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Nobel da Literatura pode ficar cancelado durante mais de um ano

Greg Beadle, WEF / Flickr

Lars Heikensten, director executivo da Fundação Nobel

A dúvida sobre o Nobel da Literatura em 2019 permanece. O jornal britânico The Guardian reportou que “o prémio não vai ser atribuido em 2019 a não ser que se recupere a confiança depois do escândalo que assolou a academia sueca”.

Lars Heikensten, diretor executivo da Fundação Nobel, já tinha dito num Q&A no website da fundação que “o objetivo da Academia Sueca é tomar uma decisão no Prémio Nobel de 2018 e anunciá-lo juntamente com o Prémio de 2019. Esperamos que seja esse o caso, mas depende da capacidade da Academia Sueca restaurar a sua confiança”.

A questão está em “restaurar a confiança”, o que pode ser um pedido complicado que a Academia tem de atender. A Academia Sueca viu os seus membros ativos a serem reduzidos de 18 para 12 em abril de 2018, quando as acusações de assédio sexual contra a esposa de um dos membros levaram a uma chuva de demissões – incluindo a primeira mulher a ocupar o cargo de secretária permanente, Sara Danius.

Hoje, ainda com menos de 12 membros ativos e sem haver protocolo para preencher os lugares vazios dos membros que se demitiram, a Academia Sueca vê-se sem membros suficientes para se manter viva sem uma mudança radical.

Mesmo que para a seleção de um novo vencedor do Prémio Nobel da Literatura sejam precisos apenas 8 membros, a agitação gerada pelas acusações adiou o prémio para maio.

Mesmo que não tenha sido a primeira vez que a Academia se recusou a atribuir o prémio, foi a primeira vez que a razão para essa recusa tenha sido um problema interno. Devido ao atraso deste ano os amantes de literatura esperam ver dois vencedores do Prémio Nobel da Literatura em 2019.

Na entrevista de Lars Heikensten de 17 de maio, o diretor executivo da Fundação Nobel, tinha deixado dúvidas no ar em relação à capacidade da Academia em “pôr a sua casa em ordem, o mais cedo possível”.

Heikensten estava ciente de que a academia precisa de ter uma abordagem mais aberta para o conseguir. A forma como o júri decide o vencedor tem sido um segredo bem guardado ao longo dos anos, com os arquivos a serem abertos apenas 50 anos após a decisão ser tomada.

“A Academia Sueca deve ser capaz de divulgar quais as medidas concretas que estão a ser tomadas, e deve procurar ajuda externa para resolver os seus problemas”, disse Heikensten, acrescentando: “Entre outras coisas, precisam de reavaliar o cumprimento das suas regras de confidencialidade e de conflito de interesses”.

“A academia cultivou uma cultura fechada durante muito tempo, o que seria contestado uma vez ou outra. Acredito que, no fim, alguma coisa boa sairá desta situação, mesmo que não tenha sido esse o sentimento nas últimas semanas”.

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