“O trambolhão é monumental”. Eleições em 2024 são ainda mais prováveis, diz Marques Mendes

António Cotrim / Lusa

O conselheiro de Estado e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes

Antigo líder dos sociais-democratas aconselhou Luís Montenegro a rejeitar qualquer possibilidade de entendimento com o Chega. 

Luís Marques Mendes considera cada vez mais provável a realização de eleições legislativas antecipadas após as eleições europeias, previstas para junho de 2024. A possibilidade ganha cada vez mais força com os resultados das sondagens mais recentes, que dão o PSD cada vez mais próximo do PS (e em alguns casos até à frente), mas também com o desgaste de um Governo que tem saltado de caso em caso.

“Até às eleições europeias de junho e 2024 não me parece provável haver antecipação de eleições. Ao contrário, já me parece haver uma forte probabilidade de eleições antecipadas no segundo semestre de 2024“, avançou o antigo líder do PSD e atual Conselheiro de Estado.

Na opinião do comentador, há três fatores que propiciam esta realidade. Primeiro, “uma derrota pesada do PS nas eleições europeias; segundo, “um continuado desgaste do Governo”; e, por fim, a ideia de que o País quer uma alternativa“.

Abordando especificamente a sondagem da Pitagórica, revelada na última semana e que dava o PSD a liderar as intenções de voto pela primeira vez em cinco anos, Luís Marques Mendes justificou o resultado com o facto de o país estar “muito zangado com António Costa”. “O trambolhão é monumental. Não é impossível recuperar, mas não vai ser fácil“, perspetivou.

A confirmar-se mesmo um cenário de eleições antecipadas, tal também iria motivar uma série de atos eleições, como talvez nunca se tenha visto em Portugal. “Eleições europeias em junho de 2024, legislativas antecipadas entre outubro e dezembro do mesmo ano, autárquicas em setembro de 2025 e presidenciais em janeiro de 2026. Tudo isto é cenário analítico, mas cenário com probabilidade de ocorrer.”

Este parece, por isso, um momento propício ao PSD de Luís Montenegro, que ainda na semana passada admitiu a possibilidade de pedir eleições antecipadas ao Presidente da República caso António Costa dê mostras de que não está à altura do momento. Mesmo assim, o antigo líder dos sociais-democratas deixou dois conselhos ao atual.

“O PSD precisa de aproveitar esta ‘viragem’ para apresentar causas ao país. Não tem de ser ainda um programa de governo. (…) No entanto, é preciso ter causas e iniciativas. Não chega reagir. É preciso agir.” Já o segundo conselho teve diretamente a ver com um dos eventos políticos do dia, o Chega e a sua convenção.

“A ideia ambígua de que, se ganhar eleições, o PSD pode fazer um acordo com o Chega, só beneficia o partido de André Ventura. À direita, dá um sinal de que votar num partido ou noutro é irrelevante, retirando assim voto útil no PSD. Ao centro, impede o PSD de conquistar eleitores moderados. O PSD tem vantagem em fazer o que fez a IL: “cortar” com o Chega.”

Sobre o tema da semana, a polémica em torno dos custos da Jornada da Juventude, o comentador elogiou o passo atrás dado por Carlos Moedas, mas recomendou às entidades envolvidas na preparação do evento que se coordenem através de um “comando único de execução”, algo que neste momento não existe.

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