Papa pede perdão por abusos sexuais de sacerdotes a menores

Gabriel Andrés Trujillo Escobedo / Wikimedia

Papa Francisco

Papa Francisco

O papa Francisco pediu hoje publicamente perdão pelos abusos sexuais de crianças cometidos por “bastantes sacerdotes”, casos pelos quais a Igreja Católica tem sido alvo de severas críticas nos últimos anos.

Numa intervenção pública em que não era esperada referência ao assunto, Jorge Bergoglio garantiu igualmente que a Igreja não dará qualquer “passo atrás” ao abordar esta questão.

O papa argentino precisou que não haverá qualquer “passo atrás no que se refere ao tratamento destes problemas e às sanções que devem ser impostas” e acrescentou: “Temos de ser muito fortes. Com as crianças, não se brinca”.

A declaração foi feita quando Bergoglio proferia umas palavras no Gabinete Internacional Católico da Infância (BICE).

O papa interrompeu um discurso que tinha preparado e improvisou algumas palavras, em espanhol, para pedir perdão pelo mal perpetrado contra crianças por sacerdotes.

“Sinto-me impelido a assumir todo o mal que alguns sacerdotes, bastantes, bastantes em número, não em comparação com a totalidade, [fizeram]. [Quero] responsabilizar-me por pedir perdão pelos danos que provocaram com os abusos sexuais de crianças”, disse.

Em seguida, continuou o seu discurso explicando que “numa sociedade bem formada, os privilégios só devem ser para as crianças e para os velhos, porque o futuro de um povo está nas mãos deles”.

Declarações

Francisco não tinha, até agora, pedido perdão pelos casos de abuso sexual de crianças por parte de sacerdotes, conhecidos em diversas dioceses de todo o mundo e que suscitaram duras críticas.

Apenas se conheciam as declarações feitas numa entrevista ao diário italiano Corriere della Sera, a 05 de março, em que considerou que “os casos de abusos são tremendos, porque deixam feridas profundíssimas”, embora defendendo que “a Igreja Católica é talvez a única instituição pública que agiu com transparência e responsabilidade [nestes casos]”.

“Ninguém fez tanto. E, no entanto, a Igreja é a única a ser atacada”, disse ainda o papa nessa entrevista, referindo-se a uma denúncia feita pela Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, que acusou a Santa Sé de “não ter protegido os menores vítimas de abuso sexual por parte de sacerdotes, nem adotado medidas que garantam uma sanção para tal crime”.

Apesar das escassas declarações sobre o tema, o papa comprometeu-se com a tutela dos menores, através da criação de uma comissão formada por oito elementos que se encarregará “de adotar medidas para promover de várias formas a proteção dos menores”.

Nesta comissão, Francisco incluiu a irlandesa Marie Collins, de 66 anos, que foi vítima de abusos sexuais por parte de um religioso quando era criança e que agora se transformou em ativista para denunciar estes casos.

Além disso, Bergoglio quis ainda enviar um forte sinal quando aprovou, a 11 de julho do ano passado, uma reforma do código penal da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano que consagra uma mais ampla e maior precisão na tipificação dos crimes contra menores, entre os quais a pornografia infantil e o abuso sexual.

/Lusa

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