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Os truques que os okupas usam em Espanha — e como evitar ver a sua casa invadida

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ZAP /// SIphotography, Ciklamen, Simply / Depositphotos

Escolhem a dedo casas vazias para arrombar e ocupar. Conhecem as leis e como contorná-las para se manterem nelas por longos períodos. E têm até um “manual do okupa” com os melhores truques e táticas para ter sucesso na sua invasão.

O problema das ocupações ilegais de residências, que começou em Espanha e França, preocupa cada vez mais europeus, e há até máfias que fazem negócios com as muitas propriedades vazias que existem habitualmente nas zonas turísticas.

A ocupação de habitações vazias, muitas vezes usadas pelos seus legítimos proprietários como residências de férias, foi-se tornando cada vez mais sofisticada e difícil de contrariar.

Inicialmente, os okupas limitavam-se a arrombar a casa vazia e tomar posse desta — por vezes, dando-se ao luxo de disso se gabarem no TikTok.

Mais recentemente, apareceu o fenómeno dos inqui-okupas: inquilinos que fazem um contrato, pagam o primeiro mês de renda, deixam de a pagar — e nunca mais largam a casa.

O problema, que já chegou a Portugal,  e até ao pub de Gordon Ramsey em Londres, é particularmente grave em Espanha — e continua a crescer.

Dados recentes do Governo espanhol apontam para cerca de 15 mil casos de ocupação ilegal de imóveis, mas as associações de pequenos proprietários calculam que esse número possa chegar aos 80 mil.

Segundo o jornal espanhol The Local, os okupas conhecem frequentemente o funcionamento da lei espanhola, e usam determinados métodos para localizar possíveis casas para arrombar e ocupar  — e depois fornecer os documentos que lhes permitem permanecer na propriedade a longo prazo.

Estes invasores têm uma compreensão apurada do que podem fazer e como safar-se enquanto atrasam a aplicação das medidas legais movidas pelos proprietários — tática facilitada pelo complicado sistema legal espanhol.

O governo espanhol introduziu recentemente medidas para acelerar os chamados ‘despejos expressos‘, mas tais medidas trouxeram poucos resultados práticos até agora — e invasores criativos estão a encontrar novas formas de contornar a lei.

Relatórios dos meios de comunicação espanhóis sugerem que o movimento okupa criou mesmo algo como um ‘manual do invasor‘ — que ajuda os potenciais okupas a identificar propriedades vazias e truques legais para prolongar a sua estadia.

Este “guia do invasor” ensina métodos para contornar fechaduras, portões e cadeados, bem como torná-los inutilizáveis para que o proprietário não consiga recuperar a entrada na propriedade.

Uma vez no interior da residência, os invasores bloqueiam a fechadura por dentro através de soldadura a frio ou cola, com o objetivo de impedir a polícia de entrar.

O truque da pizza

Os okupas usam uma variedade de truques para, antes de mais, ganhar entrada na propriedade que pretendem invadir. Um destes é o truque da pizza, conforme explica o advogado imobiliário espanhol Miguel Ángel Mejías no jornal ABC.

Segundo Mejías, este método é geralmente usado em segundas habitações. Dias ou semanas antes de entrar na casa, os invasores encomendam pizza para a morada da propriedade que planeiam ocupar. Como ainda não ganharam acesso à propriedade, recolhem-na na porta da frente e guardam o recibo.

Este recibo torna-se então suposta ‘prova de residência’, e após algumas semanas ou meses, “quando o proprietário se apercebe de que a sua casa está ocupada e chama a polícia, os invasores apresentam os recibos da pizza — juntamente com um contrato de arrendamento falso“, explica Mejías.

Com a apresentação destes documentos, independentemente de serem falsos, já não é considerado um flagrante delito — e a polícia não pode tomar ação imediata.

“Sem um delito flagrante, a polícia não os pode despejar imediatamente, o que força o proprietário a tomar ação legal junto da justiça” — atolando-os num processo longo e arrastado, acrescenta Mejías.

