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NOS Alive: o problema dos bilhetes na Câmara de Oeiras. “São para quem merece”

José Sena Goulão / EPA

Público em concerto do NOS Alive 2023

Conflito de interesses? Isaltino Morais deu pelo menos 100 bilhetes a vereadores e deputados – os mesmos que ajudaram a promotora do evento.

O Festival NOS Alive começou nesta quinta-feira, com destaque para os Puscifer, The Black Keys e para os Red Hot Chili Peppers – estes últimos não convenceram muitos dos presentes.

Longe dos palcos, está a haver uma discussão à volta dos bilhetes que foram cedidos à Câmara Municipal de Oeiras.

O local do festival é o Passeio Marítimo de Algés, que fica em Oeiras. A Câmara apoiou a promotora do evento com 349 mil euros, isentando também a Everything is New de taxas para o evento.

Uma das contrapartidas foi receber 3.600 bilhetes. Mais de 3 mil foram sorteados e os restantes (pelo menos 100) foram oferecidos a todos os vereadores e deputados municipais. Dois por pessoa.

O jornal Observador destaca este caso, sublinhando que não houve bilhetes para todos os funcionários porque não chegavam para todos. Daí o sorteio, que permitia a participação de todos os funcionários da autarquia local e de outras autarquias.

O problema: possível conflito de interesses porque foram esses os deputados que votaram a favor do apoio financeiro e da isenção de taxas – sabendo que iam receber bilhetes a seguir.

Em reunião da Assembleia Municipal de Oeiras, a deputada da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, criticou esta oferta de ingressos a deputados que ajudam a promotora em votações.

A coligação acusou a deputada de populismo e não admitiu que fosse colocada em causa a “seriedade” dos alvos da deputada.

O presidente Isaltino Morais lançou outro tom na discussão: “É uma pura. É mais perigosa do que o Chega no populismo. A senhora deputada é o expoente do populismo. Vão vê-la em breve deputada na Assembleia da República. Está só aqui a estagiar”.

Na reunião seguinte, uma semana depois, o assunto voltou à mesa e Isaltino Morais quis explicar a distribuição dos bilhetes: “Isto é um problema para a Câmara Municipal porque toda a gente quer bilhetes e então decidimos que os bilhetes eram maioritariamente para funcionários da Câmara, que merecem”.

E descreveu o que se faz aos outros ingressos: “Os funcionários inscrevem-se no sorteio, registam-se lá e já sabem que cada um só pode receber 2 bilhetes. São 3 mil. Isto é como a habitação jovem: sai a quem calhar”.

Mas, ironizando, sugeriu que poderia entregar os bilhetes à deputada da Iniciativa Liberal, “para ela fazer a distribuição”.

A Câmara de Oeiras lembra ao Observador que distribui bilhetes desde a primeira edição do festival: “É uma oportunidade que a Câmara dá àqueles que estão o ano inteiro a trabalhar ao serviço do concelho para se poderem divertir”.

ZAP //

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