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“Pagamento imediato”. Hospitais privados exigem ao Estado liquidação de todas as dívidas

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Numa altura em que o país entrou na fase de mitigação e chamados ao combate ao novo coronavírus, os hospitais privados estão a exigir ao Estado o pagamento de todas as dívidas em atraso.

Numa carta enviada por email pela Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) ao Ministério da Saúde, ADSE e ao Instituto de Ação Social das Forças Armadas (IASFA), à qual o jornal Público teve acesso, é pedido que se proceda ao “pagamento imediato” das dívidas.

A associação fala do impacto do coronavírus e afirma que é “é absolutamente essencial que neste momento o Estado assuma as suas responsabilidades financeiras”.

O montante, de acordo com o mesmo jornal, deverá ser superior a 100 milhões de euros e diz respeito a vários anos de serviços prestados.

O Ministério da Defesa Nacional reconhece que tem em dívida cerca de 60 milhões de euros. O Ministério da Defesa Nacional, que tutela a IASFA, disse que “o montante global da dívida aos prestadores privados ascende a cerca de 60 milhões de euros, dos quais cerca de 93% se referem a dívida contraída, na sua maioria, em anos anteriores”. Porém, afirmou que está a “decorrer um processo negocial” com os maiores hospitais privados do país.

Já a ADSE afirma que “não existem quaisquer pagamentos em atraso” e o Ministério da Saúde reconhece uma dívida a 31 de dezembro de 2019 de 11,2 milhões de euros.

Já a APHP contrapõe com um “valor muito mais elevado” da dívida em relação ao SIGIC acrescentando que “há atos por faturar inclusivamente de 2016”. A APHP afirma que “a dívida reconhecida aos prestadores deve ultrapassar os 20 milhões de euros” e “o valor pendente de faturação ultrapassará os 40 milhões de euros”.

Lusíadas reativa convenção com sistema dos militares

Os militares podem aceder aos hospitais e clínicas da Lusíadas Saúde ao abrigo da convenção deste prestador privado com a Assistência na Doença aos Militares (ADM), que está debaixo da alçada do Instituto de Ação Social das Forças Armadas (IASFA).

O acordo entre a Lusíadas Saúde e o IASFA, desfeito em outubro por causa de uma dívida do organismo público de 7,8 milhões de euros, foi reativado, “atendendo às condições especiais que vivemos”, revelou uma fonte oficial do grupo hospital privado, em declarações ao semanário Expresso.

O IASFA já pagou 1,7 milhões de euros à Lusíadas Saúde, mas permaneciam entraves relativos à revalidação de parte das faturas em atraso no que respeita a atos e produtos que não têm o preço fixado. Assim, a suspensão da convenção mantinha-se.

Agora, os militares e as famílias vão poder aceder aos cuidados prestados nas unidades Lusíadas em condições mais vantajosas, que são idênticas às da ADSE.

ZAP //

 

18 Comments

  1. Não è a altura para chantagens, o governo já deveria ter agido, estamos em estado de emergência!
    Requisição civil já! apenas peca por tardia!

    • Sim, mas infelizmente os médicos do privado não trabalham de borla. Alguém tem de lhes pagar.
      Nesta crise atual mais do que o estado estar a pedir às empresas para se endividarem e manterem os postos de trabalho seria bom que pagasse aquilo que deve às empresas. Era um bom começo. Caso contrário vai levar com os trabalhadores todos nos centros de emprego e depois que se “amanhe”.

    • Vá dizer aos médicos e enfermeiros dessas instituições para aguentarem 3 ou 4 meses sem receber salários e estou certo que os hospitais privados nem pedem os pagamentos em dívida por parte do estado.
      “Infelizmente” estes profissionais vão continuar a receber e até muito mais em horas extra. Quem é que paga? Ou o estado obriga estes trabalhadores a trabalhar de borla?

  2. o estado deve pagar a dívida mas não é oportuno. O pais e o mundo estão em crise. Num estado de emergência o estado pode nacionalizar. É colaborar sem pedir nada em troca.

    • Suponhamos que o caro Vítor é médico num qq hospital privado. Está disposto a trabalhar de borla?
      Existe uma ideia generalizada, quase doentia, que consiste em acreditar que todas as empresas, hospitais privados,… têm uma mangueira de dinheiro que basta ligar.
      Quem é que paga aos médicos e enfermeiros? E as horas extra em quantidade gigantesca que se presumem pela frente? Vão estes trabalhadores contribuir para o esforço nacional segundo uma lógica de voluntarismo (trabalhando de borla) e o hospital “empresta” as instalações, as máquinas e equipamentos e todos os consumos de materiais?!!!

      • Estou de acordo que devemos pagar, nada contra e bem pelo contrário mas nesta lógica não deveriamos pagar aos bombeiros as horas suplementares? ao contrário desta calamidade temos incêndios todos os anos e mortes dos profissionais. Afinal não deveria ser tudo igual? Hoje são os profissionais de saúde, amanhã são os bombeiros, professores, etc
        Eu considero que não é o momento. No final sim e estaremos todos a apoiar. Eu não sou médico e não trabalho nesta área mas não ignora os problemas dos “outros”. Cump.

