António Costa e Rui Rio “não têm a coragem de dizer a verdade” no âmbito da polémica do Novo Banco, critica o comentador Luís Marques Mendes, considerando que ambos procuram sacudir água do pacote. Na mira do ex-líder do PSD está ainda o Governo pela forma como preparou o lay-off e pelo “que se passa com os enfermeiros” infectados com covid-19.
No seu habitual espaço de comentário na SIC, Marques Mendes manifesta a sua indignação, considerando que “o que se passa com os enfermeiros” é uma “vergonha”.
“Se estiverem de quarentena recebem 100% do salário”, mas “se estiverem doentes com covid-19, porque estiveram na linha da frente a trabalhar, só recebem 70%“, analisa o comentador.
“Com os atrasos da Segurança Social, há casos públicos de enfermeiros infectados que estão a receber por mês apenas uns irrisórios 65 euros“, afiança ainda Marques Mendes, questionando porque é que “o Governo não faz nada para corrigir isto”.
A ministra da Saúde, Marta Temido, já disse que houve “atrasos na entrega de alguns formulários necessários para que os processamentos remuneratórios fossem feitos em algumas instituições”. “Essas situações já foram corrigidas institucionalmente”, garantiu a ministra.
No seu espaço de comentário na SIC, Marques Mendes também refere que o “lay-off foi uma vergonha”. “O Governo falhou na burocracia”, diz, salientando que “não cumpriu prazos de pagamentos” e que “prejudicou muitas empresas”. “É preciso que o lay off seja renovado e melhorado”, analisa.
Marques Mendes aborda também “o que se passa com a cultura e com as artes”, notando que “é dramático”, com uma “precariedade brutal” e “falta de acesso ao subsídio de desemprego e apoios da segurança social”. “Nalguns casos joga-se mesmo a sobrevivência de muitas pessoas”, sustenta, concluindo que “a Ministra é uma inexistência política”. “Não se perdia muito se saísse com Centeno já no próximo mês de Julho”, realça.
Desafia Costa e Rio a assumirem “a verdade”
Quanto à “polémica do Novo Banco”, Marques Mendes refere que “Rui Rio e António Costa fazem de conta que não têm nada com o caso”. “E, todavia, PSD e PS aprovaram tudo“, aponta.
“O PSD aprovou a Resolução do BES, acompanhou todo o processo e aprovou a venda”, nota em críticas a Rio.
Mas “António Costa é ainda pior”, analisa Marques Mendes. “Parece que não sabe de nada, não conhece nada nem autorizou nada. Só que o contrato de venda foi negociado e aprovado pelo seu Governo. E no contrato lá estava uma almofada até 3,9 mil milhões a favor do comprador”, destaca.
O comentador considera que “é muito mau quando os nossos principais políticos, o primeiro-ministro e o aspirante a primeiro-ministro, não têm a coragem de dizer a verdade”. E a verdade é que “a solução do Novo Banco foi má”, considera.
Só que “as alternativas eram ainda piores: ou a falência do banco, ou a sua nacionalização ou o seu desmembramento”, realça, aconselhando Costa e Rio a deixarem de “sacudir a água do capote” e a assumirem “a verdade”.
Marques Mendes revela também que “há, pelo menos, quatro contratos, entre contratos e acordos, há 4 documentos contratuais, envolvendo o Estado, União Europeia, Lone Star e o Fundo de Resolução”. “Se fosse possível era bom torná-los públicos”, afiança.
Numa farpa a todos os partidos políticos, Marques Mendes realça que se há “dúvidas sobre se as verbas do Estado estão a ser bem aplicadas”, “sobre as imparidades” e “sobre a gestão da carteira de créditos”, bem como sobre o teor do “contrato de venda do banco”, então deviam dar azo a “um inquérito parlamentar”.
“Havendo dinheiro público em jogo e dúvidas sobre a sua aplicação, haja coragem para esclarecer e averiguar, pondo tudo em pratos limpos”, salienta o comentador, notando que “no próximo ano, o filme repete-se” e “o Estado vai ter de fazer nova injecção no banco”.
Assim, o comentador da SIC nota que os partidos devem aproveitar “para esclarecer tudo em vez de fazerem de conta que não sabem de nada”. “Chega de demagogia e hipocrisia”, conclui.
“Presidenciais são arma de arremesso político”
Marques Mendes faz também o ponto de situação dos candidatos presidenciais que se perfilam, considerando que o tema se tornou numa “arma de arremesso político”.
