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Orla costeira portuguesa perdeu 100 hectares em nove anos

claireandre / Flickr

A secretária de Estado do Território e da Conservação da Natureza revelou que a linha de costa portuguesa perdeu 100 hectares nos últimos nove anos, uma conclusão do Programa de Monitorização da Faixa Costeira de Portugal (COSMO).

“O que o COSMO nos permite é perceber como está a evoluir a nossa linha de costa”, explicou Célia Costa em declarações à Lusa, adiantando que a faixa litoral portuguesa “perdeu 100 hectares” desde 2010.

O Programa COSMO é desenvolvido pela Agência Portuguesa do Ambiente e foi implementado em junho de 2018 e, um ano depois, deu esta quarta-feira a conhecer alguns dos resultados obtidos através da recolha de informação sobre a evolução das praias, dunas, fundos submarinos e arribas.

Um dos exemplos mencionados pela governante foram as praias a sul da Cova-Gala, na Figueira da Foz, no distrito de Coimbra, onde “se mediu um recuo na ordem dos 50 metros entre 2010 e fevereiro de 2019”.

O projeto também quantificou os impactos da tempestade Helena na Cova Gala, em fevereiro deste ano, onde a costa sofreu uma “erosão e perdas de 30 metros cúbicos por metro linear”.

A monitorização da orla costeira é feita através de fotografias aéreas e de trabalhos de topografia, o que permite ao Governo melhorar a sua ação “ao nível do planeamento, das ações de proteção e de gestão do dia-a-dia” no litoral português, mencionou a secretária de Estado.

Neste sentido, um dos maiores benefícios, de acordo com Célia Costa, é a possibilidade de se perceber a “batimetria dos 30”, ou seja, onde é necessária a alimentação artificial com areia.

“Conhecer essa curva do mar, onde temos essa profundidade e como joga ao longo da nossa costa é fundamental para perceber qual é o resultado das intervenções que temos programadas, que são os chamados ‘shots’ de areia, intervenções em determinadas zonas em que se pretende lançar um conjunto de metros cúbicos de areia e a partir daí perceber onde ficou depositada”, explicou.

O troço costeiro entre São Jacinto e a Costa Nova, em Aveiro, é um dos locais onde será necessária esta alimentação artificial, segundo uma apresentação fornecida pelo Ministério do Ambiente.

De acordo com o mesmo documento, o COSMO está também a efetuar um estudo sobre a batimetria entre Barra do Tejo, em Lisboa, e a Costa de Caparica, em Almada, no distrito de Setúbal, contribuindo para “otimizar estratégias de intervenção futura”.

Desde 11 de maio, também está disponível a plataforma COSMonline, onde se pode verificar o que está a acontecer na linha de costa, o que, na visão da governante é “fundamental”, por permitir a consulta de todos os cidadãos que tenham esse interesse.

O Programa COSMO envolve um investimento global de 3,6 milhões de euros e conta com o apoio comunitário do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR), até 2021.

Neste sentido, Célia Costa advertiu que é preciso “assumir o compromisso de dar continuidade” a este projeto de acompanhamento da orla costeira, até porque “a realidade é muito mais rica do que o que se pode prever” e a monitorização permite “fazer a revisão e adaptação dos instrumentos de trabalho”.

// Lusa

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