Como os invasores identificam propriedades vazias

Os okupas têm várias formas de identificar propriedades vazias, algumas simples, outras mais sofisticadas que demonstram uma apurada criatividade. Não falta imaginação aos invasores.

Marcar a porta

Um dos métodos mais simples, antigos e eficazes conhecidos pelos invasores é marcar uma porta com um pedaço de plástico junto à fechadura e verificar se o plástico lá está ao fim de alguns dias. Se ainda lá estiver, significa que ninguém entrou na propriedade e está vazia.

Este truque também também feito com uma pequena tira de cola ou silicone na moldura da porta. Se a porta não for aberta permanecerá intacta, o que diz aos invasores que ninguém entrou na propriedade e provavelmente está vazia ou é uma segunda habitação que está, portanto, madura para invasão.

O truque da água

Esta técnica é mais recente e foi alegadamente usada pela primeira vez no verão passado em Barcelona.

Envolve aceder ao abastecimento de água de um edifício e desligá-lo para testar propriedades ocupadas. Após alguns dias, o invasor regressa para verificar quais não foram ligadas novamente, sabendo que essas casas estarão quase certamente vazias.

Usar a força

Os invasores aproveitam qualquer janela ou varanda aberta para esgueirar-se numa propriedade, mas também não têm problema em usar força bruta se necessário. Pés-de-cabra são comummente usados para forçar portas, bem como berbequins, cortadores de vidro, martelos e outras ferramentas.

Como evitar invasores

Poderia dizer-se que depois de casa okupada, trancas à porta — mas nessa altura é tarde demais, e resta apenas recorrer à justiça — ou a empresas “antiokupas” que entretanto surgiram, especializadas em “convencer” os invasores a libertar a residência ocupada — muitas vezes com métodos também ilegais.

Assim, mais vale prevenir do que desocupar. A edição espanhola do Idealista publicou um guia para proprietários que ajuda a evitar que os okupas ganhem acesso à sua habitação, e deixa três conselhos em particular:

Limitar informação

Os invasores procuram informação sobre as propriedades que querem ocupar: pesquisam online anúncios que indicam que a propriedade está à venda ou para arrendar, mas desocupada. Podem também falar com vizinhos e fazer perguntas para avaliar se pode ser ocupada.

Assim, é de evitar publicar anúncios que digam que a propriedade está vazia, bem como ter placas “à venda” a assinalar a propriedade.

Câmaras de segurança e alarmes

Os invasores fazem rondas para monitorizar propriedades, verificando se há câmaras de segurança e onde estão localizadas. Uma casa sem qualquer vigilância é um alvo apetecível.

Assim, ter câmaras de CCTV ou um sistema de alarme é a melhor opção para proteger a sua propriedade. Se os invasores forem apanhados no ato de entrar na propriedade, podem ser removidos imediatamente — evitando um longo processo legal para recuperar a propriedade.

Ajuda dos vizinhos

Os okupas passam normalmente longos períodos a observar se há pessoas a entrar e sair de uma dada propriedade — por exemplo, se tem jardineiros, ou se os vizinhos passam por perto e a conseguem ver a caminho de casa.

Uma das formas de dissuadir os okupas de escolher uma propriedade é pedir a vizinhos de confiança que passem de vez em quando à porta da casa.

Estes pequenos truques não impedem um okupa motivado de invadir uma propriedade — mas, entre uma casa com câmaras, alarmes, e vizinhos dedicados, e uma outra que não os tenha, o okupa vai provavelmente escolher a segunda.

ZAP //

5 Comments

  1. Não há nada como uma boa empresa anti- ocupas. Esqueçam a porcaria da justiça que não resolve nada.
    Passar uma mãozinha pelo lombo dos ocupas faz milagres!?

  2. Voto nas Brigadas anti-oKupas, não se esqueçam que as leis protegem sempre os bandidos……ficas meses/anos à espera que a justiça te devolva o que é teu, etc,etc; pagas 3 a 5 mil euros e numa semana assunto resolvido!

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