Número 3 do ‘Podemos’ demite-se

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Juan Carlos Monedero, um dos fundadores do Podemos, juntamente com Pablo Iglésias

Juan Carlos Monedero, um dos fundadores do Podemos, juntamente com Pablo Iglésias

O secretário-geral do partido espanhol Podemos, Pablo Iglesias, anunciou esta quinta-feira que o até agora número três e cofundador do partido, Juan Carlos Monedero, se demitiu da estrutura executiva, onde era o responsável pelo programa partidário.

A demissão, que Iglesias disse hoje ter aceitado, surge horas depois de Juan Carlos Monedero ter admitido que se sente “desiludido” com a política e afirmado que o seu partido “começa a parecer-se” com as formações que quer substituir.

Monedero afirmou que, ao entrar “no jogo eleitoral” e ao moderar o seu discurso, o Podemos parece agora – ao contrário do que era ao nascer, em janeiro de 2014 – um partido da “casta”, a expressão que utilizam para denominar os partidos que se alternam no poder em Espanha.

“O contacto permanente com aqueles que queremos superar, faz com que às vezes nos pareçamos com os que queremos substituir. Isso é uma realidade”, afirmou numa entrevista radiofónica na Radiocable Juan Carlos Monedero, professor de Ciência Política e responsável pelo programa do partido.

Para Monedero, o “Podemos caiu neste tipo de problemas porque deixa de ter tempo para reunir-se com um pequeno círculo de apoiantes, porque é mais importante um minuto de televisão ou porque é mais importante aquele que dá mais à estratégia coletiva”.

“Estou convencido de que o Podemos tem de deixar de se olhar em espelhos que não são os seus e para isso temos de nos livrar das teias de aranha que representa a urgência da partidocracia”, disse hoje Juan Carlos Monedero.

Num ato público para apresentar o candidato do partido às eleições autonómicas da Comunidade de Madrid, Pablo Iglesias disse ter aceitado a demissão de Monedero e acrescentou que não partilha as reflexões do seu número três sobre uma eventual deriva do partido.

“Mas nem por isso deixam de ser enormemente valiosas. A crítica de Juan Carlos é importante para nós. Necessitamos de um Juan Carlos a voar e com muito mais liberdade para fazer o que faz melhor, que é pôr o dedo na ferida”, afirmou Iglesias.

No final da apresentação do candidato, Iglesias saiu sem responder às perguntas dos jornalistas.

No início do ano, Juan Carlos Monedero viu-se envolvido numa polémica devido a acusações de que usou 425 mil euros que recebeu de governos sul-americanos [por trabalhos de consultoria política] para financiar ilegalmente o seu partido.

Os restantes partidos – especialmente o PP (no poder) e o PSOE (oposição) – acusaram o Podemos de estar a ser financiado por governos de outros países, nomeadamente pelo governo Venezuelano de Nicolas Maduro e exigiram que Monedero mostrasse os trabalhos feitos para esses governos e a respetiva fatura, algo que até hoje não fez.

O Podemos nega ter sido financiado pelo governo de Nicolas Maduro, para o qual vários dos seus dirigentes prestaram serviços de consultoria.

/Lusa

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