Passos Coelho pede “reformismo” a Montenegro. Rocha e Ventura piscam-lhe o olho

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Luís Forra / LUSA

O presidente do PSD, Luís Montenegro (D), com o antigo líder do partido, Pedro Passos Coelho, na Festa do Ponta 2022

Passos Coelho pediu que o partido continue a “tradição reformista”, sem responder se Luís Montenegro tem essas qualidades. Rui Rocha garante que terá esse “ímpeto reformista” e Ventura acha que Passos vai votar Chega.

À entrada para o almoço com vários ex-líderes do PSD para assinalar os 51 anos do partido, na sede nacional, esta terça-feira, o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho pediu reformismo a Luís Montenegro”.

“O meu desejo profundo é que, nestes anos que temos por frente, o PSD possa fazer pleno jus à sua tradição reformista em Portugal. O mundo inteiro vive tempos de transformações muito grandes, de grandes incertezas, quer ao nível da segurança e da defesa, quer ao nível económico e político, e isso ainda acentua mais a importância de tratar de relevar reformas importantes que o país ainda precisa de fazer para superar vulnerabilidades estruturais que ainda são manifestas”, alertou.

Para o antigo primeiro-ministro, tal exige “evidentemente, estabilidade política”, mas não apenas: “É preciso que exista, verdadeiramente, um espírito reformista que possa estar ao serviço dessa estabilidade”, disse, sem nunca responder se a AD ou Luís Montenegro têm essas características.

Rui Rocha aparece e pisca o olho

Numa reação, em declarações aos jornalistas, em Mangualde (distrito de Viseu), o líder da IL Rui Rocha assegurou que o seu partido terá o “ímpeto reformista” que Pedro Passos Coelho pediu, considerando que as palavras do ex-líder do PSD foram dirigidas à AD, que não trouxe “a mudança necessária” ao país.

O liberal jurou não ter “combinado nada” com Passos Coelho, que esta tarde pediu reformismo ao PSD, uma das mensagens da IL nesta campanha.

“Parece-me muito relevante que Passos Coelho identifique duas questões que são fundamentais. Por um lado, a questão da estabilidade e, por outro lado, a do reformismo, que são precisamente duas questões em que a AD falhou”, afirmou.

Para Rui Rocha, a AD falhou na estabilidade “na medida em que conduziu o país a uma situação de eleições legislativas, de crise política” e, ao longo da legislatura, “falhou também do ponto de vista das medidas reformistas”.

“Portanto, parece-me que esse alerta de Pedro Passos Coelho é um alerta muito justo e que se dirige a quem nesta legislatura não conseguiu entregar nenhuma destas duas questões ao país”, referiu.

Questionado se a IL trará essa capacidade reformista pedida pelo ex-primeiro-ministro do PSD, Rui Rocha respondeu: “É precisamente essa a nossa marca”.

“Aquilo que nós temos para dar aos portugueses é precisamente esse ímpeto reformista, essa capacidade de olhar para as áreas onde a AD não foi capaz de introduzir a mudança absolutamente necessária e urgente no país“, disse.

Ventura acha que Passos vai votar no Chega

O presidente do Chega, André Ventura, considerou também que o seu partido é aquele que mais bem representa as ideias do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e alertou o PSD que as pessoas preferem o original à cópia.

“Eu acho que quando chegar ao dia 18, no seu momento de ir votar, o doutor Pedro Passos Coelho irá dizer ‘em quem é que eu vou votar e que melhor representa aquilo que eu digo’? O Chega e o dr. André Ventura”, afirmou.

O líder do Chega considerou que “todas as intervenções do dr. Pedro Passos Coelho até hoje foram no sentido de mostrar que a linha política que o Chega estava a seguir era a linha certa na família, na integração, na imigração, nas questões de ideologia de género, na segurança” e disse ficar convencido de que ele “vai votar no Chega nestas eleições”.

André Ventura disse concordar com o antigo líder social-democrata que “é preciso mesmo um espírito reformista”, e acusou o atual presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, de “governar como o PS governa”.