“Dentro do PS os inimigos de estimação de António Costa aproveitam para tentarem fazer os seus ajustes de contas” e “à direita, algumas pessoas, insatisfeitas por não haver oposição e uma alternativa credível, lamentam que o Presidente da República não faça esse papel”, constata.
O ex-líder do PSD diz que o que se passa na antecipação das eleições presidenciais “é tudo muito estranho“. Por um lado, as críticas ao apoio de Costa a Marcelo que “nada tem de inédito”, até porque “Cavaco Silva fez o mesmo em relação a Mário Soares há 30 anos”, e era previsível.
“Cavaco Silva fez-se de forte, mas não estava forte, apoiou Mário Soares para evitar ter uma derrota eleitoral humilhante. Com António Costa é a mesma coisa:ele faz-se de forte e apoia Marcelo apenas e só para evitar sair vencido e fragilizado das presidenciais”, conclui.
Marques Mendes também manifesta “estranheza” pelo facto de Adolfo Mesquita Nunes surgir como potencial candidato presidencial. “É um político que não me tenho cansado de elogiar”, é “dos mais talentosos que Portugal tem”, mas “disse há menos de um ano que saía da vida política para se dedicar à vida profissional”, logo, se mudar de ideias, tem que “dar explicações” e ficará “fragilizado”, analisa.
Além disso, Mesquita Nunes “corre o risco de não ter o apoio oficial do CDS“, o que seria “outra fragilidade”, e corre ainda “o risco de ser acusado de dividir o centro-direita”, o que também o poderia prejudicar.
Sobre Ana Gomes, Marques Mendes entende que a candidatura seria “boa para a democracia”, mas constata que ela “cometeu dois erros” – “já devia ter avançado com a sua candidatura, antes de Costa se pronunciar, jogando na antecipação”; ao invés disso, apostou num “discurso contra Costa, criticando-o de alto a baixo”.
“Hoje Ana Gomes é vista como a candidata anti-António Costa“, o que “é mau”, entende Marques Mendes. “Torna a sua candidatura redutora e com menos condições”, afastando até o apoio de “muitos socialistas” que já não a apoiarão “porque não querem afrontar António Costa”.
Já as “candidaturas previsíveis de Ventura, do BE e do PCP” são apenas para “cumprir coreografia política”, diz.
“Quando tiver 80 anos, Salgado estará a ser julgado”
Marques também analisa a notícia de que o Ministério Público (MP) vai avançar com a acusação a Ricardo Salgado até ao Verão. “Aquilo que podia ser uma boa notícia é uma vergonha monumental“, atira.
“No próximo Verão, passam seis anos sobre a Resolução do BES”, o que significa que a investigação judicial “está prestes a fazer seis anos”. “Uma investigação criminal que precisa de seis anos para ser concluída é uma investigação que só merece censura”, considera.
“Pelo andar da carruagem, ainda vamos precisar de outros seis anos para a instrução e o julgamento”, alerta, notando que Ricardo Salgado que está prestes a fazer 76 anos, “quando tiver 80 ainda estará provavelmente a ser julgado”.
Marques Mendes nota, assim, que a investigação ao caso BES “é uma nódoa negra na actuação da nossa investigação criminal” e que contribui para “as pessoas não acreditarem na justiça”.
Ver o meio-metro de advogado mafioso falar em vergonha até dá vontade de rir…
“O banco é sólido”, berrava este monte de excremento vigarista e, agora está precupado com o NB??
A Internet não esquece:
youtube.com/watch?v=QeQnAsZaiFE
Este Marcos Mendes é um sábio no que toca a criticas desenfreadas. Curiosamente tinha menos lábia, e certamente menos soluções, quando fez parte de anteriores governos.
No entanto, concedo-lhe razão na questão dos enfermeiro. São uns heróis dedicados, e tal… mas quando chega a hora de (merecidamente) compensar esta gente… Tá quieto….
Este é o tal “sábio” que jurava na TV nacional que não havia qualquer problema no BES!…
Este Marques Mendes tem de tomar reforçar a dose de Memofante, anda muito esquecido, até já se esqueceu quando afirmava que o BES não tinha qualquer problema assim como o afirmou Cavaco Silva, até se esqueceu de nos dizer como está a situação dos vistos Gold em que ele foi apanha em escutas, ou como fugiu a pagar milhares de euros de imposto e sobre quando ele pediu ao Carmona Rodrigues para meter 23 jotinhas do PPD na Câmara de Lisboa, não passa de um mafioso disfarçado de muito sério e honesto.