      • Deixe-me fazer-lhe uma pergunta, está disposto a trabalhar todos os dias mais horas sem receber?
        Isto não deveria ter acontecido porque o estado devia ter pago á anos as suas dívidas, uma vez tive a infeliz ideia de vencer um concurso de computadores para o estado e fiquei 11 meses a aguardar que me pagassem, ao fim de 3 meses tive que pagar o IVA referente ao lucro dos computadores vendidos mas que não tinha recebido, isto ia-me fazendo perder o sonho de uma vida e pelo qual trabalhei desde miúdo, enquanto os meus colegas de escola iam para a praia eu ía para as obras.
        É este estado irresponsável que me cobra 35Euros se atrasar um dia no pagamento da segurança social de juros mas que simplesmente não paga a quem faz os serviços.
        Não é possível trabalhar com um estado que explora desta maneira, quantas empresas não vão á falência? Os donos desses hospitais pagam os impostos, se pagam porque é que o estado não lhes paga os serviços prestados?

      • Apoiado! Totalmente de acordo.
        Sabe qual é o problema em Portugal é que enquanto a grande maioria das pessoas não criar uma empresa e não tiver mensalmente que suportar 20, 50, 100 ou 200 postos de trabalho e respetivos encargos não percebe o que estamos aqui a falar.
        Até lá… vão pensando que há uma torneira que basta abrir e sai dinheiro. Cambada de tontos.

  3. mais um exemplo, se faltassem, de como os xuxas nos últimos 20 anos deixaram o país.

    a teoria é sempre usar o dinheiro dos outros para inventar obras de regime entre outras aldrabices que levaram o país à bancarrota, segundo esses génios da finança, alguém pagará depois…..

    pois bem parece que chegou a altura de todos nós pagarmos o que estes caloteiros (desgoverno) andaram a adquirir.

    se é a altura certa ou não, é relativo, tendo em conta que o sr Costa, Centeno, putativo engº sempre venderam, a brilhante ideia que viviamos no paraíso.

    adquiriram serviços, produtos têm de os pagar, isto não é Cuba…por enquanto! mas estamos no “bom”, MAU caminho para algo semelhante.

    • Até parece que as dívidas aos hospitais, farmácias, laboratórios e outros prestadores de saúde são recentes, só os “chuchas” é que são caloteiros, os outros não.
      Isso é justiça “anti-chuchas”, caro vigia, é ser faccioso.

      • mas eu disse que os outros eram melhores?

        mencionei o xuxas pq desde 1995 até hoje estão ou estiveram no poder cerca de 17 anos, os outros 7 anos.

      • E se fizer as contas desde a mudança de regime, 1974, as contas dão assim uma diferença tão grande?
        Porquê 1995, dá mais jeito?
        Eu não tenho partido e nem defendo nenhuma dessa “organizações” mas não gosto de facciosismos para que se justifique que um é mau e os outros são todos bons, são todos a mesma m…., é a minha opinião.

      • 1995 pq foi qd deixei de alimentar a pseudo-democracia com o meu voto, apenas isso.

        a partir daí foi sempre voto nulo.

      • Caro “ovigia”:
        É muito conveniente que tenha deixado de votar em 1995, quando acabou o governo “cavaquista”. Assim não tem que contabilizar os quase 10 anos do governo “cavaquista”…
        Mas isso é pouco honesto, na realidade, até 1995, final do “cavaquismo”, passaram 13,6 anos de PSD e 5,1 anos de PS, somando, desde 1974, o total 22 anos de PS e 21 anos de PSD, não me parecendo assim uma grande diferença entre “xuxas” e “cavaquistas”.
        Tentar justificar que os xuxas gastaram mal o dinheiro deixado pelos outros é não admitir que os cavaquistas fizeram o mesmo.
        Como já disse, não sou apoiante político mas não gosto de mentiras, para mim são todos a mesma m……
        Intitular-se o vigia só se for do seu umbigo e do seu ego, devia intitular-se antes o faccioso e destruidor da verdade ao seu jeito.
        Deixei de poder considerar algum crédito aos seus comentários.

  4. Ovigia, julgo ter de pedir aos historiadores , ajuda para justificar os 20 anos de governo Xuxa .
    Julgo não serem tantos, mas compreendo a sua revolta , não defendo nenhum partido , porque antes de lá estarem , dizem mal dos que lá estão, quando vão para lá, volta o mesmo ragabofe , essa teoria já é conhecida, sobejamente .
    Não discordo , de que as dividas , já deviam estar sanadas, mas agora , oferecerem as camas disponíveis , e
    em contra partida , exigir o pagamento, das dividas, algumas ainda não apresentadas para pagamento ….
    Fica a consideração , de cada um… não pensamos todos da mesma maneira .
    Cuidem-se

  5. Não esqueçamos que, infelizmente, os médicos do privado, grande parte deles se não todos, trabalham também no público, e quer num quer noutro não trabalham de borla, ninguém trabalha de borla. Mas em altura de CORONAVIRUS temos de todos colaborar, e todos sabemos que no privado as despesas são muito mais caras, pois os Directores destas instituições dizem que têm de ter LUCRO, enquanto no público acham poder ter PREJUÍZO, porque será? Nesta altura todos vamos ver os nossos rendimentos baixar, quem pensa o contrário desengane-se e deixe de ser egoísta, pode ser ele a precisar a seguir.

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