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Notas máximas nos exames nacionais quase duplicaram. 19 e 20 dispararam em 2020

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Rodrigo Antunes / Lusa

O número de alunos com nota 19 e 20 nos exames nacionais quase duplicou em 2020, ano atípico por causa da pandemia de covid-19, revelam dados do Júri Nacional de Exames avançados esta quarta-feira pelo jornal Público.

Os dados mostram que os exames nacionais deste ano mostram que são mais de 15 mil os alunos que registaram notas de 19 e 20, comparados com os 8.486 do ano passado.

Houve mais de 7.064 alunos a obter as notas mais altas da escala.

Especialistas ouvidos pelo Público explicam que estes números não espelham uma geração especialmente excecional, sendo antes fruto das medidas que foram tomadas pela tutela para minimizar eventuais efeitos provocados pela pandemia.

Neste ano, recorde-se, foram apenas submetidos a exame nacional os alunos que pretendem concorrem ao Ensino Superior, ficando os restantes dispensados destas provas. Além disso, foram implementadas regras diferentes do habitual a nível de classificação, havendo a possibilidade de o aluno escolher entre grupos de questões.

“Um olhar descontextualizado pode levar a pensar que estamos perante uma geração de alunos excecionais, mas uma leitura mais apurada revela outras questões”, alertou, em declarações ao mesmo matutino, o presidente da Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG), Adão Mendes.

Esta disciplina, que tem um historial de maus resultados em exames nacionais, foi a prova mais concorrida este ano: “A média de valores no exame nacional foi, desde o seu início (em 2006/2007), sempre próxima dos 10 valores e várias vezes negativa”, recorda.

Este ano, a média desta disciplina subiu 3,3 valores, fixando-se em 14.

“As explicações para estes resultados parecem revelar as opções tomadas pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) para mitigar eventuais constrangimentos decorrentes da pandemia”, acentua Adão Mendes, destacando duas das principais mudanças.

“A possibilidade de o aluno poder errar oito questões, sem penalização, traduziu-se numa medida determinante para a melhoria das classificações finais. Além disso, o exame foi resolvido apenas pelos alunos que o escolheram como possível prova de acesso”.

Aluno serão diferenciados pelas notas internas

Ouvido pelo mesmo jornal, o presidente da Sociedade portuguesa de Matemática, Filipe Oliveira, faz uma leitura destes resultados semelhante à de Adão Mendes.

Era fácil ter 19 ou 20 valores neste exame (….) A questão é saber se serão os alunos mais bem preparados que irão entrar nos cursos mais competitivos”, disse.

“Os bons alunos tiraram 19 ou 20 no exame, mas muitos alunos mais fracos também o conseguiram porque as perguntas que selecionam os estudantes não cumpriram o seu papel, já que eram opcionais”, explica. Resultado: “O que vai diferenciar os estudantes no acesso ao superior será a nota interna [dada pela escola]. Ficará à frente quem inflaciona as notas o que constituirá uma tremenda injustiça para os alunos que se esforçaram”.

A média do exame nacional de Matemática subiu quase três valores para 13,3.

Os números analisados pelo Público mostram que a distribuição das classificações evidencia qie a nota 19 foi a que registou uma maior frequência: alcançaram-na 4628 alunos dos 35.724 que realizaram a prova. E aos 20 chegaram 1399.

“Em ambos os casos Matemática A foi a campeã deste ano”, remata o jornal.

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