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Nobel da Física 2016 premeia descoberta de segredos da matéria exótica no mundo quântico

Anders Wiklund / EPA

Os professores Nils Martensson, Goran K Hansson e Thomas Hans Hansson, da Real Academia das Ciências, apresentam o Prémio Nobel da Física 2016: David Thouless, Duncan Haldane e John Michael Kosterlitz

O prémio Nobel da Física 2016 foi atribuído esta terça-feira, a meias, a David J. Thouless, e a F. Duncan M. Haldane e J. Michael Kosterlitz, “pelas descobertas teóricas das transições das fases topológicas da matéria”.

A Real Academia das Ciências Sueca atribuiu metade do prémio ao escocês David Thouless e a outra metade aos britânicos Duncan Haldane e John Michael Kosterlitz.

“Os laureados deste ano abriram a porta para um mundo desconhecido onde a matéria pode assumir estados estranhos. Usaram métodos matemáticos avançados para estudar fases, ou estados, pouco habituais da matéria, como os supercondutores, superfluidos ou películas magnéticas finas”, pode ler-se no comunicado da Real Academia Sueca das Ciências.

Segundo o comunicado, os três cientistas britânicos “revelaram os segredos da matéria exótica no mundo quântico”.

“Matéria exótica” é um termo que se refere à matéria que de alguma forma se desvia do normal, apresentando propriedades “exóticas” que violam as leis da física, como por exemplo uma partícula que tenha massa negativa ou partículas cujas propriedades sejam compreendidas de forma incompleta pela ciência, como as da matéria escura.

“Graças aos seus trabalhos pioneiros, a caça agora é por novas e exóticas fases da matéria”, conclui o comunicado da Real Academia das Ciências.

O galardão atribuído deixa de fora outras apostas para o Nobel da Física deste ano, como as novas descobertas no campo das ondas gravitacionais e da matéria escura, assim como dos exoplanetas.

Os três cientistas de origem britânica, que realizam as suas pesquisas em universidades norte-americanas, descobriram novos estados de transição da matéria.

Contactado em direto pela academia durante a cerimónia de anúncio do prémio, Duncan Haldane mostrou-se “muito surpreendido e muito grato” pela distinção.

“Este trabalho foi realizado há muito tempo, mas agora há novas descobertas a acontecer baseadas nesse trabalho. Há muita esperança de que estes novos materiais tenham grande potencial”, disse o cientista, citado pelo JN,.

“Como em outras descobertas, tropeçamos nelas e nem nos apercebemos das implicações até que outras pessoas comecem a falar disso”, admitiu o físico britânico.

De acordo com o Observador, os cientistas galardoados estudaram “os supercondutores, os superfluidos e as finíssimas películas magnéticas”, com possíveis aplicações na eletrónica.

A temporada dos prémios Nobel 2016 começou esta segunda-feira com o anúncio do Nobel da Medicina, atribuído ao japonês Yoshinori Ohsumi pela descoberta do mecanismo de autofagia celular.

O Nobel da Química é anunciado amanhã, seguindo-se o Nobel da Paz (sexta-feira) e da Economia (dia 10). O Nobel da Literatura será atribuído no dia 13.

Os prémios Nobel, criados em 1895 pelo químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel (inventor da dinamite), foram atribuídos pela primeira vez em 1901.

O prémio Nobel corresponde a uma recompensa de oito milhões de coroas suecas, o equivalente a cerca de 834 mil euros.

ZAP

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