Esta segunda-feira, Andrés Manuel López Obrador, Presidente mexicano, pediu desculpa aos indígenas maias pelas “ofensas” cometidas desde a conquista espanhola, especialmente durante o período conhecido como Guerra das Castas, no século XIX.
O El País avança que Andrés Manuel López Obrador viajou até à Península de Yucatán para pedir desculpa aos povos maias pelos insultos históricos que sofreram, um evento simbólico que nenhum outro Presidente mexicano se atreveu a fazer.
“Aqui, por um imperativo de ética de Governo, mas também por convicção própria, pedimos as mais sinceras desculpas ao povo maia”, disse o dirigente máximo do país, salientando “os abusos terríveis cometidos por particulares e autoridades nacionais e estrangeiras na conquista durante os três séculos de domínio colonial, e nos dois séculos do México independente”.
O discurso do Presidente do México centrou-se na Guerra das Castas, entre 1847 e 1901, numa altura em que o México já era independente e em que governos – conservadores e liberais – massacraram os povos indígenas. Os maias dividiram-se neste período e estiveram de ambos os lados da barricada.
Obrador também evidenciou a violência cometida às ordens de Porfirio Díaz, o general que governou o país durante três décadas, entre os finais do século XIX e inícios do XX.
“Como durante o recente período neoliberal, durante o porfiriato, aprovaram-se as piores leis da colonização e ocorreram os piores massacres”, sublinhou. Mais do que se desculpar por todos os governos liberais e conservadores durante a guerra, López Obrador pediu perdão por Porfirio Díaz, seu inimigo na história política do México.
“Não podemos dizer que o presente é como o passado, vergonhoso, porfiriano”, disse. “Agora há liberdades, são públicas, notórias, expressam-se sem censura. E, acima de tudo, há uma nova vontade de fazer justiça ao povo, como nos tempos da revolução mexicana. É por isso que aqui estamos a pedir perdão e a afirmar que jamais esqueceremos os habitantes do México profundo.”
Muitos maias não deixam passar em branco o timing do pedido de desculpa, que acontece na mesma altura que o Presidente mexicano não abandona o seu megaprojeto Comboio Maia, contra a vontade de muitas comunidades indígenas e dos ambientalistas.