Ventura tem um novo discurso para revogar o “irrevogável”

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Gregório Cunha / Lusa

Chega deve viabilizar o Orçamento sem conseguir nada em troca, tal como exigiu (várias vezes). Prioridade: evitar eleições antecipadas.

Muitos políticos e comentadores resumem o Chega a um partido do qual nunca sabe o que podemos contar. A posição oficial vai variando, as declarações contraditórias acumulam-se.

“Não é possível haver um diálogo produtivo com quem muda de opinião tantas vezes, com quem se transformou num cata-vento. Nem se mostrou à altura para estas negociações”, resumiu o primeiro-ministro Luís Montenegro.

Para quem tem essa visão, a mesma deve sair reforçada em breve: o discurso de André Ventura vai mudar outra vez.

O líder do Chega tinha exigido um referendo sobre a imigração em troca de viabilização do Orçamento do Estado; depois disse que ia votar contra o Orçamento do Estado, que seria irrevogável; depois revelou que o Chega não quer um acordo só para aprovar o Orçamento – quer um acordo de 4 anos, que se prolongue até ao fim da legislatura.

Mas, agora, o Chega já deve viabilizar o Orçamento do Estado sem conseguir nada em troca.

De acordo com o Observador, já está a ser preparada uma (nova) narrativa para revogar a tal decisão “irrevogável”. Porque a prioridade é clara: evitar eleições antecipadas.

“Justifica-se viabilizar”

O Chega deu um grande “salto” nas legislativas de Março, ao passar de 12 para 50 deputados, mas recuou muito nas europeias de Junho ao ter apenas 9,79% dos votos (pouco mais de metade do que conseguira três meses antes).

O Governo, inclusive através do próprio primeiro-ministro, já assegurou algumas vezes que não negoceia o Orçamento com o Chega. Mas Ventura prefere – agora – que não haja reacção por parte dos seus deputados.

“As declarações do Governo provam que eles querem mesmo ir para eleições e quanto mais eles quiserem isso mais nós queremos não ir. Cada vez mais se justifica viabilizar o Orçamento do Estado”, admitiu um alto dirigente do Chega.

“Se viabilizarmos o Orçamento do Estado, ganhamos dois anos e temos tempo para fazer trabalho de fundo no partido”, acrescenta outro responsável do partido.

O anunciado voto contra do Chega pode afinal transformar-se numa viabilização do Orçamento do Estado, num cenário em que o partido de André Ventura seria essencial – partindo do princípio de que o PS vai votar contra.

Adaptação

Ou seja, o Chega não vai ser o anunciado “verdadeiro partido da oposição” – passa a ser o partido que permitiu ao Governo aplicar o seu Orçamento.

É que, se votasse realmente contra e se fosse responsável por derrubar o Governo, André Ventura poderia perder o apoio de muitos milhares de eleitores: um partido de direita iria tirar do poder um Governo de direita.

Se o PS viabilizar, agradecemos porque poupa-nos aos custos do curto prazo e temos o que queremos de borla; se o PS não viabilizar, a situação exige medidas tácticas. A vida é para quem sabe adaptar-se”, comentou fonte do Chega.

Em resumo, o Chega deve viabilizar o Orçamento do Estado para ser recordado como o partido que “evitou uma crise política” – mas o que quer é evitar eleições agora.

E ainda há outra possibilidade, que não é assim tão improvável: PSD e CDS votarem contra o Orçamento do Estado. O documento pode passar na votação na generalidade mas depois, na especialidade, podem abundar as propostas aprovadas por PS e Chega, e não pelos partidos que apoiam o Governo. Aí, o cenário pode mudar muito.

“Para nós era ouro sobre azul passar agora e na especialidade não; seria o Governo a ficar mal na fotografia”, prevê fonte do Chega.

ZAP //

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4 Comments

  1. Os jornas quando falam do CHEGA até espumam de raiva… CALMA os senhores só tiveram cerca de 1.170.000 votos, essencialmente da classe trabalhadora deste País, não foi muito….
    E o PS2 está no seu melhor, quer ir a votos outra vez… espero que o sr Maserati lhe faça a vontade.

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  2. Em Itália o Governo liderado pela Sr.ª Presidente, Giorgia Meloni, tem dado aos Italianos um aumento massivo da emigração para o seu País, uma enorme subida do preço dos alimentos, impostos e mais impostos, e a supressão do direito à liberdade de manifestação.
    É isto que o Partido Chega pretende fazer mas não o diz, foi criado com esse objectivo, é uma fraude, um partido político situacionista e alinhado com o sistema político-constitucional ainda em vigor, que vai enganando os Portugueses ingénuos ou mais distraídos.

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