Pandemia está a causar mais mortes de portugueses em casa

(CC0/PD) OrnaW / Pixabay

Segundo dados do INE, de 2 de março a 1 de novembro, morreram mais 8.686 pessoas do que no mesmo período nos últimos 5 anos, entre as quais quase 6 mil fora dos hospitais.

A pandemia de covid-19 tem causado muitas mortes derivadas à doença, mas este novo vírus também tem consequências letais para pessoas que não estão, nem nunca estiveram infetada, mas que têm outras doenças que estão a ser passadas “para trás”.

Como avança o Diário de Notícias, estão a morrer mais pessoas e estão a morrer mais pessoas em casa, o que evidencia medo de ir procurar cuidados de saúde.

Desde o início do surto de covid-19 em Portugal morreram 77.249 pessoas, mais 8.686 do que no mesmo período dos últimos cinco anos. Destes, 31.124 morreram fora do contexto hospitalar, mais 5.817 do que o registado no mesmo período nos últimos cinco anos.

Os números são do Instituto Nacional de Estatística, que conclui que “mais de dois terços do acréscimo de óbitos entre 2 de março e 1 de novembro, relativamente à média dos últimos cinco anos, ocorreu fora dos hospitais”.

Ainda que os dados não refiram as causas da morte ou locais, o médico Jorge Almeida, diretor do serviço de medicina interna do Hospital São João, no Porto, dá um passo em frente e diz que a maior parte morreu em casa, porque só uma parte muito reduzida das mortes acontece na rua ou em instituições.

Ao DN, revelou ainda que “a maioria das pessoas morre hoje nas enfermarias dos hospitais”. Mas “quando passámos março e abril e começámos a ver camas vazias percebemos que os doentes não estavam a vir aos hospitais para se tratarem”, nota ainda, apontando para o medo dos hospitais que a covid também trouxe.

Olhando para os dados do INE só houve 2.868 mortes a mais nos hospitais, enquanto houve mais 5.817 fora dos cuidados de saúde (a maioria em casa). Mais: do total de mais de 77 mil mortes de março até novembro, apenas 3.381 têm como causa a Covid-19, o que representa uma “ínfima parte” das mortes, segundo o médico Jorge Almeida.