excessivamente inflamada, nos media e nas redes sociais.

3 – Em conformidade, o autor e a editora consideram que o momento exige reflexão, e tudo farão para evitar o que possa contribuir para alimentar novas polémicas.

4 – Por decisão conjunta do autor e da editora, a cerimónia foi cancelada.

José António Saraiva e Gradiva Publicações

Passos “não gostaria de ficar associado a isso”

O líder do PSD afirmou que pediu a José António Saraiva para “o desobrigar” de apresentar o seu livro porque não querer ficar associado a uma discussão que mistura política e questões privadas e da intimidade das pessoas.

“Eu tenho defendido sempre que uma coisa é a política, outra coisa são as questões privadas e da intimidade das pessoas e não gostaria de ficar associado a isso, a uma discussão que pudesse misturar as duas coisas”, afirmou o presidente social-democrata, Pedro Passos Coelho, em declarações aos jornalistas no final de uma visita a uma incubadora de empresas, no Taguspark, em Oeiras.

Admitindo que, em seu entender, o livro “Eu e os políticos” tem “um filtro” que não foi “devidamente aplicado”, Passos Coelho explicou que, como não gosta de faltar à sua palavra, pediu a José António Saraiva que o “desobrigasse” de um compromisso que com ele tinha assumido, numa altura em que não tinha ainda lido o livro e estava “guiado sobretudo pela admiração e respeito” que tem pelo autor.

Tive oportunidade de ler e, na sequência disso, pedi ao arquiteto José António Saraiva que me desobrigasse desse compromisso porque entendo que o respeito e admiração que tenho por ele também tenho por pessoas que vêm ali retratadas e que são retratadas em termos que não são estritamente políticos”, disse Passos Coelho.

O líder do PSD assegurou ainda que a sua decisão de pedir ao diretor do jornal Sol que o “desobrigasse” a apresentar o seu livro nada teve que ver com pressões do PSD, sublinhando que sempre disse que esta não era uma questão partidária.

“Era uma questão de natureza particular, que decidi particularmente”, vincou, acrescentando não ter tido qualquer manifestação de existir dentro do PSD algum mau estar.

“O que posso dizer é que se alguém se sentiu melindrado por isso não terá razão com certeza hoje para se melindrado, pelo menos comigo, na medida em que manifestamente me parece que era importante fazer essa separação de águas”, referiu.

Dando a questão como “ultrapassada”, Passos Coelho insistiu que José António Saraiva compreendeu a sua decisão e que isso o deixou “mais confortado” porque não gosta de faltar à sua palavra.

“Se ele não me desobrigasse teríamos uma situação, aí sim, mais constrangedora para mim. Mas, felizmente ele compreendeu muito bem a situação”, comentou.

ZAP / Lusa

7 Comments

  1. Como já aqui disse, acho este individuo um “mestre da pirueta”.
    É inacreditavel como este individuo consegue, como tantas vezes fez, dizer hoje uma coisa e, um dia ou poucos dias depois, dizer exactamente o contrário. A sensação com que se fica é que muito “fraco de espirito” .

  2. Quanto a mim o senhor Passos andou mal e de que maneira ao aceitar tal convite, se fosse membro de um partido de esquerda até nada me surpreenderia, no entanto devo dizer que fiquei um pouco desiludido com a ação, agora voltou com a palavra atrás por imposição, aconselhá-lo-ia a mudar de partido mais à esquerda pois esta forma de estar na vida enquadra-se na perfeição num desses partidos, se pretende continuar à frente do PSD faça atenção pois terá que ser muito mais coerente para que não caia no carnaval politico e para que os outros não caiam no engano, tinha por dever ter já um pouco mais de calo nestas andanças!.

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