Empresa espanhola “Antiokupas” já faz despejos em Portugal. MP está a investigar

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Antiokupas Group / Facebook

A empresa é contratada por senhorios que querem despejar inquilinos com rendas em atraso ou “ocupas”. A PSP descreve a sua atuação como ilegal e o Ministério Público está a acompanhar a situação.

Uma empresa espanhola, formada por ex-militares, antigos polícias e seguranças privados, instalou-se em Portugal para expulsar inquilinos com rendas em atraso ou “ocupas” de habitações. Conhecida como Antiokupas Group, a empresa cobra entre três e quatro mil euros por intervenção e já realizou sete despejos em solo português no último mês. Embora defenda a legalidade das suas ações, a atuação do grupo está agora a ser analisada pelo Ministério Público.

Na segunda-feira passada, três homens vestidos de preto, com bonés e o rosto tapado, bateram à porta de uma casa em Lisboa para avisar a inquilina de que tinha de abandonar a habitação em 24 horas. A intervenção foi documentada em fotografias nas redes sociais do Antiokupas Group, que exibe imagens promocionais com homens a arrombar portas e a algemar pessoas.

Rafael Sánchez, um dos fundadores da empresa, garantiu ao Jornal de Notícias que, apesar da ameaça de uso da força, as saídas são normalmente “resolvidas por acordo”. “Procuramos sempre o diálogo e damos alguns dias para a pessoa abandonar a casa voluntariamente”, explicou. Sánchez sublinha que, em Espanha, a empresa já enfrentou processos judiciais interpostos pelos inquilinos ou ocupantes das casas, mas que todos foram arquivados ou resultaram em absolvições.

Contudo, a PSP destaca que as desocupações de imóveis em Portugal são exclusivas das autoridades judiciais e policiais. “A atuação de empresas privadas é vedada e constitui crime”, avisa fonte oficial. Fora de flagrante delito, estes casos implicam o levantamento de autos de notícia criminal. Em flagrante delito, a polícia pode deter os envolvidos.

O Ministério Público confirmou que está a “analisar os factos que têm vindo a público”, embora, segundo a Procuradoria-Geral da República, não tenha recebido sinalização formal ou denúncia direta dos magistrados até ao momento.

A empresa, que tem sede em Marbella, Espanha, e opera em toda a Península Ibérica, afirma que não está ligada a qualquer ideologia política e que apenas presta um “serviço necessário à comunidade”.

Fundada por Rafael Sánchez e José Jairo Rodríguez, o Antiokupas Group reclama ter realizado já 3800 desalojamentos ao longo de 5 anos de atividade. A procura deste tipo de serviços tem aumentado nos últimos anos devido à crescente crise de habitação em Espanha, que tem levado ao crescimento do fenómenos dos “ocupas” e da “inqui-ocupação”.

ZAP //

15 Comments

  1. Aqui é tudo ao contrário, em vez de irem rapidamente atrás dos “ocupas” tentam de imediato limpar o grupo ilegal que os despeja. Como se ocupar casas dos outros não fosse ilegal, a PSP nem vai logo atrás deles.

    • Não confunda as coisas ! Se há ocupas ilegais é por causa dos proprietários e das autoridades judiciais , não se pode tolerar que empresas privadas façam o serviço dos magistrados e da polícia , imagine o caos se todos recorressemos a esses serviços de forma legal , era a lei da bala e do mais forte …

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      • “Se há ocupas ilegais é por causa dos proprietários e das autoridades judiciais”
        Não percebi esta parte: que culpa tem os proprietários pela ocupação ilegal de suas casas?

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      • Garanto que se lhe ocupassem a sua própria casa a opinião do sr. mudaria num piscar de olhos. Ou então concordaria que esperar anos na rua à espera de resolução seria aceitável e justo.

      • Onde é que os proprietário tem alguma culpa das sua próprias casas serem ocupadas? Onde é que o senhorio tem culpa quando o arrendatário não paga a renda?

        O problema é um despejo em Portugal demorar um ano, ou mais. Se tivessemos justiça a funcionar, não havia necessidade de intervenção de grupos privados.

        • UM ANO?! Isso é se tiveres sorte. Tive um inquilino (a casa era do meu avô, que já faleceu, foi ele que assinou o contrato) e esteve lá 6 anos sem pagar. Pelo meio meteu-se o COVID, o inquilino metia recursos atrás de recursos, chegou mesmo a levar o irmão que tinha deficiências físicas para o apartamento, para apelar à compaixão do juíz… deitou abaixo uma parede sem autorização, retirou janelas de madeira para substituir por PVC, tudo sem autorização. Quando voltámos a ter a casa de volta, estava irreconhecível… pelo meio, 36 mil euros rendas não pagas e 40 mil euros de prejuízo em obras.

          A realidade é muito diferente do que as pessoas andam por aí a defender dos inquilinos…

  2. Resumindo um grupo paramilitar estrangeiro composto por mercenários invade Portugal, usurpa as funções das Autoridades Judiciais e Policiais, e nada acontece, a situação torna-se mais grave com o silêncio e inoperância do Sr.º Presidente da República, Marcelo Sousa, e do Sr.º Primeiro-Ministro Luís Esteves.

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      • A PSP só faz alguma coisa a mando da Justiça, ao contrário de grupos paramilitares ilegais
        Quando a coisa correr mal, vão correr atrás do prejuízo, tal e qual como aconteceu com os seguranças das discotecas nos anos 80/90

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    • Ó Figueiredo, porque será que um grupo estrangeiro composto por mercenários invade Portugal e usurpa as funções das autoridades judiciais e policiais ?
      Será porque nem as autoridades judiciais nem as autoridades policiais fazem alguma coisa para resolver o problema ?
      Não acha que essa deveria ser a sua primeira preocupação ?
      Ou vc é daqueles que só entende se alguém ocupar a sua casa e quando é a dos outros está-se marimbando ?

  3. Ok. Vou criar uma empresa para algemar, deter e expulsar cidadãos estrangeiros de empresas privadas que atuam ilegalmente e criminosamente em Portugal. Se uma empresa estrangeira pode fazer isto em Portugal, está aberta a caixa de pandora para se poder fazer o mesmo contra estrangeiros. Já agora, qual é a posição do Chega e do governo sobre esta empresa espanhola e a sua actuação em Portugal? Silêncio? É que a conivência também é crime.

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  4. Se o o estado (comuna) não faz, alguém tem de o fazer. Haja respeito pela propriedade privada. Não estamos na Venezuela.
    Espero que estes ocupas fiquem bem” maltratados”, para não voltarem a repetir a gracinha. Vão trabalhar fdp.

  5. E experimentar ocupar a casa de algum politico ou amigalhaço e.vao ver que aceleram logo a desocupação por meios legais e policiais. Palhaçada.

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