Há gás do Big Bang preso na Terra (e todos os anos escapam dois quilos)

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Uma equipa de investigadores revelou recentemente que quase dois quilos de Hélio-3 vazam para fora da Terra todos os anos — uma indicação de que o nosso planeta se formou num nebulosa solar.

A investigação foi publicada no Geochemstry, Geophysics, Geosystems, em Março deste ano, e estudou a taxa de fuga de Hélio-3 para fora da terra através do seu manto e utilizou-o para estimar a quantidade total do isótopo que poderia estar no núcleo do nosso planeta.

De acordo com o Gizmodo, o Hélio-3 é um isótopo muito antigo de gás hélio — praticamente todo o Hélio-3 emergiu do Big Bang — embora alguns também venham do decaimento radioativo do trítio.

Mas o Hélio-3 primordial — o material que se sintetizava no rescaldo do Big Bang — terminou em nuvens de gás e poeira chamadas nebulosas que dão origem a estrelas como o nosso Sol e a planetas como a Terra.

“É uma maravilha da natureza, e uma pista para a história da Terra, que ainda haja uma quantidade significativa deste isótopo no interior da Terra”, diz Peter Olson, geofísico da Universidade do Novo México e autor principal do novo estudo, numa publicação da União Geofísica Americana.

Segundo Olson, os cerca de dois quilos de Hélio-3 que vazam anualmente para fora do planeta são “o suficiente para encher um balão do tamanho da sua secretária”.

Uma ideia fundamental acerca da origem do nosso sistema solar se formou é a teoria da nebulosa solar, segundo a qual uma nuvem de detritos rotativos se condensou, para formar o Sol e os planetas ao longo de milhares de milhões de anos.

Segundo a equipa de Olson, a maior fuga de Hélio-3 provém da chamada cumeeira meso-oceânica da Terra. Os investigadores acreditam que o Hélio-3 no núcleo do planeta se acumulou quando a Terra se encontrava nas fases iniciais da sua formação.

Os investigadores continuam incertos sobre quanto Hélio-3 o núcleo realmente adquiriu à medida que se formou e quanto se perdeu desde então.

Se encontrarem outros gases associados às nebulosas, como hidrogénio, emanando da terra em locais e taxas semelhantes ao Hélio-3, isso seria um sinal de que o hélio está de facto escondido no núcleo da Terra.

No total, a equipa calculou que poderia haver entre 1 milhão e 1 bilião de toneladas métricas de Hélio-3 no núcleo. Trata-se de uma enorme quantidade, mas Olson observou no comunicado que “há muito mais mistérios do que certezas”.

Independentemente da verdadeira quantidade, dizem os cientistas, a fuga de hélio dá credibilidade à teoria da nebulosa solar, segundo a qual o nosso Sistema Solar se terá originado há cerca de 4,6 mil milhões de anos a partir de uma vasta nuvem de gás e poeira.

Inês Costa Macedo, ZAP //

4 Comments

  1. Eu também vou soltando gás todos os dias….
    Se a Alemanha quiser para mitigar as importações de gás russo….
    A intolerância à lactose é lixada…

  2. Gosto destes artigos pseudo científicos cheios de certeza das redes sociais….foi um dos doutores engenheiros que vão a televisão falar sobre o COVID-22?! Três quilos por ano…. .

  3. Estar em confinamento presta-se à realização de actividades que noutras situações seriam completamente relegadas. Dois quilogramas de hélio-3 que se escapam para o éter por ano! Ora, como é que ninguém se lembrou de contabilizar antes? Uma descoberta ao nível da constatação de que em cinco pacotes de arroz todos têm quantidades de grãos diferentes.

  4. “Há gás do Big Bang preso na Terra (e todos os anos escapam dois quilos)”.
    Sendo este artigo de cariz científico é imperdoável usarem o termo “quilo” para designarem “quilograma”.
    “Quilo” é um prefixo de origem grega que significa 1000. Por isso há “quilograma”, “quilolitro”, “quilómetro”, “quilocaloria”…

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