Nem dois semestres, nem dois períodos. No agrupamento de escolas de Cristelo, em Paredes, vai dividir o ano letivo em quatro partes – por isso, há férias (e avaliações) a cada oito semanas.
O agrupamento de escolas de Cristelo, em Paredes, prepara-se para ser pioneiro na avaliação de oito em oito semanas, o que perfaz quatro períodos escolares. A decisão foi tomada depois de o agrupamento ter entrado no Projeto-Piloto de Inovação Pedagógica, há três anos, que deu essa autonomia às escolas.
Segundo o diretor do agrupamento, Mário Rocha, a comunidade educativa não se revê na divisão do ano em dois semestres. O projeto-piloto serviu para implementar outro tipo de inovações. A escola é, aliás, a única, entre as sete selecionadas pela Direção Geral de Educação, que não avançou para a semestralização.
O diretor do agrupamento disse ao Observador que passar de três para dois momentos de avaliação — uma possibilidade alargada a todas as escolas desde 1 de setembro — “não resolve problema absolutamente nenhum e pode inclusivamente acrescentar problemas, como estarmos muito tempo para fazer uma avaliação das aprendizagens”.
Para a comunidade educativa, períodos de avaliação mais curtos e feedback mais frequente aos pais e alunos só trazem vantagens.
Com a entrada no projeto piloto do governo, no início do ano letivo de 2016/2017, foi dada uma maior liberdade a um pequeno grupos de escolas selecionadas para “reorganizarem turmas, horários, matriz curricular, programas e calendário escolar”, lê-se no site da DGE.
Por essa altura, o agrupamento do Cristelo, com turmas desde o ensino pré-escolar até ao 9º ano, testou uma primeira inovação: avançou com referenciais de integração curricular de oito em oito semanas, apesar de continuar a ter apenas os três períodos de avaliação para os alunos.
Os referenciais de integração curricular são “módulos” de disciplinas que trabalham articuladas durante oito semanas. Por exemplo, “Português pode trabalhar em articulação com Geografia, Ciências e Artes. Estas quatro disciplinas, durante oito semanas, trabalham em conjunto”, explicou Mário Rocha. Passado o tempo do módulo, Português poderá juntar-se a Matemática, a Inglês e a Físico-Química.
“Até aqui, os alunos mudavam o currículo de oito em oito semanas, mas não havia paragem porque o calendário escolar tinha os períodos tradicionais”.
Mário Rocha aponta também a criação da semana temática, a última de cada período de oito e, por isso, de cada módulo. Estas semanas dedicam-se “às áreas de competência do perfil dos alunos”, passando a ter as disciplinas mais típicas para cumprirem competências “como linguagem e texto, resolução de problemas, estado de saúde e ambiente”, enumerou o diretor. As aulas passam a ser mais participadas, lúdicas e práticas.
Este ano letivo, ao fim de oito semanas de aulas, os alunos terão uma semana de férias, que serve não só para marcar um momento de avaliação e de alteração no módulo, mas também para os professores poderem preparar o módulo seguinte.
Por terem mais momentos de pausa, os alunos têm menos uma semana de férias no Natal e na Páscoa e menos quinze dias no verão.
As novas regras publicadas pelo ministério da Educação trazem mais autonomia para as escolas. A partir deste ano letivo, os estabelecimentos de ensino podem optar por semestres em vez de períodos e por turmas com menos alunos. A partir do próximo ano letivo as escolas vão poder alargar a flexibilidade curricular a mais de 25% do currículo, se assim o entenderem.
A aprovação dos planos fica condicionada ao cumprimento de requisitos mínimos agora estipulados na lei, desde logo o respeito pela carga horária definida para cada ciclo de ensino.
A redução do abandono escolar e o aumento do sucesso académico são dois dos principais objetivos do projeto de autonomia das escolas iniciado em 2007 para conceder mais autonomia pedagógica, curricular, administrativa e cultural e assim conseguir melhorar os resultados dos seus alunos.
Ensino por módulos ou mais habitualmente designado por projeto que integra varias disciplinas e períodos mais curtos de aulas com interregnos de uma ou duas semanas de avaliação e preparação para o próximo período não é propriamente uma inovação no setor, existindo referencias das vantagens deste sistema que remontam a década de 90. Existem várias escolas (privadas) que utilizam esta metodologia em Portugal, e no estrangeiro. Penso que é um bom sistema, sendo difícil em Portugal para os pais adaptarem-se a essa realidade face a realidade laboral.
A ideia não é má e tem, principalmente, virtualidades no campo da motivação dos alunos, da prevenção da indisciplina e do ritmo mais gradual das aprendizagens.
Mas parece-me demasiado ambiciosa e largamente inexequível no que respeita a redução das férias, principalmente, as de verão, na coordenação interdisciplinar e no “choque” com os exames e provas nacionais. Além do peso da tradição e do conservadorismo dos professores, claro.
No ensino superior, eu tive a nível de uma única unidade curricular (UC) avaliações, então designadas mini-testes, mas não foi uma metodologia aplicada a todas as UCs, ou seja, essa metodologia foi estipulada pelo professor dessa UC e isso conduziu a que os alunos, incluindo eu próprio, tivéssemos que estudar mais frequentemente e, no final do semestre dessa UC os resultados foram muito positivos. Confesso que este sistema de avaliação é muito mais trabalhoso para os professores porque estão constantemente a fazer e posteriormente corrigir provas de avaliação. Contudo, esse contratempo é minorado pois as provas de avaliação são muito diminutas (poucas perguntas e realizadas com o intuito de as respostas serem sintéticas e, por isso designavam-se de mini-testes.