“Nós temos que ter coragem na segurança, na saúde, na luta contra a corrupção, na imigração, de fazer mesmo reformas e não aparências de reformas”, argumentou.

O líder do Chega classificou-se também como o original, e Luís Montenegro como a cópia, e defendeu que “quando as pessoas têm de escolher entre o original e a cópia, escolhem sempre o original”, porque “as cópias geralmente são contrafeitas, malfeitas e são farsolas, também geralmente são ilegais”.

“Eu acho que nestas eleições há o original, que sempre disse que vai controlar a imigração, lutar contra a corrupção, fazer na educação as reformas que é preciso, e há a cópia, que lembrou-se agora há dois dias, ou três, para afastar o assunto da Spinumviva, que é preciso controlar a imigração, lutar contra a corrupção e fazer pela educação”, continuou.

Ventura considerou também que o antigo primeiro-ministro entre 2011 e 2015 “tem feito um esforço dentro do PSD para mostrar ao seu presidente e aos seus dirigentes que estão a ir pelo caminho errado”.

“Pedro Passos Coelho até tem alertado para isto de forma mais ou menos pública, que o PSD errou no caminho que seguiu. E agora chega perto das eleições, vê que provavelmente o Chega está em crescimento, que está com um apoio popular enorme, e opta por copiar. Se copiar para melhorar o país, isso não é mau, porque nós preferimos que o país melhore, mas entre o original e a cópia, as pessoas geralmente querem sempre o original, e o original é o Chega”, salientou.

Cheira a troika? Ou mais do que isso

O líder PCP Paulo Raimundo afirmou, sobre o almoço de aniversário do PSD que reuniu antigos líderes sociais-democratas, que “a ementa que cheira à troika”, com batatas fritas de Bruxelas, salsicha alemã e uma sopa rala.

Numa outra referência à troika, Rui Tavares, do Livre, foi mais longe e disse que que uma eventual maioria entre o “montenegrismo” da AD e o “motosserismo” da IL seria para ir além da troika.

“Também é bom que nos acautelemos com todos os cenários possíveis. Se um cenário possível é a AD e a IL próximas da maioria absoluta é para ir mais longe do que a troika, é muito claro que é isso que a AD e a IL desejam. Isso ainda é, de certa forma, a matriz do seu projeto”, afirmou Rui Tavares no final de uma visita à AICEP Global Parques em Sines, no distrito de Setúbal.

Dirigindo-se ao eleitorado, Rui Tavares sublinhou que a direita já está com “o rei na barriga” e a cantar vitória antecipada sem que tenham ido ainda às urnas.

“Está tudo muito a contar já com o resultado das eleições, a pôr o carro à frente dos bois e a verem-se juntos ao horizonte no poder”, censurou.

Por isso, acrescentou, “é muito importante que os eleitores olhem para isto e percebam que o voto em Portugal tem muitas vezes servido para reintroduzir equilíbrio e moderação no sistema político”.

Rui Tavares insistiu que está nas mãos dos eleitores “colocar um travão na radicalização da direita” – que, nos últimos anos, tem estado a desequilibrar o sistema político.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. O dr. Pedro Coelho é um impostor, durante o seu Governo não fez as reformas que o País precisa, agora aparece com toda a lata a dizer que é preciso continuar a fazê-las, foi o responsável pela destruição daquilo que restava do Estado (um dos pilares de qualquer País), destruiu o trabalho e a economia, provocou uma grave crise económico-social, fomentou o desemprego, criou um problema na habitação, e cometeu vários crimes de lesa-Pátria.
    O dr. Luís Esteves que se candidata a estas eleições faz parte do bando do dr. Pedro Coelho.

    • Oh, seu parolo, ele (Passos) executou o que a Troika exigiu. A mesma TROIKA que o PS de Sócrates, o ladrão, chamou. Precisou de cumprir ordens para resolver o problema do défice na economia.

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